FONTE: *** Jairo Bouer (doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
Quase todo mundo
acredita que “amanhã vai ser um dia melhor”. Segundo um estudo, até quem sofre
de depressão tem esperanças de que o futuro será melhor, embora essa crença
otimista nem sempre se concretize.
A pesquisa mostra que
adultos de meia-idade com histórico de depressão tendem a avaliar sua vida
passada e presente com um viés negativo. Mas esse pessimismo, curiosamente, não
costuma se estender às crenças sobre o futuro.
O principal autor, o
psicólogo Michael Busseri, da Universidade Brock, no Canadá, diz que esse
padrão de crença pode ser um fator de risco para depressão futura. Os
resultados foram publicados na Psychological Clinical Science, uma revista
da Associação para Ciência da Psicologia.
Ele e a coautora
Emily Peck, da Universidade de Acadia, também no Canadá, analisaram os dados de
uma amostra representativa de norte-americanos de meia-idade. Os participantes
haviam sido avaliados em duas ocasiões, sendo a segunda dez anos mais tarde que
a primeira.
Os relatos sobre a
satisfação com a vida foram classificados de 0 a 10 e incluíam opiniões sobre
passado, presente e futuro. Os participantes também foram avaliados quanto aos
sintomas de depressão.
Em comparação com
participantes não deprimidos, os que apresentavam sinais do transtorno
relataram níveis mais baixos de satisfação com a vida em todos os períodos. Mas
ambos os grupos acreditavam que a vida se tornaria mais satisfatória com o
tempo.
Observando as
trajetórias dos entrevistados, os pesquisadores viram que indivíduos que não
sofrem de depressão tendem a ter aumentos lineares de satisfação com a vida em
cada período de tempo. Ou seja: eles acham que são mais satisfeitos do que eram
no passado, e que serão mais ainda no futuro.
Já os deprimidos dão
notas baixas e semelhantes para o passado e para o presente, mas há um salto
quando falam sobre o futuro, mostrando que eles acreditam que há “luz no fim do
túnel”. Esse padrão também foi associado a um risco maior de depressão dez anos
mais tarde, segundo os pesquisadores.
Para Busseri, os
resultados ensinam que essa visão subjetiva sobre a vida é um ponto importante
para ser trabalhado pelos terapeutas com pessoas que sofrem ou correm risco de
depressão.
Ele acredita, também,
que profissionais de saúde mental devem ajudar seus pacientes a desenvolver
metas concretas e planos realistas para alcançar, de verdade, um futuro mais
satisfatório, em vez de apenas acreditar nele.
Sobre o autor.
Jairo Bouer é médico formado
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com residência em
psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. A partir do seu trabalho no
Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas da USP (Prosex), passou a focar
seu trabalho no estudo da sexualidade humana. Hoje é referência no Brasil, para
o grande público, quando o assunto é saúde e comportamento jovem, atendendo a
dúvidas através de diferentes meios de comunicação.
Sobre o blog.
Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões
sobre saúde, sexo e comportamento.
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