FONTE: Aline Torres e Paula Bianchi, Do UOL, no Rio e em Florianópolis
(noticias.uol.com.br).
"Haribô" em
Florianópolis, "brisadeiro" ou "brigadeiro mágico" no Rio de Janeiro, uma das modas do verão é a venda de produtos com
maconha. Tanto à beira mar quanto em festas e eventos de rua, os doces têm
feito sucesso e são comercializados sem receio pelos ambulantes, que faturam
até R$ 1.400 por dia.
Em Florianópolis,
cada bolinho turbinado custa R$ 7. A mistura, que também leva melado e castanha
do pará, foi batizada de haribô em homenagem a um mantra que significa
"seja você".
A criadora dos
bolinhos com cannabis, uma curitibana de 24 anos, teve a ideia há seis meses
durante uma "larica" (fome causada pelo uso de maconha). Comeu o
bolinho feito com nutella e castanhas e pensou: "e se eu colocasse
maconha?". Foi para Florianópolis e levou o comércio.
Os principais pontos
de venda são as praias de surfistas –Mole e Joaquina– e as que promovem
feirinhas alternativas --Rio Tavares, Lagoa da Conceição e Campeche.
Consumidores vorazes de quase 200 bolinhos por dia.
No Rio de Janeiro, os
vendedores de "brigadeiros para adulto" preferem manter a tradição e
seguem a receita clássica: leite condensado, chocolate, manteiga e… maconha. Na
beira da praia, fazem sucesso os "brisadeiros", vendidos a R$ 5 nos
arredores do posto 9. Já em locais como a Pedra do Sal e a praça São Salvador,
pontos de encontro concorridos dos jovens do centro e da zona sul da cidade,
são os "brigadeiros mágicos" ou "espaciais" que fazem a
cabeça da galera.
Carioca, M. entrou no
negócio há quatro meses. Junto com um amigo, com quem divide os lucros e a mão
de obra, vende de 100 a 150 brigadeiros por noite, também a R$ 5 cada,
faturando até R$ 750 no dia.
Os doces são
embalados com esmero e cobertos de granulado, enchendo a vista de adultos e
crianças. "Esse é brigadeiro para gente grande", avisa a um pequeno
que insiste em comprar o doce. "Sempre trago os normais também, mas hoje
acabou", lamenta.
Já em Jurerê
Internacional, em Santa Catarina, os vips e novos-ricos, conhecidos pela
ostentação, preferem balinha (ecstasy). Por isso, os vendedores criaram um
produto exclusivo, o óleo de maconha, por R$ 50 o frasco, que promete um
relaxamento intenso do corpo. Outra novidade da temporada é o pote de Nutella
com maconha, vendido a R$ 12, purinho.
Tanto no Rio quanto
em Santa Catarina, a Polícia Militar diz desconhecer a venda. Durante as duas
horas em que a reportagem do UOL permaneceu na praça São
Salvador nenhum vendedor foi abordado pela polícia, que observava à distância a
movimentação no local. Dezenas de jovens se aproximaram de M., perguntando
preços e comprando doces sem serem importunados. O mesmo aconteceu na praia, em
Florianópolis, onde sequer haviam policiais.
A própria M. conta
nunca ter tido problemas. "Por causa de brigadeiro nunca aconteceu nada.
Já tomei dura, sim, por fumar onde não devia", diz. A vendedora
curitibana procura ser mais discreta na presença dos "caretas" e diz
estar preparada caso seja abordada. "Dou um bolinho para o agente,
não dá para sentir o gosto da maconha, mas ele vai ficar relax".
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