terça-feira, 4 de novembro de 2014

ESTUDO MOSTRA QUE 72% DOS ENDIVIDADOS SÃO OS CASADOS...

FONTE: Lucy Brandão Barreto (lucy.barreto@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.

32% das pessoas com nome na lista de devedores são solteiras, 9% são separados e divorciados e 25% viúvos.
O casamento pode ser um dos fatores que pesam sobre a saúde financeira dos brasileiros. É isso que mostra a pesquisa sobre o perfil do inadimplente da SCPC Boa Vista. De acordo com o levantamento, 57% das pessoas com pendências financeiras são casadas ou estão em união estável. Os solteiros representam 32% das pessoas com nome na lista de devedores.
Separados e divorciados, 9% e viúvos, 2%. Segundo o diretor de Marketing e Sustentabilidade da Boa Vista SCPC, Fernando Cosenza, a queda na participação dos mais jovens ou solteiros na inadimplência vem aparecendo nos últimos trimestres.
“Antigamente, os mais jovens eram mais classificados como inadimplentes por serem mais irresponsáveis e consumistas. Isso já foi verdade há alguns anos, mas hoje a pressão que a inflação exerce sobre os orçamentos das famílias acaba criando outro cenário”, explica ele.
O argumento é reafirmado por outro dado do mesmo estudo, que aponta que 72% dos inadimplentes se declaram “chefes de família” na casa onde moram. 

Motivos.
Fernando Cosenza esclarece que o brasileiro está tendo uma dificuldade maior para gerenciar seu orçamento em razão da inflação, persistentemente no teto da meta do governo, que é puxada por categorias de produtos ou serviços que impactam diretamente as famílias – como alimento e serviços pessoais.
“Os orçamentos ficam apertados pelas altas dos preços e as pessoas que são chefes de família e têm outros dependentes possuem despesas fixas quase inadiáveis, por isso têm menos margem de manobra, ou seja, não conseguem eliminá-las tão facilmente”, detalha.
Para ele, despesas como aluguel, parcela do financiamento da casa, mensalidade de escola dos filhos, plano de saúde e conta de supermercado são difíceis de ser reposicionadas pelas famílias e, para um jovem solteiro que more com os pais, elas nem existem.
Cortes.
Para a fisioterapeuta Priscila Barreto, casada e com três filhos, as despesas fixas são altas e fica difícil cortar custos essenciais. “Até mesmo nas contas que são básicas, como supermercado, já cortei e tentei economizar em outras como energia e água. O supérfluo já cortamos faz tempo, mas só com o essencial já vai o dinheiro todo e, às vezes, ainda temos que fazer manobras como pagar o mínimo no cartão de crédito ou entrar no cheque especial”.
Preço.
Marcella e Igor Mendes são um exemplo de quem, além de se casar com o grande amor, uniu-se a dívidas. Juntos há um ano, eles planejaram o enlace em pouco mais de 12 meses e gastaram mais de R$ 80 mil somente com os preparativos que envolvem a festa de casamento e a mobília do apartamento.
Isso sem contar com a compra do imóvel e outras despesas. Para arcar com custos tão altos, eles precisaram recorrer a um empréstimo para pagar a festa, e a um financiamento para dar conta dos móveis.
“Quando você casa, montar uma casa custa muito caro e não tem como pagar tudo à vista, então, você tem que fazer parcelas”, diz a relações públicas, acrescentando que o sufoco vale a pena. “Já passamos mais aperto. Agora, mesmo devendo empréstimo e financiamentos, estamos fechando o mês no azul”.
Tipo de gasto.
Ainda segundo a pesquisa da SCPC Boa Vista, 20% das pessoas inadimplentes disseram que os gastos com aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos causaram a inadimplência.

Outros 18% citaram os gastos com a compra de itens de vestuário e calçados e 17% citaram as despesas com alimentação. Quanto à forma de pagamento que usaram para aquisição do bem ou serviço que levou à inadimplência, 31% pagaram com carnê ou boleto, 29% com cartão de crédito, 13% com cheque, 12% com empréstimo pessoal, 9% com cartão de loja e 6% com cheque especial.

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