terça-feira, 20 de janeiro de 2015

MÃOS MARCADAS...

                     

Senhor!
Quando me deres 
O privilégio do renascimento 
No berçário do mundo, ante as necessidades que apresento 
E aquelas que não vejo, 
Eis, Senhor, o desejo 
Em que dia por dia me aprofundo:
Deixa-me renascer em qualquer parte, 
Entretanto, que eu possa acompanhar-te 
Onde constantemente continuas 
Trabalhando e servindo em todas as estradas 
Para que eu também tenha as mãos marcadas 
Como trazes as tuas...

Quanta ilusão quando me debatia 
Crendo que o desespero fosse prece, 
A rogar-te alegria e esperança 
Sem que nada fizesse!
Imitava na Terra o lavrador 
A temer a pedra e lama, vento e bruma, 
Aguardando milagres de colheita 
Sem plantar coisa alguma.
Entretanto, Senhor, agora sei 
Que o trabalho é divino compromisso, 
Estímulo do Céu guiando-nos os passos 
E que, atendendo à semelhante lei 
Puseste ambas as mãos em nossos braços 
Por estrelas de amor e de serviço.

Assim, quando efetues 
As esperanças em que me agasalho 
E estiver entre os homens, meus irmãos, 
Que eu me esqueça em trabalho 
E me lembre das mãos... 

Não me dês tempo para lastimar-me, 
Que eu busque tão-somente a luz que me acenas...
No anseio de seguir-te 
Quero o trabalho apenas.

Dá que eu seja contigo, onde estiveres, 
Uma rósea de paz... Que eu seja alguém 
Sem destaque e sem nome 
Que se olvide no bem.
E se um dia uma cruz de provas e de agravos 
Reclamar-me a tarefa e o coração, 
Não me largues ao susto a que me enleie, 
Ajuda-me a entregar as próprias mãos aos cravos 
Da incompreensão que me rodeie, 
Entre bênçãos e fé e preces de perdão!

Não consintas que eu volte ao tempo morto 
Da ilusão convertida em desconforto, 
Dá-me os calos da paz nas tarefas do bem, 
A servir sem perguntar a quem...
Ouve, celeste amigo, 
Aspiro a estar contigo, 
Longe de minhas horas desregradas, 
Onde sempre estiveste e sempre continuas 
Plantando o amor em todas as estradas,
Para que eu também tenha as mãos marcadas 
Como trazes as tuas...

                Maria Dolores (Uberaba, 03 de Junho de 1972).

                         


"A maior caridade que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação."

Chico Xavier Emmanuel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário