FONTE: Lucy Brandão Barreto (lucy.barreto@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.
32% das pessoas
com nome na lista de devedores são solteiras, 9% são separados e divorciados e
25% viúvos.
O casamento pode ser um dos fatores que pesam sobre a
saúde financeira dos brasileiros. É isso que mostra a pesquisa sobre o perfil
do inadimplente da SCPC Boa Vista. De acordo com o levantamento, 57% das
pessoas com pendências financeiras são casadas ou estão em união estável. Os
solteiros representam 32% das pessoas com nome na lista de devedores.
Separados e divorciados, 9% e viúvos, 2%. Segundo o
diretor de Marketing e Sustentabilidade da Boa Vista SCPC, Fernando Cosenza, a
queda na participação dos mais jovens ou solteiros na inadimplência vem
aparecendo nos últimos trimestres.
“Antigamente, os mais jovens eram mais classificados como
inadimplentes por serem mais irresponsáveis e consumistas. Isso já foi verdade
há alguns anos, mas hoje a pressão que a inflação exerce sobre os orçamentos
das famílias acaba criando outro cenário”, explica ele.
O argumento é reafirmado por outro dado do mesmo estudo,
que aponta que 72% dos inadimplentes se declaram “chefes de família” na casa
onde moram.
Motivos.
Fernando Cosenza esclarece que o brasileiro está tendo
uma dificuldade maior para gerenciar seu orçamento em razão da inflação,
persistentemente no teto da meta do governo, que é puxada por categorias de
produtos ou serviços que impactam diretamente as famílias – como alimento e
serviços pessoais.
“Os orçamentos ficam apertados pelas altas dos preços e
as pessoas que são chefes de família e têm outros dependentes possuem despesas
fixas quase inadiáveis, por isso têm menos margem de manobra, ou seja, não
conseguem eliminá-las tão facilmente”, detalha.
Para ele, despesas como aluguel, parcela do financiamento
da casa, mensalidade de escola dos filhos, plano de saúde e conta de
supermercado são difíceis de ser reposicionadas pelas famílias e, para um jovem
solteiro que more com os pais, elas nem existem.
Cortes.
Para a fisioterapeuta Priscila Barreto, casada e com três
filhos, as despesas fixas são altas e fica difícil cortar custos essenciais.
“Até mesmo nas contas que são básicas, como supermercado, já cortei e tentei
economizar em outras como energia e água. O supérfluo já cortamos faz tempo,
mas só com o essencial já vai o dinheiro todo e, às vezes, ainda temos que fazer
manobras como pagar o mínimo no cartão de crédito ou entrar no cheque
especial”.
Preço.
Marcella e Igor Mendes são um exemplo de quem, além de se
casar com o grande amor, uniu-se a dívidas. Juntos há um ano, eles planejaram o
enlace em pouco mais de 12 meses e gastaram mais de R$ 80 mil somente com os
preparativos que envolvem a festa de casamento e a mobília do apartamento.
Isso sem contar com a compra do imóvel e outras despesas.
Para arcar com custos tão altos, eles precisaram recorrer a um empréstimo para
pagar a festa, e a um financiamento para dar conta dos móveis.
“Quando você casa, montar uma casa custa muito caro e não
tem como pagar tudo à vista, então, você tem que fazer parcelas”, diz a
relações públicas, acrescentando que o sufoco vale a pena. “Já passamos mais
aperto. Agora, mesmo devendo empréstimo e financiamentos, estamos fechando o
mês no azul”.
Tipo de gasto.
Ainda segundo a pesquisa da SCPC Boa Vista, 20% das
pessoas inadimplentes disseram que os gastos com aquisição de móveis, eletrodomésticos
e eletroeletrônicos causaram a inadimplência.
Outros 18% citaram os gastos com a compra de itens de
vestuário e calçados e 17% citaram as despesas com alimentação. Quanto à forma
de pagamento que usaram para aquisição do bem ou serviço que levou à inadimplência,
31% pagaram com carnê ou boleto, 29% com cartão de crédito, 13% com cheque, 12%
com empréstimo pessoal, 9% com cartão de loja e 6% com cheque especial.
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