FONTE: Fernanda Carpegiani, do UOL, em São Paulo (mulher.uol.com.br).
Há pouco tempo, seria
estranho falar sobre diabetes tipo dois em crianças. Antes restrita ao universo
dos adultos, a doença é consequência do que os especialistas chamam de
"epidemia da obesidade", presente cada vez mais na infância.
A última pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em parceria com o Ministério da Saúde, mostrou que, em 20 anos, o número de crianças entre cinco e nove anos acima do peso mais que dobrou.
Saiba o que é diabetes tipo dois, qual é a relação do problema com a obesidade e como proteger o seu filho.
A última pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em parceria com o Ministério da Saúde, mostrou que, em 20 anos, o número de crianças entre cinco e nove anos acima do peso mais que dobrou.
Saiba o que é diabetes tipo dois, qual é a relação do problema com a obesidade e como proteger o seu filho.
Qual é a diferença entre
diabetes tipo um e tipo dois?
Na diabetes tipo um,
o corpo não produz insulina, hormônio que transporta a glicose (açúcar) do
sangue para dentro das células. A glicose serve como principal combustível para
as células e também age no processo de crescimento. "Já no diabetes tipo
dois, o paciente produz insulina, mas o corpo tem sensibilidade diminuída ao
hormônio, reduzindo assim seu efeito, como se não houvesse quantidade
suficiente", afirma o pediatra endocrinologista Felipe Monti Lora, membro
dos Centros de Excelência em Obesidade Infantil e Diabetes Tipo Um do Hospital
Infantil Sabará, em São Paulo. Essa condição é o que os médicos chamam de
resistência à insulina.
Por que a obesidade
infantil pode causar diabetes tipo dois?
O acúmulo de gordura
corporal faz com que o corpo produza mais insulina, para tentar normalizar os
níveis de glicose circulando no sangue, e a presença do hormônio em excesso é
justamente o que causa a resistência a ele. "O pâncreas trabalha tanto
para liberar insulina que chega à exaustão e para a produção, fazendo com que a
glicemia comece a subir. Além disso, a própria gordura em excesso altera o
mecanismo de ação da insulina", diz a endocrinologista Maria Edna de Melo,
diretora da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica). Quando a glicemia sobe, é sinal de que a diabetes tipo
dois já está se manifestando.
Existem mais casos de
diabetes tipo dois hoje?
Sim, e o principal
motivo é o aumento da incidência de obesidade infantil. "Nas ultimas
décadas, as crianças ficaram mais sedentárias, tendo mais acesso a atividades
como video game e televisão, além do fácil consumo de alimentos mais calóricos.
Isso gera obesidade e contribui para o diabetes tipo dois", fala o
pediatra endocrinologista Felipe Monti Lora.
Quem mais está sujeito à
doença?
A genética também tem
um peso importante, então se há casos na família é preciso redobrar o cuidado e
a atenção para os exames de rotina e o controle de peso.
Como saber se meu filho
tem diabetes tipo dois?
O acompanhamento de
perto com o pediatra pode levantar as primeiras suspeitas. "O médico deve
colocar a criança na curva de IMC (Índice de Massa Corpórea) adequada para a
idade, para não haver o risco de subestimar o grau de adiposidade [acúmulo de
gordura dos tecidos]", afirma a endocrinologista Maria Edna de Melo.
O diagnóstico precoce é importante para evitar que o problema evolua. "A criança não se torna diabética de repente, na verdade, é um processo que costuma ser bastante longo. Por isso não devemos esperar a criança ter os sintomas clássicos, que são urinar muito, beber muita água e perder peso. Quando esses sinais aparecem, é porque o caso já é extremo", afirma o pediatra endocrinologista Ricardo Fernando Arrais.
O diagnóstico precoce é importante para evitar que o problema evolua. "A criança não se torna diabética de repente, na verdade, é um processo que costuma ser bastante longo. Por isso não devemos esperar a criança ter os sintomas clássicos, que são urinar muito, beber muita água e perder peso. Quando esses sinais aparecem, é porque o caso já é extremo", afirma o pediatra endocrinologista Ricardo Fernando Arrais.
Como é o tratamento?
O principal é adotar
hábitos mais saudáveis para reduzir gordura corporal. Pais e irmãos devem
apoiar e fazer juntos as mudanças necessárias no estilo de vida familiar.
"É preciso reduzir a ingestão de alimentos ricos em açúcares, gordura e
sal. As crianças obesas e com tendência a diabetes também sofrem risco de
hipertensão e problemas cardíacos, por isso o ideal é mexer no pacote
completo", diz a endocrinologista Maria Edna de Melo.
Praticar exercícios
físicos, mesmo que sejam leves, também ajuda. Em alguns casos mais graves, pode
ser indicado o uso de medicamentos e insulina.
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