FONTE: CLÁUDIA COLLUCCI & MONIQUE OLIVEIRA, DE SÃO PAULO (www1.folha.uol.com.br).
Um novo exame genético
que faz diagnóstico de nódulos tiroidianos e chega neste mês ao Brasil poderá
evitar a realização de cirurgias desnecessárias da tireoide.
Disponível nos Estados
Unidos desde 2011, o PEG (Perfil de Expressão Gênica) permite avaliar a
expressão de 167 genes a partir do material coletado numa punção do nódulo da
tiroide.
A análise da expressão
do gene identifica alterações não visíveis no exame citológico, teste usado
hoje para o diagnóstico. Esse exame identifica alterações na própria célula,
como núcleos maiores, e não as falhas na expressão do gene que levam às
alterações –como faz o PEG.

A avaliação genética
diagnostica com 95% de precisão se um nódulo é benigno. O desempenho do teste foi
publicado no "New England Journal of Medicine" em 2012.
Hoje, entre 15% e 30%
dos exames são inconclusivos. "Sem um resultado preciso, o médico só vai
saber se o nódulo é maligno ou não na cirurgia", diz Rosa Paula Mello
Biscolla, assessora em endocrinologia do Fleury Medicina e Saúde, que oferece o
teste. "Muitas das cirurgias de remoção da tireoide acabam sendo
desnecessárias."
Estudos mostram que
entre 60% e 80% dos casos o nódulo na tireoide removida na cirurgia era
benigno. Segundo o cirurgião oncológico Luiz Paulo Kowalski, é nesses casos que
o teste é útil.
Estima-se que o exame
pode reduzir o número de cirurgias desnecessárias em 90% nos pacientes que
tiveram o exame citológico com resultado indeterminado e passavam pela operação
sem, de fato, terem câncer.
Na avaliação do clínico
geral Gustavo Gusso, professor da USP, o teste está vindo para corrigir um erro
anterior: o excesso de ultrassonografias de tireoide sem necessidade.
"Ultrassom de
tireoide não deve ser feito como rotina por quem não tem queixas. Quase sempre
dá um nodulozinho e aí entramos numa 'cascata diagnóstica' [vários exames
complementares], com consequências psicológicas."
Para ele, se não
houvesse tanta ultrassonografia desnecessária, o exame genético "quase
perderia o sentido", porque seria usado por um número mínimo de pessoas.
A remoção da tireoide
implica fazer terapia de substituição hormonal pelo resto da vida. A glândula
produz hormônios importantes que regulam o metabolismo.
Na cirurgia, também
podem ocorrer lesão de nervo próximo à corda vocal, o que leva à rouquidão, ou
infecções por outras complicações do procedimento.
CUSTOS.
O novo teste pode também ajudar a cortar custos na área da saúde, segundo estudo da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins.
O novo teste pode também ajudar a cortar custos na área da saúde, segundo estudo da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins.
Projeções do estudo
mostraram que se o teste fosse utilizado universalmente nos EUA para pacientes
cujo teste inicial foi inconclusivo, seriam economizados US$ 122 milhões a cada
ano, com a redução de cirurgias. O programa nacional de seguro saúde dos EUA cobre
o teste.
No Brasil, o exame
custa R$ 9 mil na rede privada sem cobertura por planos de saúde. Com ele,
também há um risco de 5% de os tumores benignos serem, na verdade, malignos.
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