FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
O pneu do carro está gasto. O
motorista troca o pneu. O alarme de casa dispara. O morador vai verificar o que
está acontecendo. As pessoas sabem o que fazer quando recebem um alerta, mas
isso só funciona para as coisas. Quando o braço, punho ou ombro começam
a doer o mais comum é que as pessoas ignorem o sinal até que ele se transforme
em um diagnóstico: tendinite. E uma vez instalada, a doença torna-se difícil de tratar e, muitas
vezes, reincidente.
Apesar do quadro desanimador, da disciplina
necessária para lidar com o problema, a tendinite não é imbatível. Tem cura,
claro que tem. Isso é o que assegura o chefe do serviço de Ortopedia do
Hospital Villa-Lobos, Jorge Bitun.
"É a luta do mais fraco com
o mais forte. Se eu der um soco na parede, provavelmente, vou quebrar minha
mão. Se a minha mão não for mais forte que a parede nunca vou quebrar a
parede", exemplifica. Segundo ele, cada pessoa possui uma necessidade
diferente no que diz respeito à prevenção e
tratamento da tendinite e fatores como a profissão e o biótipo influenciam
nesta matemática. "É necessário adaptar o tendão para suportar o ritmo de
trabalho de cada um. Alguém que digita 500 palavras por minuto precisa fazer
uma musculação, alongar para deixar o tendão mais forte e assim suportar esse
ritmo", diz o ortopedista.
A recomendação deve-se ao fato de
que a tendinite nada mais é que uma sobrecarga dos tendões, estrutura que une o músculo ao osso.
Uma inflamação que está muito relacionada ao trabalho e que pode acometer
qualquer parte do corpo, mas que é mais recorrente nos ombros, punhos,
cotovelo, joelho e tornozelo. Pessoas que trabalham com computador devem ficar
atentas, pois os movimentos relacionados à digitação podem propiciar o
aparecimento de uma tendinite em longo prazo, mas toda atividade que envolve
movimento pode provocar uma sobrecarga no tendão.
Algumas empresas já fazem um trabalho de
ergonomia a fim de evitar lesões como a tendinite, no entanto, o especialista
do Hospital Villa-Lobos alerta que tais medidas não são suficientes. "Hoje
existe a orientação ergométrica, mas é um tempo muito pequeno, de dez, quinze
minutos. Então isso é muito mais por burocracia, do que por necessidade
física."
De acordo com o médico, o ideal é
fazer o exercício de alongamento e
fortalecimento do tendão por quarenta, cinquenta minutos, três vezes por semana.
No caso de pessoas que sofrem com tendinites reincidentes, Bitun recomenda uma
mudança de hábitos na rotina, principalmente no ambiente de trabalho. Caso
contrário, o tendão vai sofrer outro estresse, o que vai acarretar um novo
processo inflamatório, uma volta ao médico, ao tratamento com
anti-inflamatórios e fisioterapia.
Matricular-se em uma academia pode ser um
bom começo para quem já enfrentou ou quer evitar a tendinite. E isso não deve
ser pensado como despesa, mas como um investimento. "Em uma academia você
gasta 150 reais por mês. Em um fim de semana que você vai comer pizza com sua
família, você gasta a mesma quantia. Mas os gastos com pizzaria você não põe no
papel. O cuidado com a saúde, sim", ressalta o ortopedista.
Ele lembra ainda que a prevenção continua
sendo melhor do que qualquer medicamento ou receita e alerta para a importância
de ouvir os sinais que o corpo dá. "Ninguém que está dormindo e toca o
alarme na casa dele, desliga o alarme e fala que está muito barulho, que quer
dormir. Com a dor a primeira coisa que a gente faz é desligar o alarme do
corpo", avalia.
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