Três cidades
brasileiras (Fortaleza, Natal e Recife) que serão cenário de jogos da Copa do
Mundo têm um risco maior de sofrer um surto de dengue do que as outras nove
sedes, destacou um estudo científico divulgado no sábado (17).
Em termos absolutos, o
risco é baixo em todas, mas é comparativamente superior nas três cidades do
Nordeste e as autoridades deveriam tomar medidas, afirmam os encarregados do
estudo publicado na revista de medicina britânica The Lancet.
A doença é
transmitida pela picada do mosquito Aedes Aegypti, causa febre, dores
de cabeça e musculares e, em casos extremos, pode causar morte por hemorragia.
No Brasil, é um mal endêmico, e mais de 570 pessoas morreram vítimas da doença
em 2013.
Os autores do artigo,
uma equipe de cientistas europeus e brasileiros, chefiados por Rachel Lowe, do
Instituto Catalão de Ciências do Clima de Barcelona, examinaram dados de
diversas fontes para identificar as áreas de risco.
Eles estudaram os
padrões climáticos de quatro agências meteorológicas, em particular os dados
sobre chuvas, que têm grande influência na procriação do mosquito.
Depois, compararam
com os dados sobre surtos de dengue dos últimos 13 anos, no mês de julho, em
553 "microrregiões" do Brasil, inclusive nas 12 sedes da Copa.
Finalmente, levaram em conta os elementos que caracterizam o desenvolvimento de
um surto de dengue.
Os mosquitos levam de
7 a 14 dias para se tornar vetores do vírus, o qual contraíram após picar uma
pessoa doente. E quando o inseto pica outra pessoa, o vírus precisa de quatro a
sete dias de incubação.
Os visitantes não
costumam ficar mais de duas ou três semanas na mesma cidade, o que significa
que nesse momento já se estaria gestando um surto que poderia afetar o mês de
junho.
Cálculo de
riscos.
"Nossas
previsões para junho mostraram que o risco era baixo nas cidades-sede de
Brasília, Cuiabá, Curitiba, Porto Alegre e São Paulo", destaca o artigo.
"O risco era
intermediário no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Manaus. Os alertas
de alto risco saltaram nas cidades do Nordeste de Recife, Fortaleza e
Natal", prossegue.
"Os esforços
para reduzir o impacto e a severidade da dengue teriam de se concentrar nestas
cidades", sugere o estudo.
Uma medida que pode
ser aplicada é fumigar os locais de procriação dos mosquitos, principalmente em
água parada.
De qualquer forma,
"o risco será, provavelmente, baixo nas 12 cidades-sede", insistiu
Lowe, em declarações enviadas por e-mail.
Oitenta por cento das
pessoas infectadas com o vírus não desenvolvem sintomas, mas 5% ficam doentes
e, para 1%, a doença pode ser mortal.
Neste século, o
Brasil registrou mais casos de dengue do que qualquer outro país do mundo -
mais de 7 milhões entre 2000 e 2013, completa o estudo.

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