FONTE: Elioenai Paes - iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Como
eles nascem quando a pessoa tem entre 16 e 21 anos, alguém decidiu chamá-los de
dentes do siso (juízo, do latim).
Mas, ao
contrário da maturidade, que se espera que todos tenham, os dentes do siso não
são necessários e, não raro, não passam despercebidos lá no fundinho da boca.
São comuns as queixas de incômodo e dor. E daí, claro, a famosa cirurgia que
atemoriza tanta gente: a retirada dos sisos.
Será
que é preciso mesmo extrai-los? A dor é muito grande? Tem gente que nunca vai
ter siso? Veja alguns mitos e verdades sobre o dente do juízo:
-- Todo mundo tem os dentes do siso.
Mito: É raro não ter, mas algumas pessoas simplesmente não nascem com o germe do dente, logo ele nunca se forma. Em alguns casos, eles também ficam escondidos sob a gengiva e só uma radiografia panorâmica identifica a presença desses “tímidos” sisos.
Mito: É raro não ter, mas algumas pessoas simplesmente não nascem com o germe do dente, logo ele nunca se forma. Em alguns casos, eles também ficam escondidos sob a gengiva e só uma radiografia panorâmica identifica a presença desses “tímidos” sisos.
O
cirurgião buco-maxilo-facial José Flávio Torezan explica que, como o padrão de
comida dos últimos séculos é mais pastoso, composto por muitos alimentos
cozidos, as pessoas não costumam desenvolver tanto o maxilar e mandíbula no
tamanho, logo os dentes acabam não nascendo.
-- Todos precisam extrair os dentes do siso.
Mito: Nem todos, pois alguns têm uma mandíbula grande que abriga os quatro dentes “extras” sem causar nenhum problema dentário, como alterações na mordida, dificuldade de escovação e outros.
Mito: Nem todos, pois alguns têm uma mandíbula grande que abriga os quatro dentes “extras” sem causar nenhum problema dentário, como alterações na mordida, dificuldade de escovação e outros.
-- Não existe idade ideal para extrair o siso.
Mito: Existe sim. O ideal, segundo especialistas, é que o dente seja retirado antes dos 30 anos. Torezan comenta que depois dessa idade, a raiz do dente vai se calcificando com o osso e fica mais difícil retirá-lo, podendo até lesar os nervos que passam pela região.
Mito: Existe sim. O ideal, segundo especialistas, é que o dente seja retirado antes dos 30 anos. Torezan comenta que depois dessa idade, a raiz do dente vai se calcificando com o osso e fica mais difícil retirá-lo, podendo até lesar os nervos que passam pela região.
Deixar
para extrair mais tarde, segundo o cirurgião buco-maxilo-facial Alessandro
Silva, pode causar outras complicações, já que o dente pode infeccionar mesmo
não tendo despontado na gengiva. “Deixar para tirar aos 50 anos, quando há
risco de ter desenvolvido alguma outra doença, como pressão alta, não é bom,
porque essas outras doenças podem atrapalhar uma cirurgia”, explica.
-- A extração pode causar perda de sensibilidade na língua
e queixo.
Verdade: É preciso certificar-se que é um bom cirurgião que fará a cirurgia, pois um erro cirúrgico pode cortar os nervos em que passam os impulsos de sensibilidade.
Verdade: É preciso certificar-se que é um bom cirurgião que fará a cirurgia, pois um erro cirúrgico pode cortar os nervos em que passam os impulsos de sensibilidade.
“Os
nervos que passam por essa região não controlam movimentos, mas a
sensibilidade”, explica Torezan. No caso da língua, apesar de não haver
paralisia, a sensibilidade não volta nunca mais. No queixo, o problema já pode
ser revertido com mais facilidade.
-- A cirurgia de extração do dente dói muito.
Mito: Com a anestesia, as fibras nervosas por onde passa a dor estão bloqueadas, explica Silva. Ou seja, a dor existe, mas o paciente não sente.
Mito: Com a anestesia, as fibras nervosas por onde passa a dor estão bloqueadas, explica Silva. Ou seja, a dor existe, mas o paciente não sente.
O
problema, segundo o cirurgião, é quando o efeito da anestesia passa, depois da
cirurgia, pois todos os estímulos passam de uma vez, e a pessoa sente uma dor
muito forte. Para prevenir isso, ele já receita um analgésico antes da
cirurgia. Assim, quando a anestesia for embora, o paciente já estará sob o efeito
do remédio.
-- O pós-operatório é dolorido.
Parcialmente verdade: Segundo especialistas, um bom pós-operatório depende da forma em que o dente for extraído. Com um cirurgião habilidoso, as dores depois a cirurgia reduzem bastante e tanto a cirurgia como a recuperação são mais rápidas. “Estimulo os pacientes a até irem trabalhar no dia seguinte”, explica Alessandro.
Parcialmente verdade: Segundo especialistas, um bom pós-operatório depende da forma em que o dente for extraído. Com um cirurgião habilidoso, as dores depois a cirurgia reduzem bastante e tanto a cirurgia como a recuperação são mais rápidas. “Estimulo os pacientes a até irem trabalhar no dia seguinte”, explica Alessandro.
Ele, no
entanto, tem consciência de que não sentir dor depois de um procedimento do
tipo não é privilégio de todos, e explica que normalmente se aguarda de dois a
três dias para voltar às atividades normais. As recomendações são não fazer
exercícios físicos por alguns dias, por risco de sangramento, e evitar
alimentos quentes e consistentes nas primeiras 48 horas.
-- A cirurgia demora muito.
Mito: Depende também da habilidade de quem está operando. Alguns podem demorar até cinco horas para extrair os quatro dentes. Outros cirurgiões demoram 45 minutos para fazer o mesmo procedimento.
Mito: Depende também da habilidade de quem está operando. Alguns podem demorar até cinco horas para extrair os quatro dentes. Outros cirurgiões demoram 45 minutos para fazer o mesmo procedimento.
-- Não é preciso esperar os dentes nascerem para extrai-los.
Verdade: Os sisos podem ser retirados mesmo quando não há sinal visível deles na gengiva. Um dentista ou cirurgião buco-maxilo saberão dizer, por meio de radiografias panorâmicas, se é necessário ou é hora de extrair.
Verdade: Os sisos podem ser retirados mesmo quando não há sinal visível deles na gengiva. Um dentista ou cirurgião buco-maxilo saberão dizer, por meio de radiografias panorâmicas, se é necessário ou é hora de extrair.
Dentes do siso podem conter células-tronco, mas nem sempre.
Os
dentes do siso, às vezes, guardam células-tronco, que são aquelas com poder
regenerativo local que, apenas com manipulação em laboratório poderiam vir a
ser úteis para o tratamento de saúde, explica Anna Carla Goldberg, gerente do
Centro de Pesquisa Experimental do Instituto Israelita Albert Einstein.
O
hematologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, Nelson Tatsui, explica que
se a pessoa tiver o interesse em guardar as possíveis células-tronco do dente,
deve contatar alguma clínica que faça esse trabalho antes de extrair o dente.
“Não
adianta nada levar o dente enrolado em um papel para guardar as
células-tronco”, brinca Tatsui, que explica que esse material biológico é muito
delicado e requer tratamento especial já na hora da extração.
Depois
da coleta, o laboratório vai avaliar se os sisos contêm as células-tronco úteis
e, só então, criopreservá-las. Às vezes, o dente não vai apresentar essas
células, ou apresentará uma quantidade inviável. Além disso, as pesquisas ainda
não são suficientes para afirmar que essas células poderão curar doenças no
futuro.
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