terça-feira, 27 de janeiro de 2015

OBESIDADE FAZ CRESCER CASOS DE DIABETES TIPO DOIS EM CRIANÇAS...

FONTE: Fernanda Carpegiani, do UOL, em São Paulo (mulher.uol.com.br).


Há pouco tempo, seria estranho falar sobre diabetes tipo dois em crianças. Antes restrita ao universo dos adultos, a doença é consequência do que os especialistas chamam de "epidemia da obesidade", presente cada vez mais na infância.

A última pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em parceria com o Ministério da Saúde, mostrou que, em 20 anos, o número de crianças entre cinco e nove anos acima do peso mais que dobrou.

Saiba o que é diabetes tipo dois, qual é a relação do problema com a obesidade e como proteger o seu filho.

Qual é a diferença entre diabetes tipo um e tipo dois?

Na diabetes tipo um, o corpo não produz insulina, hormônio que transporta a glicose (açúcar) do sangue para dentro das células. A glicose serve como principal combustível para as células e também age no processo de crescimento. "Já no diabetes tipo dois, o paciente produz insulina, mas o corpo tem sensibilidade diminuída ao hormônio, reduzindo assim seu efeito, como se não houvesse quantidade suficiente", afirma o pediatra endocrinologista Felipe Monti Lora, membro dos Centros de Excelência em Obesidade Infantil e Diabetes Tipo Um do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo. Essa condição é o que os médicos chamam de resistência à insulina.

Por que a obesidade infantil pode causar diabetes tipo dois?

O acúmulo de gordura corporal faz com que o corpo produza mais insulina, para tentar normalizar os níveis de glicose circulando no sangue, e a presença do hormônio em excesso é justamente o que causa a resistência a ele. "O pâncreas trabalha tanto para liberar insulina que chega à exaustão e para a produção, fazendo com que a glicemia comece a subir. Além disso, a própria gordura em excesso altera o mecanismo de ação da insulina", diz a endocrinologista Maria Edna de Melo, diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica). Quando a glicemia sobe, é sinal de que a diabetes tipo dois já está se manifestando.

Existem mais casos de diabetes tipo dois hoje?

Sim, e o principal motivo é o aumento da incidência de obesidade infantil. "Nas ultimas décadas, as crianças ficaram mais sedentárias, tendo mais acesso a atividades como video game e televisão, além do fácil consumo de alimentos mais calóricos. Isso gera obesidade e contribui para o diabetes tipo dois", fala o pediatra endocrinologista Felipe Monti Lora.

Quem mais está sujeito à doença?

A genética também tem um peso importante, então se há casos na família é preciso redobrar o cuidado e a atenção para os exames de rotina e o controle de peso.

Como saber se meu filho tem diabetes tipo dois?

O acompanhamento de perto com o pediatra pode levantar as primeiras suspeitas. "O médico deve colocar a criança na curva de IMC (Índice de Massa Corpórea) adequada para a idade, para não haver o risco de subestimar o grau de adiposidade [acúmulo de gordura dos tecidos]", afirma a endocrinologista Maria Edna de Melo.

O diagnóstico precoce é importante para evitar que o problema evolua. "A criança não se torna diabética de repente, na verdade, é um processo que costuma ser bastante longo. Por isso não devemos esperar a criança ter os sintomas clássicos, que são urinar muito, beber muita água e perder peso. Quando esses sinais aparecem, é porque o caso já é extremo", afirma o pediatra endocrinologista Ricardo Fernando Arrais.

Como é o tratamento?

O principal é adotar hábitos mais saudáveis para reduzir gordura corporal. Pais e irmãos devem apoiar e fazer juntos as mudanças necessárias no estilo de vida familiar. "É preciso reduzir a ingestão de alimentos ricos em açúcares, gordura e sal. As crianças obesas e com tendência a diabetes também sofrem risco de hipertensão e problemas cardíacos, por isso o ideal é mexer no pacote completo", diz a endocrinologista Maria Edna de Melo.

Praticar exercícios físicos, mesmo que sejam leves, também ajuda. Em alguns casos mais graves, pode ser indicado o uso de medicamentos e insulina.

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