FONTE: Gretchen Reynolds, The New York Times (mulher.uol.com.br).
Para combater a perda de entusiasmo e
foco durante a tarde, faça uma caminhada durante a hora de almoço. Um novo
estudo descobriu que, mesmo que suave, ela melhora o humor e a capacidade de
lidar com o estresse no trabalho.
Obviamente, não é novidade que andar faz bem à saúde e que as pessoas
que andam ou se exercitam regularmente tendem a ser mais calmas, alertas e
felizes do que as sedentárias, mas muitos estudos sobre os efeitos da caminhada
e outros exercícios no humor se baseiam em resultados graduais e em longo prazo
que mostram como a atividade física, praticada durante semanas ou meses, pode
mudar as pessoas emocionalmente.
Poucas vezes se examinou os efeitos imediatos no humor, dia a dia, hora
a hora, vinculados ao exercício e, menos ainda, buscam esses efeitos em um dia
regular de trabalho, mesmo quando a maioria das pessoas passa grande parte do
dia em um escritório.
Assim, para esse novo estudo, publicado no "Scandinavian Journal of
Medicine and Science in Sports" deste mês, pesquisadores da Universidade
de Birmingham e outras universidades começaram recrutando trabalhadores de
escritório sedentários na própria instituição --mas os candidatos precisariam
estar disponíveis para caminhar por 30 minutos durante o horário de almoço três
vezes por semana.
A maioria dos 56 voluntários era de mulheres de meia-idade. Normalmente
é difícil atrair os homens para participar de programas de caminhadas, disse
Cecilie Thogersen-Ntoumani, autora do estudo e, agora, professora de Ciência do
Exercício na Universidade Curtin em Perth, Austrália. Segundo ela, andar não
parece ser extenuante o suficiente para os homens, mas acabaram convencendo
quatro sedentários de meia-idade a participar do experimento.
Os voluntários completaram uma série de testes de saúde, forma física e
humor no início da pesquisa, o que revelou que todos eles estavam fora de
forma, mas saudáveis física e emocionalmente.
Cecilie e seus colegas dividiram os voluntários aleatoriamente em dois
grupos, um dos quais iria começar um programa de caminhada simples de dez
semanas de duração imediatamente, enquanto o outro grupo começaria o programa
dez semanas mais tarde, servindo como um grupo de controle.
Para a avaliação do humor, os cientistas ajudaram os voluntários a
configurar um aplicativo que incluía uma lista de perguntas sobre suas emoções.
As perguntas foram projetadas para medir os sentimentos dos voluntários em
determinado momento com relação a estresse, tensão, entusiasmo, carga de
trabalho, motivação e cansaço físico, entre outras ocorrências.
Um problema comum com estudos do efeito do exercício sobre o humor,
disse Cecilie, é que eles dependem da memória. As pessoas precisam se lembrar
desse detalhe horas ou mesmo dias após o ocorrido --e devido à fugacidade e ao
mistério de nossas emoções, as lembranças não são confiáveis, completou ela.
Em vez disso, a especialista e seus colegas queriam avaliações
instantâneas das sensações antes e depois do exercício. As perguntas do
aplicativo facilitaram muito a experiência.
Então, o primeiro grupo começou a caminhar. Cada voluntário podia andar
durante uma das várias horas de almoço, todos organizados por um líder de grupo
e pelo ritmo individual. Os mais lentos andavam juntos e os mais rápidos
seguiam na frente. Não havia distância ou intensidade formalmente determinadas.
O único parâmetro era a duração de 30 minutos, o que daria aos voluntários
algum tempo para almoçar. Os grupos se encontravam e andavam três vezes por
semana.
Em todas as manhãs e as tardes durante as primeiras dez semanas, os
voluntários dos dois grupos respondiam às perguntas em seus celulares sobre seu
humor naquele dado momento. Depois de dez semanas, o segundo grupo começou seu
programa de caminhadas. O primeiro grupo podia continuar com as caminhadas ou
não, como preferissem --muitos as mantiveram.
Em seguida, os cientistas compararam todas as respostas, entre os grupos
e entre os indivíduos. Em outras palavras, verificaram se, à tarde, o grupo que
havia caminhado respondeu às perguntas de forma diferente do grupo que não
caminhou e também se voluntários individuais responderam às perguntas de forma
diferente nas tardes em que haviam andado em comparação com as que não se
movimentaram.
As respostas eram notadamente diferentes quando as pessoas andavam. Nas
tardes após o passeio na hora do almoço, os voluntários disseram que se sentiam
consideravelmente mais entusiasmados, menos tensos e em geral mais relaxados e
dispostos do que nas tardes em que não caminhavam e mesmo em comparação com seu
próprio estado de espírito na manhã pré-caminhada.
Embora os autores não tenham medido diretamente a produtividade no local
de trabalho em seu estudo, Cecilie disse que "há agora forte evidência de
pesquisas de que uma sensação mais positiva e entusiasmada no trabalho é muito
importante para a produtividade. Por isso, acreditamos que as pessoas que
caminham na hora do almoço sejam mais produtivas".
Como vantagem adicional, todos os voluntários mostraram ganhos de
condicionamento aeróbico e de outras medidas de saúde após dez semanas de
caminhadas.
Porém, muitos disseram saber que não poderiam continuar a andar depois
de terminado o experimento e alguns (não computados na contagem final de
voluntários) tiveram que desistir no meio do programa. O principal empecilho,
disse Cecilie, era "que a gerência queria que eles trabalhassem na hora do
almoço", o que mostra que os chefes bem poderiam se familiarizar com as
descobertas científicas mais recentes.
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