FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
O uso
prolongado, em altas doses, de quase 200 medicamentos, pode provocar
tonteira, zumbido e até perda auditiva. Diuréticos, pílulas anticoncepcionais e
antiinflamatórios consumidos de forma indiscriminada estão entre
esses remédios de risco.
Tomar
com frequência medicamentos conhecidos como ototóxicos pode causar
lesões graves –algumas vezes irreversíveis – nas partes do
ouvido humano responsáveis pela audição e pelo equilíbrio.
Muitos
remédios contém o salicilato de sódio. A aspirina, por exemplo, está entre os
medicamentos ototóxicos mais comuns. Seu consumo é exagerado, até para fins
terapêuticos. Por isso, o melhor é seguir a orientação de um médico.
A
fonoaudióloga Isabela Carvalho, da Telex Soluções Auditivas, alerta para os
riscos da automedicação. “Infelizmente, é comum as pessoas tomarem
remédios por conta própria, influenciadas pela indicação de vizinhos e amigos,
o que é perigoso. As substâncias conhecidas como ototóxicas podem causar lesões
graves e, muitas vezes, irreversíveis à cóclea, a parte do ouvido humano
responsável pela audição”, ressalta.
Mas é
importante lembrar que muitos desses remédios são essenciais no tratamento de
doenças. Por isso, o ideal é que, antes do tratamento, sejam feitos exames
para verificar se já existe alguma lesão auditiva que possa se agravar com o
uso do remédio.
Quimioterápicos
usados no tratamento de câncer, antibióticos da família dos
aminoglicosídeos –usados na prevenção e no tratamento de infecções
pós-operatórias e até no combate à tuberculose – além de
antineoplásicos e antimaláricos também fazem parte da lista de remédios que
podem acarretar danos à audição.
É um
dilema enfrentado pelos médicos. Bebês prematuros também correm riscos, já que
precisam tomar antibióticos para combater determinadas infecções respiratórias.
“Os
recém-nascidos com baixo peso são muito expostos a infecções e precisam desses
remédios, mas é preciso atenção. Hoje o teste da orelhinha é uma avaliação
obrigatória, que é feita logo após o nascimento do bebê para verificar se ele
tem algum dano auditivo”, lembra a fonoaudióloga, que é especialista em
audiologia.
A
situação é ainda pior para aqueles bebês que precisam passar um bom tempo na
incubadora, porque, além dos remédios, eles são prejudicados pelo barulho nas
incubadoras, que pode chegar a até 100 decibéis.
Quando
a perda auditiva causada pelos medicamentos ototóxicos ocorre ainda na infância
pode gerar problemas na fala e no aprendizado. afetando o desenvolvimento
infantil como um todo.
“Nesses
casos, a perda auditiva é irreversível e o processamento do som sofre prejuízo.
Perde-se a capacidade de perceber com clareza a voz humana, os sons do ambiente
e até a própria voz”, explica Isabela Carvalho.
Os
efeitos da ototoxidade dos remédios são amplos e atingem indivíduos de todas as
idades. Nos ouvidos, esses medicamentos causam uma perda neurossensorial,
temporária ou definitiva, de grau variado (de leve à profunda), de acordo com o
remédio, a dose ingerida e o tempo de tratamento.
“Aconselho
a quem suspeita de alguma dificuldade auditiva que procure um médico
otorrinolaringologista o mais rápido possível. A perda auditiva pode ter muitas
causas: trauma acústico, infecções, idade avançada, mas pode ser conseqüência
também do uso prolongado de um medicamento ototóxico”, conclui a fonoaudióloga.
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