FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
O estudo “Percepções dos Homens Sobre
a Violência Doméstica contra a Mulher” mostra que 41% dos brasileiros (homens e
mulheres) conhecem ao menos um homem que foi violento com sua parceira (atual
ou ex). Perguntando diretamente aos homens se já tiveram esse tipo de atitude,
apenas 16% admitem que sim(isso representa 8,8 milhões de
homens).
No entanto, ao se listar algumas atitudes que são entendidas como
violência doméstica, sem dar essa explicação aos homens, 56% deles admitem ter
cometido ao menos uma dessas condutas.
Esses são alguns dos dados da pesquisa, realizada com
1.500 pessoas, de 50 municípios, nas cinco regiões brasileiras, entre agosto e
setembro de 2013, com o objetivo de captar percepções masculinas relacionadas à
violência doméstica contra a mulher e os estereótipos de gênero que contribuem
para a perenidade dessa violência. Os homens representam dois terços dos
entrevistados.
A ministra Eleonora Menicucci, da
Secretaria de Políticas para as
Mulheres da Presidência da República (SPM-PR),
chamou atenção para a necessidade de mobilização social para além dos
16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres e ressaltou a
colaboração do Instituto Avon com o governo federal.
Menicucci falou sobre as ações do governo federal para
o enfrentamento à violência de gênero. Citou a sanção da
Lei 12.845/13, pela presidenta Dilma Rousseff, que torna obrigatório o
atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às vítimas de violência sexual e o
programa ‘Mulher, Viver sem Violência’, da SPM, que aloca investimentos em
várias áreas, inclusive, a transformação da Central de Atendimento à Mulher –
Ligue 180 em disque-denúncia.
O presidente da Avon Brasil, David
Legher, salientou o trabalho da SPM nas políticas para enfrentamento à
violência contra as mulheres e formulação da Lei Maria da Penha. Conclamou o
público para a eliminação da violência de gênero. “Ainda estamos longe de poder
resolver aqui no Brasil, mas não só no Brasil, no mundo. Temos pesquisa de que
uma em cada três mulheres no mundo já sofreu violência doméstica. Por isso, a
campanha se chama Fale sem Medo”, apontou.
Mobilização social.
Schuma Shumaher,
coordenadora-executiva da Rede deDesenvolvimento Humano (Redeh),
exibiu um dos clipes da segunda fase da campanha ‘Quem Ama Abraça – Fazendo Escola’, voltada à
mobilização de crianças
e adolescentes. O filme estrelado por cantoras e cantores de funk, hip hop e pop
pretende engajar a juventude no apoio às mulheres em situação de violência,
além de prevenir comportamentos violentos e esclarecer sobre direitos e
cidadania.
“A campanha conta com a parceria excepcional do Instituto Avon e da SPM,
dando a maior importância para as políticas públicas. Queremos construir uma
onda nesse país, uma onda de enfrentamento. Sabemos que ninguém nasce violento,
mas aprende. E o que queremos é que as pessoas aprendam e a gente possa formar
cidadãos e cidadãs com outro entendimento de ser mulher nesse mundo”, explicou
Schuma.
Novas facetas.
A presidente do Instituto Avon,
Alessandra Ginante, retomou o objetivo da pesquisa como
revelação de novos dados da cultura patriarcal e sexista que desencadeiam
comportamentos e atitudes violentas contra as mulheres. “A pesquisa tem foco
diferenciado, não apenas para vermos estritamente como vilões, mas por ele ser
um protagonista e entendê-lo. Ao longo do tempo, a gente fortaleceu várias
parcerias com a SPM. Por meio da Secretaria, contatamos a Redeh e sua campanha
Quem Ama Abraça”, contou.
A secretária municipal de Políticas
para as Mulheres de São Paulo, Denise Dau, convocou ampla rede de parceiros
para combater a violência de gênero. “A política completa é a
estruturação da rede de enfrentamento. Por isso, a criação de Secretarias de
Políticas para as Mulheres nas cidades e nos estados é muito importante. Mas só
isso não basta, é preciso a participação da sociedade, das pessoas, das
instituições e das empresas no enfrentamento à violência contra as mulheres”,
reiterou.
Na apresentação da pesquisa, Renato Meireles, sócio-diretor do Instituto
Data Popular, alertou as diferentes facetas da violência e os papéis de gênero.
“Para 60% das pessoas, o adulto mais bravo na infância era o pai; e para 74%, o
adulto mais carinhoso na infância era a mãe. Em outras palavras, estamos
dizendo que as atitudes de carinho são da mãe, e as de raiva, do pai”. E
sentenciou: “Muitos homens ainda concordam com o perfil tradicional do machão:
85% dos homens não acha aceitável uma mulher ficar bêbada. E 89% não aceitam
que a mulher não mantenha a casa em ordem”.
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