FONTE: Rayllanna Lima, TRIBUNA DA BAHIA.
Alterações
na memória, desorientação em relação ao tempo e dificuldade em prestar atenção
são algumas sintomas que atingem as pessoas que sofrem com a demência. Doença
mental caracterizada pela perda – temporária ou permanente – das capacidades
cognitivas de um indivíduo, a demência já atinge milhões de pessoas no mundo. O
Brasil é 9º país que registra o maior número de casos, com 1 milhão de
pacientes.
Muitos
são os fatores que levam à doença, entre eles disfunções metabólicas,
infecções, desnutrição ou doenças degenerativas como o Mal de Alzheimer.
Relação com outros complicadores, como traumatismo craniano e acidente vascular
cerebral (AVC), problemas com diabetes, hipertireoidismo e deficiência de
vitamina B12, além de doenças sistêmicas, como insuficiência renal, também são
fatores que contribuem para o desenvolvimento de demência.
Mesmo
sendo inevitável o envelhecimento cerebral, cada ser humano possui um ritmo
específico de acordo com fatores externos. “Quanto mais o cérebro sofre
estímulos intelectuais, mais tardiamente perderá suas conexões. Por isso,
colocamos dentro do grupo de risco, pessoas com baixa escolaridade”, explicou a
coordenadora do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do
Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), Sonia Brucki.
De
acordo com estudo publicando ano passado pela Alzheimer’rs Disease
International – federação internacional que reúne organizações destinadas a
estudar e apoiar pacientes de demência, sendo a doença de Alzheimer a mais
comum entre elas – estima que existam no mundo cerca de 44 milhões de pessoas
com a condição. E, em pouco menos de quarenta anos, o mundo terá 150 milhões de
pessoas com doenças causadoras de demência. Número três vezes maior que o
atual.
Alzheimer e Corpos de Lewy.
As
causas degenerativas mais comuns são a doença de Alzheimer e demência com
Corpos de Lewy. De acordo com dados da Associação Brasileira de Alzheimer
(Abraz), são mais de 15 milhões de brasileiros acima de 60 anos e 6% deles
sofrem da Doença de Alzheimer.
Neurodegenerativa
e de causa desconhecida, provoca declínio das funções intelectuais, diminuindo
a capacidade de trabalhar e de fazer adequadamente atividades da vida diária. A
princípio, a memória recente é afetada. Mas com a progressão da doença, os
impactos são maiores, afetando a capacidade de orientação, compreensão,
comunicação e atenção. “Em casos mais graves, o paciente é totalmente
dependente, precisando de ajuda em atividades simples diárias, como
alimentar-se, vestir-se e higienizar-se”, explica Brucki, que afirma ainda que
esse é o tipo de demência responsável por até 60% dos casos.
Para
identificar o Alzheimer, os familiares devem prestar atenção nos sintomas
primários da doença – esquecimento e alterações no comportamento – para então
distinguir de alterações normais do envelhecimento. Na maioria dos casos, as
primeiras manifestações acontecem a partir dos 65 anos de idade.
Menos
frequente que o Alzheimer, a demência com Corpos de Lewy pode ser ocasionada
pela dficuldade de atenção e concentração, alterações em visoconstrutivas
(como desenhar um relógio, por exemplo) e flutuação da consciência estão entre
os seus principais sintomas.
Entretanto,
três sintomas são necessários para confirmar o diagnóstico: alucinações
visuais, tremor e rigidez, semelhantes ao do Parkinson, e flutuação do estado
mental, alternando entre lucidez e confusão. A identificação do Corpos de Lewy
é feita por exclusão, pois as estruturas que causam o distúrbio só podem ser
vistas em análise do tecido cerebral, após a morte.
Sua
progressão é mais rápida que a do Alzheimer e, também, leva a total dependência
– a expectativa de vida após os primeiros sintomas é de sete anos. Estudo
realizado pelo Centro de Investigação de Doença de Alzheimer da Faculdade de
Medicina de Washington University mostra que a sobrevida média de pessoas com
Doença de Lewy é de 78 anos, enquanto pessoas com Alzheimer têm expectativa de
84,6 anos.
Exercícios e dieta ajudam.
Não há
respostas definitivas para evitar a demência, mas exercícios regulares e uma
dieta saudável podem dar efeitos positivos em prevenir ou retardar o
desenvolvimento da doença. “É preciso manter uma vida saudável, manter boas
relações familiares. Quando o indivíduo já diagnosticado com algum tipo de
demência, é preciso acompanhamento médico”, informou o secretário do
Departamento de Neurologia Cognitiva da ANB, José Ibiapina Neto.
Os
cuidadores também devem ter uma mente ativa, tendo em vista que ficam propensos
à depressão. “Essas pessoas têm uma boa estrutura física e mental, além de
abrir um espaço na agenda para a diversão. Um dos principais cuidados que se
deve ter com as pessoas que sofrem com a demência é não deixá-las isoladas”,
explicou o secretário.
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