FONTE: RAFAEL GARCIA, DE SÃO PAULO (www1.folha.uol.com.br).
Uma nova técnica para
regeneração de tecido muscular devolveu parte dos movimentos a cinco
voluntários que se submeteram ao implante de um material derivado da bexiga de
porcos.
A "matriz
extracelular" do tecido daquele órgão foi capaz de restaurar até 20% de
músculos da perna de pacientes que haviam perdido entre 60% e 90% do volume.
Financiada pelo
Departamento de Defesa dos EUA e conduzida por pesquisadores da Universidade de
Pittsburgh, na Pensilvânia, o projeto teve seu sucesso inicial relatado em
estudo na edição de hoje da revista "Science Translational Medicine".
Três dos pacientes
tratados com a nova técnica eram militares, dois deles tendo sofrido acidentes
com bombas e o outro vítima de lesão por exercício. Os outros dois sofreram
acidentes de esqui.
Qualificaram-se para o
teste clínico apenas pacientes que já haviam passado por um período de
regeneração natural com fisioterapia, mas que não conseguiam progredir mais em
suas avaliações.
PREENCHENDO LACUNAS.
A "matriz extracelular" usada como enxerto era basicamente retalhos de bexiga do porco, com colágeno e outras proteínas, mas sem as células em si, que poderiam ser rejeitadas no transplante. O material já havia sido usado em cirurgias para curar hérnia abdominal e reconstrução de seios, mas só agora foi testada em músculos.
A "matriz extracelular" usada como enxerto era basicamente retalhos de bexiga do porco, com colágeno e outras proteínas, mas sem as células em si, que poderiam ser rejeitadas no transplante. O material já havia sido usado em cirurgias para curar hérnia abdominal e reconstrução de seios, mas só agora foi testada em músculos.
Moldadas para se
encaixar nas lesões, as matrizes foram implantadas cirurgicamente nos pacientes
após a extração da parte cicatrizada do músculo. Depois, eles foram submetidos
a um programa intenso de fisioterapia.
O mecanismo de ação da
nova técnica tem relação com células-tronco –aquelas que têm potencial para se
transformar noutras células– circulando livremente em pequenas quantidades no
sangue, afirmam os cientistas.
A matriz extracelular
que preenche a lesão do músculo começa a se decompor após ser implantada, e
isso atrai células-tronco para preencher a lacuna que vai sendo deixada
novamente. Estimuladas pela atividade intensa do músculo submetido a
fisioterapia, elas se transformam em células musculares e começa a recompor o
feixe de músculo afetado.
Um dos pontos cruciais
da nova técnica, dizem os autores, é eliminar o tecido de cicatrização que se
forma em torno do músculo lesionado.
"A abordagem que
adotamos é direcionada à utilização em qualquer lugar em que exista boa
cirurgia", disse Stephen Badylak, cientista líder do grupo que criou a
nova técnica, em entrevista coletiva. "Não é o tipo de coisa para ficar
restrita a instalações universitárias."
Vídeos com imagens dos
voluntários mostram a melhora em movimentos básicos como pular, agachar e
equilibrar o corpo.
Segundo o cientista, os
pacientes haviam sofrido suas lesões muito antes de passar pelo novo
procedimento. Isso foi necessário para provar que a técnica funciona além da
regeneração natural. A ideia no futuro, diz, é operar vítimas de lesões
recentes para tentar obter um prognóstico ainda melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário