FONTE: admin (www.bolsademulher.com).
Toda
rapidinha tem seu valor. Mas, para muitos casais, o sexo apressado não é fruto
de um súbito tesão. Os parcos minutos da relação são sintomas de uma disfunção:
a ejaculação precoce.
Para o
sexo não há regras. Vale tanto uma rapidinha no meio de um dia corrido, quanto
uma noite inteira dedicada aos prazeres da carne. A única premissa é que seja
bom para os envolvidos. Mas e quando o grand finale começa a apostar corrida
contra o relógio? É sinal de que alguma coisa saiu dos eixos. Tudo na vida tem
seu tempo. E, no caso do sexo, quando ele é veloz demais, acaba não dando para
nós, mulheres, chegarmos lá.
A
incapacidade que alguns homens têm em controlar a ejaculação é conhecida como
ejaculação rápida. O termo entrou no lugar da famosa ejaculação precoce, que
nada mais é do que a mesmíssima coisa: a falta de controle do ápice sexual. E
quem pensa que isso é coisa de homem inexperiente, engana-se! Estima-se que 20%
dos representantes do sexo masculino sofram do problema. Isso mesmo, de cada
cinco machos que você conhece, um deles está fora de controle. Foi após
constatar a cada vez mais alta incidência da ejaculação rápida, que o médico
pós-graduado em psiquiatra Moacir Costa resolveu escrever um livro sobre o assunto.
"Quando o sexo é mais rápido que o prazer" (Prestígio Editorial,
2005) aborda os aspectos culturais, comportamentais, fisiológicos e
psicológicos associados à falta de controle do gozo.
Por
incrível que pareça, ser rápido no gatilho já fez parte do ideário masculino. O
próprio relatório Kinsey - a bíblia da sexualidade humana, que revolucionou a
década de 1950 – confirmou o pensamento ao chamar os ejaculadores precoces de
atletas sexuais. De alguns anos para cá, porém, percebeu-se uma verdadeira transformação
no comportamento feminino. Ciente de seu corpo e sexualidade, a mulher começou
a se dar conta de que a falta de orgasmos não era de todo sua culpa. Foi assim
que o desempenho masculino começou a ser analisado, e notou-se que a rapidez na
cama era sinônimo de um parceiro inseguro e ansioso, que ejaculava assim que a
relação começava.
Antes de
sair pensando que aquela rapidinha que vocês adoram dar no intervalo da novela
possa ser um indício de que seu marido sofra de ejaculação rápida, calma lá!
Para ser considerada um problema, a ejaculação normalmente acontece em um tempo
muito rápido, no qual poucos movimentos são necessários para se levar ao
orgasmo. Com a palavra, doutor Moacir Costa: “Quando o homem atinge um grau de
excitação, e não suporta lidar com esse estímulo – por menor que seja – é sinal
de que há algo errado. A ansiedade agrava essa excitação, e numa tentativa de
controlar a sensação, ele perde a espontaneidade. Não há troca de carinho, e
falta descontração”, lista Moacir. Já a rapidinha, tem a pressa como estímulo.
“A iminência de serem pegos em flagrante gera um tesão tamanho que não é
possível controlar. A euforia e a excitação que foram geradas precisam ser
saciadas. Porém, isso não quer dizer que a rapidez tenha comprometido o prazer
de ambos, pelo contrário, a situação é de prazer incomparável pelas
circunstâncias. O aspecto crucial para avaliar a rapidez da ejaculação está na
ausência do controle voluntário sobre o reflexo ejaculatório. Não importa se
ela ocorre depois de 10 ou 50 movimentos do pênis no interior da vagina, ou se
demorou um ou dois minutos — ou mesmo se a mulher atingiu ou não o orgasmo. O
que importa é que o homem atingiu um elevado nível de excitação sexual e, a
partir daí, não controla mais a ejaculação”, diferencia o médico. Nesses casos,
o descontrole torna-se uma disfunção sexual, pois passa a ser crônico.
Os
fatores que desencadeiam a ejaculação precoce são variados. Medo de
comprometimento, ansiedade por dar prazer à parceira, uso de drogas, estresse e
a chegada dos filhos são alguns dos possíveis responsáveis. Mas antes que
saiamos jogando a culpa neles, atenção! Em 10% dos casos, a culpa é –
acreditem! – nossa. “Quando as mulheres são competitivas e hostis, insistindo
em desqualificar o parceiro, o homem pode se sentir pressionado e perder o
controle. É claro são poucos os casos, mas não devem ser desconsiderados”,
explica Dr. Moacir. Portanto, muita calma nessa hora. Com carinho, tudo se
resolve.
Só quem
já sofreu em um relacionamento insatisfatório sexualmente sabe como é
fundamental encarar o problema para resolvê-lo. Que o diga a produtora Carla
Mendes*, 36 anos. Carla foi casada durante dez anos com um homem que, além de
não admitir que precisava de tratamento, ainda jogava a culpa na esposa.
“Sempre que tocava no assunto, acabávamos brigando feio. Uma vez ele tomou um
porre, e começou a bater no pênis de raiva. Ficava me perguntando se eu tinha
fingido ter prazer durante todos esses anos. Foi quando ele me acusou de gerar
tensão na relação, fazendo com que ele gozasse rápido”, relata a produtora.
Apesar do ex-marido não conseguir controlar a ejaculação após as três primeiras
penetrações, ele compensava no sexo oral. “Como ele sempre fazia sexo oral em
mim antes da penetração, eu tinha orgasmos. E por ter prazer, acabava não
cobrando um desempenho melhor. Hoje vejo que me acomodei durante os dez anos de
relacionamento”, conta Carla, que acredita que o problema tenha contribuído
para o término do casamento, apesar de não ter sido a única causa. Após a
separação, a produtora diz ter mudado completamente seu referencial. “Caí de
boca! Descobri novas emoções, assim como o valor de uma transa normal. Sexo bom
é fundamental numa relação”, gaba-se, aliviada.
Se as
preliminares foram capazes de manter por alguns anos o relacionamento de Carla,
há quem não consiga nem ao menos chegar nelas. É o que conta o médico Moacir
Costa em seu livro, ao relatar o caso de um paciente que perdia o controle
apenas ao olhar o corpo nu de sua namorada. Nascido no interior de São Paulo,
Paulo* tinha 17 anos quando percebeu, ainda durante as carícias com a parceira,
que não conseguia controlar a ejaculação. O adolescente, que acreditou se
tratar de excesso de tesão, logo percebeu que havia algo errado. Na opinião do
médico, a causa do problema de Paulo* está no fato de que a iniciação sexual de
muitos homens se resume ao sexo como mera descarga biológica.
“Os jovens
crescem escutando que está na idade de transar, e devem descarregar sua
energia. Esta é a visão cultural que prevalece. O sexo puramente físico, sem
qualquer vínculo amoroso, importando somente o desempenho. É como se bastasse
três condições para se medir a virilidade: obter e manter a ereção, e ejacular
vigorosamente. Nessa situação, é natural que um jovem excitado pela novidade da
nudez feminina, ejacule fora de hora. Todo seu aprendizado erótico concentrou-se
no corpo da mulher. Não houve nenhuma palavra sobre afeto, envolvimento,
amizade e romance. Esses elementos afetivos são considerados atributos do sexo
feminino”, avalia Dr. Moacir.
E não
pense que é ruim só pra você. Mesmo que não admita, o homem também sofre, e
muito, com o problema. “Para eles, a aproximação da ejaculação é experimentada
com alta dose de preocupação e angústia. Estes sentimentos provocam a
diminuição da percepção das sensações eróticas, tornando o orgasmo sem graça.
Mas nem todos os indivíduos reconhecem o comprometimento das suas sensações
eróticas em função do temor de ejacular antes da hora”, entrega Dr. Moacir
Costa.
O
tratamento.
Com
causas tão distintas, as soluções não distam tanto entre si. Se falta afeto
entre o casal, é exatamente este o sentimento salvador da pátria. Além de
ensinar a controlar a ejaculação, o tratamento visa ensinar a estabelecer
vínculos afetivos com suas parceiras. “Na maioria dos casos, a ejaculação
rápida está associada a fatores psicológicos. Costumo dizer que amar se aprende
amando, ou seja, o mais importante é unir sexo à emoção. A relação sexual tende
a ser mais saudável quando é um momento de troca e imenso prazer, ao invés de
uma prova de virilidade”, ensina. A solução não apresenta fórmulas prontas, mas
busca resgatar no homem os pilares que revigoram o desejo, a confiança sexual e
o prazer.
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