FONTE: Marianna Feiteira (www.bolsademulher.com).
Beber bastante água e investir em
uma alimentação fibrosa ajuda a evitar o problema.
Mau hálito, ou halitose, é um
problema que traz sérias consequências sociais, pessoais e até profissionais
para a pessoa que sofre do mal. Muitas vezes o distúrbio não é encarado com a
seriedade que deveria e, por isso, acaba sendo tratado de forma superficial, de
modo a mascarar o sintoma sem, de fato, atacar sua causa.
São muitos os fatores que geram
a halitose e, em alguns casos, ela pode ser multifatorial, ou seja, causada por
uma somatória de problemas. Diferente da crença popular, o mau hálito não tem
relação com o estômago. Na maioria dos casos (90 a 95%), ele tem origem na
boca, mas também pode ser causado por doenças metabólicas ou sistêmicas, ou,
ainda, ser originado nas vias aéreas superiores.
Segundo a dentista Celi Vieira,
especialista em periodontia pela Associação Paulista de Cirurgião Dentista, o
mau hálito é sempre indicativo de alguma outra situação, que pode ser:
Fisiológica – a
halitose matinal é um exemplo. Ela ocorre graças à estagnação da saliva de
repouso no dorso lingual que acontece durante o sono, já que não movimentamos a
boca. A saliva de repouso é aquela produzida sem nenhum estímulo e contém
grande quantidade de proteína salivar. Esta proteína, por sua vez, facilita a
ação das mais de seis bilhões de bactérias presentes na nossa boca, favorecendo
a formação dos compostos de enxofre. “Os componentes do enxofre são
considerados os vilões do mau hálito, pois são os maiores causadores de
alteração no hálito e têm a capacidade mais agressiva de incomodar”, afirma a
especialista.
Transitória –
pode ser causada pela fome, ingestão de algum alimento de odor forte, dieta
desequilibrada, cirurgia na região da boca, etc. Quando estamos há muito tempo
sem comer, nosso organismo passa a queimar as reservas de gordura, o que
provoca um cheiro desagradável. Ele, na verdade, é expelido pelo pulmão, e não
pelo estômago, e não possui cheiro de enxofre como no caso visto acima. Segundo
a periodontista, a melhor forma de tratar a halitose transitória é evitando que
ela aconteça. “Se está com fome, o remédio é comer. Se a dieta está
desequilibrada, tem de ser ajustada”, recomenda.
Patológica –
neste caso, a halitose é um sinal de que há algo de errado no nosso corpo. Na
maioria dos casos, está associada a alterações na produção salivar, que causam
excesso ou falta de saliva na boca. É também frequentemente causada por
inflamações na região bucal, como periodontites, gengivites, amidalite,
rinites, sinusite, etc. Além disso, doenças sistêmicas, como o diabetes e a
síndrome de Sjögren (doença autoimune que reduz a secreção das glândulas
salivares e lacrimais), também podem causar o mau hálito.
O diabetes faz com que o
paciente urine mais do que o normal, causando desidratação e, portanto, boca
seca, o que origina o mau hálito. Mas a doença também pode causar a falsa
halitose, ou halitose subclínica. Esta é uma condição em que a pessoa sente um
gosto muito alterado na boca e o associa ao mau hálito, que, na verdade, não
existe. “Esses pacientes chegam hoje em grande quantidade nos consultórios e
mutilam suas vidas no quesito social, sentimental e profissional, porque acham
que o mau hálito é constante e extremamente forte, mas ele realmente não é
detectado”, explica Celi. O distúrbio, portanto, apresenta as mesmas
consequências que a halitose real. Ele geralmente é provocado pela assialia,
que é a ausência total de saliva (muito comum no diabetes), ou mesmo por
medicações que causam um gosto ruim na boca. Neste caso, o paciente deve
procurar um especialista apto a tratar o problema – em geral, o dentista.
Como identificar e
tratar a halitose?
A melhor forma de identificar é
através do olfato humano. O problema é que a pessoa que sofre de halitose
geralmente não sente o mau cheiro. Isso acontece porque, após cerca de um
segundo expostas a determinado odor, as células olfativas se adaptam a ele, o
que é conhecido como fadiga olfatória. Por isso, os especialistas aconselham
que a pessoa que desconfia que tem mau hálito pergunte a alguém de confiança. A
Associação Brasileira de Halitose disponibiliza em seu site um serviço de envio
de mensagem anônima para quem deseja alertar um conhecido sobre o problema, mas
não gostaria de dizer pessoalmente.
Uma vez identificada a halitose,
ou mesmo se há apenas suspeitas, a orientação é procurar um profissional
especializado em periodontia que consiga identificar a causa do problema. Tenha
cuidado com os tratamentos que envolvam apenas a limpeza ou raspagem da língua,
pois isso não irá solucionar o problema. “O maior nicho de formação de
compostos de enxofre é o dorso lingual, mas ele só promove essa produção se
houver outras alterações no organismo. Muitos profissionais resumem o
tratamento à limpeza de língua, o que é um grande risco. Ao decorrer dos anos,
o uso indiscriminado dos raspadores e mesmo da escovação da língua agride as
papilas linguais e acabam formando nichos que agregam bactérias, ou seja, fazem
o trabalho justamente oposto”, alerta a especialista. “Limpar a língua é
importante apenas quando a qualidade bucal ainda não foi equilibrada. Depois
que o tratamento acaba, a própria lavagem fisiológica da saliva já é
suficiente”, completa.
Celi afirma que um bom
tratamento começa com um bom diagnóstico, que identifique o tipo de halitose e
as alterações que estão gerando o mau hálito. “Não adianta querer estimular a
produção salivar se o profissional não entende por que o paciente está tendo
déficit. É um tratamento completamente relacionado a descobrir as causas que
levam ao problema”, diz.
Dicas para amenizar o
mau hálito.
Alguns hábitos podem ajudar a
controlar o possível odor desagradável. Beber muita água, ter uma alimentação
fibrosa e que exija bastante mastigação (que é o estímulo mecânico para a
produção de saliva), manter hábitos adequados de higiene bucal e ter cuidado
com os horários e escolha da alimentação são alguns deles.
Dica: carregue sempre na bolsa
um kit de higiene com escova, fio e creme dental, uma garrafinha de água e
saquinhos com frutas secas, que são bons para evitar longos períodos de jejum e
exercitar as glândulas salivares através da mastigação.
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