FONTE: iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
A
escolha por um determinado tipo de parto não beneficiaria apenas a saúde da
gestante. Segundo livro recém-lançado no Brasil, o bebê também deve ser levado
em conta na hora da decisão, principalmente se a gestação é de risco. De acordo
com a publicação, o aspecto emocional da criança é afetado na hora do
nascimento.
“O Bebê
do Amanhã” (Barany Editora), escrito pelo psiquiatra americano Thomas R. Verny
e pela jornalista especializada em saúde Pamela Weintraub, defende que a
personalidade da criança é pré-definida nesse momento crucial de sua vida, a
hora do parto. Segundo os autores, a transformação que o bebê precisa enfrentar
pode ser traumática, já que o ambiente do útero da mãe é confortável e familiar
em comparação ao meio externo.
As
melhores condições para o nascimento, portanto, envolvem uma série de fatores,
que vão desde a iluminação do local do parto até o uso de analgésicos e
anestésicos. Segundo os autores, o ideal é que as luzes ofuscantes sejam
diminuídas para que o recém-nascido consiga vislumbrar com mais facilidade o
rosto dos pais. O ambiente também deve ser silencioso, facilitando o
reconhecimento da voz da mãe e outros sons familiares, como batimentos
cardíacos.
“A
forma como somos recebidos no mundo fica registrada em nosso inconsciente. É
por meio desse registro que sentiremos se o mundo é um lugar seguro ou não. Se
a criança é recebida de uma forma amorosa e respeitosa, ela responderá da mesma
maneira em suas relações interpessoais. Estudos mostram que bebês que
vieram ao mundo de parto violento têm maiores chances de se tornarem pessoas
mais impacientes ou agressivas”, explica Daiane Macluf, doula e uma das
colaboradoras do livro “O Bebê do Amanhã”.
Causa e efeito.
A
percepção e a consciência da criança, portanto, já existem antes do nascimento
e são impactadas pelas condições do parto – não só pelo tipo de procedimento em
si. De acordo com o estudo apresentado pelos autores do livro, uma criança que
nasce com o cordão umbilical enrolado no pescoço cresce com o medo de ser
asfixiada. Também é comum que ela desenvolva uma doença psicossomática no
pescoço ou nas cordas vocais.
Os que
nascem “sentados”, por outro lado, são mais teimosos e determinados, decididos
a fazer tudo à própria maneira e por conta própria. Se existe a tentativa de
reposicioná-los dentro do útero, essas crianças podem desenvolver o sentimento
de que estão sempre cometendo mais erros do que as pessoas ao redor. Esse
comportamento demonstra uma maior fragilidade emocional em relação aos bebês
que nascem sem qualquer intervenção externa.
Quanto
ao tipo de parto escolhido, Daiane Macluf reforça que o mais benéfico para a
saúde da mãe e dos bebês é o parto natural humanizado. “Logo após o nascimento,
o bebê fica junto à mãe, num contato que transmite carinho e segurança. Esse
parto também é feito em locais aconchegantes para a gestante, como em uma casa
de parto ou na própria residência. No parto hospitalar, porém, o bebê é
imediatamente retirado de perto da mãe para passar pelos procedimentos de
rotina. Essas diferenças afetam emocionalmente a relação entre mamãe e bebê”,
esclarece.
Na
cesariana, por outro lado, esse vínculo emocional é prejudicado. Três
características marcantes podem ser encontradas nos bebês nascidos de cesárea:
carência afetiva, dificuldade para lidar com frustrações e situações complexas
e medo de rejeição e abandono. Há também a possibilidade de que essas crianças
se sintam incapazes de completar ou executar alguma tarefa específica.
O parto
com fórceps é classificado como um dos mais agressivos para a saúde emocional
das crianças. Como o bebê é removido do útero da gestante com o auxílio do
fórceps, contrariando o processo natural do parto, o nascimento fica marcado
como um momento de invasão, dor e violência. Por isso, a dificuldade para
estabelecer vínculos afetivos saudáveis é ainda maior, já que a criança não
consegue superar o trauma do dia do parto. Sob pressão, os bebês podem sentir
dores na cabeça, pescoço e ombros, além de apresentar um nível elevado de
ansiedade e rejeição a qualquer tipo de contato físico.
Segundo
o livro, outro fator que pode desestabilizar o emocional dos bebês,
independentemente do tipo de parto escolhido, é o uso de analgésicos e
anestésicos. Os recém-nascidos que estão sob influência de algum medicamento
não conseguem focar a atenção nos primeiros estímulos com o mundo externo, como
o toque da mãe ou do pai. Futuramente, essas crianças podem têm mais
predisposição para se sentirem confusas paralisadas em situações estressantes,
afirmam os autores.
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