FONTE: Kelly Cerqueira, TRIBUNA DA BAHIA.
O atendimento precário e o acesso restrito
a instituições hospitalares capacitadas tornam o norte e o
nordeste as regiões campeãs em incidência de mortes por infartos do miocárdio e
doenças do coração em geral. Esta é a constatação da pesquisa realizada
nos últimos dois anos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em todos
os estados brasileiros. No total, 150 centros de pesquisa foram instalados no país, espalhados em hospital públicos
e privados, onde informações de 15 mil pacientes foram tabuladas permitindo
traçar o perfil das vítimas destes tipos de doenças.
De acordo com o estudo, a
população das regiões norte e nordeste morre duas a três vezes mais do que quem
vive no sul e sudeste. “Isso é explicado, entre outros fatores, pela melhor oferta de atendimento médico nas regiões sul e sudeste em quantidade de UPAS e na
distribuição gratuita de medicamentos para aqueles que ainda estão em
tratamento de recuperação”, explica o presidente da SBC e superintendente do
Hospital da Bahia, Jadelson Andrade. Ainda segundo ele, nas regiões situadas
mais ao sul do país o diagnóstico das doenças do coração é descoberto mais
cedo.
O ranking de regiões segue da
mesma forma quando o assunto é o tratamento das
doenças do coração. Sobre este quesito, a pesquisa aponta que os pacientes
nortistas e nordestinos abandonam o tratamento pós-infarto mais cedo, o que
acarreta na reincidência da doença. “Na verdade esta é uma realidade que
acontece em todo o país, mas, mais uma vez, a maior incidência se dá nas
regiões norte e nordeste, por conta da pouca disponibilidade dos remédios no
sistema único de saúde”, continuou o médico cardiologista.
Para mudar a
realidade em todo o país, que atualmente tem 500 mil mortes por ano por conta
de problemas no coração,
a SBC encomendou a pesquisa que será repassada ao Ministério da Saúde para a elaboração de políticas públicas que mudem o quadro da doença e melhorem a vida
dos brasileiros. Nas regiões onde a incidência do infarto do miocárdio é mais recorrente, a SBC tem intensificado as ações de
divulgação sobre a importância da prevenção e do tratamento do problema,
através de simpósios e elaboração de cartilhas informativas distribuídas
gratuitamente.
Simpósio.
Apresentar os impactos dos registros da pesquisa na prática clínica é o principal objetivo do encontro que
acontece no Bahia Othon Palace Hotel a partir de hoje (5), com duração até o
próximo dia 7. O IV Brasil Prevent & II Latin American Prevent, reunirá
grandes nomes da cardiologia mundial e vai abrir espaço para a realização do
VII Simpósio Hospital da Bahia/Sírio Libanês, evento que ocorre no dia 6.
O simpósio é um convite aos
médicos para estarem mais atentos com os pacientes sobre a importância da prevenção diária e
dos cuidados em relação ao tratamento das doenças do coração. “As pessoas devem
saber que evitando fatores de risco como fumar, consumir muito sal, não fazer
exercício físico, não controlar o peso e não seguir o tratamento correto com a
medicação prescrita, nos casos de quem já foi diagnosticado, a possibilidade de
apresentar problemas relacionados ao coração é reduzida”, explica Andrade.
Ainda segundo ele,
estudos anteriores apontam que a ascensão financeira e a melhoria de vida das
classes C e D estão influenciando negativamente na qualidade da saúde destes
perfis. Conforme dados desta pesquisa, que também apresenta o norte e o
nordeste como líderes nas constatações, estas classes estão mais consumistas em
relação à alimentação inadequada, além de terem adotado estilos de vida mais
sedentários, comportamentos que elevam os riscos de ocorrências de doenças
cardiovasculares.
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