FONTE: MARIANA VERSOLATO, EDITORA-ASSISTENTE DE CIÊNCIA+SAÚDE (www1.folha.uol.com.br).
Nesta semana, chega ao
país a primeira vacina contra o herpes zóster, doença causada pela reativação
do vírus da catapora com a queda da imunidade e que atinge principalmente
idosos.
O herpes zóster, também
conhecido como cobreiro, não causa a morte e é pouco frequente –aparece em
menos de 0,5% da população. Mas quem tem a doença passa por um sofrimento que
não é desprezível. Quando surge, o herpes zóster causa bolhas em algumas áreas
do corpo (geralmente no rosto, no pescoço e nas costas) e dores fortes. Na
maior parte dos casos, as lesões e as dores vão embora.
O problema, porém, são
as complicações que podem surgir após a doença. A mais comum é a neuralgia
pós-herpética. A dor, causada por uma inflamação de um nervo, torna-se crônica
e compromete bastante a qualidade de vida dos idosos.
O herpes zóster pode
ainda causar complicações nos olhos, infecções bacterianas graves nas lesões e
doenças como hepatite, pneumonite e meningoencefalite.
"Diante do
sofrimento de quem desenvolve o herpes zóster, a imunização é bem-vinda.
Vacinas não são exclusivas para crianças, o idoso também tem as suas", diz
Renato Kfouri, presidente da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações).
Como a doença é mais
comum na terceira idade, deve se tornar mais frequente no Brasil no futuro com
o envelhecimento da população, de acordo com Rosana Richtmann, infectologista
do hospital Emilio Ribas.
PARA QUEM.
A vacina, aplicada em
dose única, já está disponível há dez anos nos EUA e é oferecida em outros
países como Canadá, Reino Unido e Austrália. Mais recentemente, chegou ao
México, à Argentina e à Colômbia.
Segundo os CDCs
(Centros de Controle de Doenças) dos EUA, a vacina é considerada segura e não
há relatos de efeitos graves. Em 30% dos casos, pode ocorrer dor temporária no
local da aplicação e, mais raramente, dor de cabeça, febre e mal-estar.
Trata-se da mesma
vacina contra a catapora, com vírus vivo atenuado, mas com uma quantidade maior
de antígenos, já que a resposta imune de idosos costuma ser menor.
Na maioria desses
países, a vacina é indicada para pessoas acima de 60 anos. No Brasil, ela foi
aprovada a partir dos 50 anos.
Rosana Richtmann afirma
que a resposta imune é maior entre os 50 e os 59 anos. "Quanto mais as
pessoas aguardarem, menor será a proteção", afirma.
Já Rodrigo Lima, membro
da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, diz que
recomendaria a vacina apenas após os 60 anos, já que há mais estudos mostrando
os benefícios a partir dessa idade.
Também não há consenso
se pessoas que já tiveram herpes zóster devem tomar a vacina. Lima diz que é
muito raro que a pessoa tenha a doença novamente. Já Kfouri afirma que isso
pode acontecer.
Segundo os
especialistas, não há previsão da disponibilidade da vacina na rede pública.
"Os custos são elevados e seria preciso tirar recursos de outras áreas
prioritárias", diz Guido Levi, vice-presidente da Sbim. Além disso,
afirma, há um problema de disponibilidade, já que cada vacina contra o zóster
usa 14 doses da vacina da catapora.
"Em resumo, para
quem tem poder aquisitivo e não tem deficiências do sistema imune, a vacina
vale a pena", diz Lima. Mas ele faz a ressalva de que a duração da
imunidade não é muito longa –cerca de sete anos–, o que pode requerer uma dose
no futuro, e que mesmo quem for vacinado poderá ter zóster, já que a vacina não
garante proteção total.
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