FONTE: iG – Deles, TRIBUNA DA BAHIA.
É clássico: o macho estivador senta-se na mesa
e começa a colocar colheradas (porque colher leva mais comida do que um pobre
garfo) do tamanho de bolas de tênis na boca. Não dá cinco minutos e ele já está
preparando o próximo prato de ogro faminto.
Esse é finalizado mais rapidamente do que o
primeiro e o glutão parte para cima da sobremesa – bolo de doce de leite. Três
pedaços caprichados. Quando termina a refeição, em doze minutos contados,
começa a se sentir levemente pesado. Depois de um tempo observa a barriga
delicadamente maior do que de costume e se pergunta se não poderia ter pegado
mais leve. “Ah, mas agora já foi”, pensa, e toma um Engov para evitar a má
digestão – porque ela está vindo e vai ser brava.
Apesar de ser hábito de muitas
pessoas, comer rapidamente não é uma boa ideia. Assim como fazer as refeições
assistindo televisão, lendo um livro, estudando ou qualquer outra coisa que não
lhe permite prestar atenção na comida que
está sendo ingerida. Quantas vezes você já não ouviu dizerem que, para uma
alimentação saudável, devemos mastigar trinta vezes antes de engolir? Pois
saiba que isso confere.
O número não precisa ser exatamente
esse: trinta. Quem vai dizer o momento ideal de escorregar a comida pela
garganta é você. Os alimentos têm consistência diferente e a quantidade de
comida numa garfada ou colherada varia de pessoa para pessoa. Portanto não
existe um consenso quanto ao número. Conforme você for mastigando vai
percebendo que o conteúdo vai se transformando numa papa. Quando deixar de conseguir diferenciar
um alimento do outro é hora de mandar tudo para o estômago. As porções de
comidas levadas à boca devem ser pequenas, caso contrário não terá espaço
suficiente para fazer a mistura dentro da cavidade oral.
Mastigar mais devagar vai fazer com que você
preste mais atenção ao que está comendo e é bem provável que comece a sentir
mais o gosto dos alimentos. Mais consciente, você vai perceber a hora certa de
engolir, a hora certa de dar uma pequena parada e esperar que o bolo alimentar
desça do esôfago para o estômago e, principalmente, a hora certa de parar de
comer.
O cérebro precisa de cerca de 15
minutos para receber as mensagens do hormônio PPY, que é relacionado à
saciedade e nos informa quando já recebemos uma quantidade satisfatória de alimento.
Ou seja, no caso das pessoas que comem “a jato” o cérebro não tem tempo o
suficiente para captar essa informação, e quando o órgão começa a fazer isso o
cara já está no segundo prato.
Por isso que às vezes dá a impressão de que você ficou cheio de repente. Na verdade, no primeiro prato você já tinha comido o suficiente e, se esperasse um pouco, perceberia que estava satisfeito. Passe a comer devagar e se surpreenda ao ver que na metade do prato já estará se sentindo saciado.
Mastigar rápido está associado à
obesidade – quem come em menos tempo come mais. Mas esse não é o único
malefício desse hábito – agindo dessa forma você pode estar deixando de
usufruir integralmente dos nutrientes que os alimentos oferecem.
Outra consequência negativa de quem é apressado na mesa é a má digestão.
A mastigação é a primeira parte do
processo de digestão. A enzima da saliva é responsável pela degradação do
amido, mas para isso precisa de um determinado tempo em
contato com o alimento para exercer essa função. Se mastigarmos muito rápido
não permitiremos que isso aconteça e o amido será digerido apenas no duodeno
(início do intestino). Se sentir empapuçado, enjoado ou ficar soluçando são
algumas manifestações físicas características de quem come inadequadamente.
O ato de se alimentar é extremamente
importante para a nossa saúde e, consequentemente, para o nosso bem-estar, e
não deve ser relegado ao segundo plano. Tirar, no mínimo, 30 minutos para as
suas refeições diárias é uma atitude inteligente que vai fazer diferença para o
bem. Pode acreditar, hombre.
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