Cientistas que
investigam a presença do vírus ebola em morcegos identificaram no animal 16
outros vírus similares que podem infectar humanos e potencialmente causar
surtos de escala similar à atual crise na África Ocidental, disse um especialista
em segurança de saúde na sexta-feira (23).
Humanos podem
contrair o ebola a partir de morcegos, que são hospedeiros do vírus, assim como
de outros animais. O professor Nigel Lightfoot disse que novos vírus foram
identificados pelos cientistas do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas da
África do Sul.
"Eles me
contaram que descobriram 16 outros [vírus]... que estão prestes a se espalhar
em humanos e causar a próxima [epidemia]", disse ele numa conferência em
Londres sobre o combate a doenças altamente infecciosas.
"Então você não
deveria estar dizendo 'se' houver uma próxima. A mensagem é quando será a
próxima ameaça à saúde pública após o ebola", afirmou ele.
Mais de 8.600 pessoas
morreram na epidemia de Ebola desde que começou na Guiné no ano passado,
levando o total de casos registrados em nove países a mais de 21.700.
Lightfoot disse que o
Banco Mundial vai em breve anunciar milhões de dólares em investimentos de
infraestrutura nos três país mais afetados pelo ebola na África Ocidental:
Guiné, Serra Leoa e Libéria.
A crise atingiu
particularmente com mais força Libéria e Serra Leoa por causa das guerras civis
recentes, que deixaram os serviços de saúde desses países em frangalhos,
disseram convidados da conferência, organizada pelo Royal United Services
Institute, um centro de pesquisas britânico.
Os conflitos também
ocasionaram a fuga de profissionais qualificados, com muitos médicos fugindo
para trabalhar em outros países.
Lightfoot afirmou ser
imprescindível que especialistas em prevenção de doenças trabalhem junto a
pessoas no terreno para construir sistemas rápidos e inteligentes de
monitoramento.
Além de morcegos,
seres humanos podem contrair ebola também a partir de animais como macacos que
tenham tido contato com morcegos infectados. O perigo está no contato com o
sangue infectado durante o abate e preparação desses animais.
Mas Lightfoot disse
ser inútil dizer às pessoas que parem de comer macacos, por sua vez uma valiosa
fonte de proteína que tem sido consumida há milhares de anos.
"Falando com o
primeiro-ministro da Guiné, ele disse 'não diga ao meu povo para não comer
macacos porque não dá certo... Eu tentei dizer que não se deve comer carne de
caça, morcegos e macacos. Não funciona e as pessoas continuam a comer'."
Ele disse à Thomson
Reuters Foundation que não havia indicações de quão perigosos são os 16 novos
vírus identificados.
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