FONTE: Rayllanna Lima, TRIBUNA DA BAHIA.
“É
rapidinho! Não vou demorar!”. Essa é uma das justificativas utilizadas pelos
motoristas que ocupam as vagas demarcadas para uso exclusivo. A falta de
consciência e o desrespeito de muitos destes motoristas geram transtornos
diários a idosos e deficientes físicos, que costumeiramente encontram tais
vagas ocupadas por automóveis cujo dono não está incluído no perfil de
exclusividade da vaga demarcada.
Mesmo
que as resoluções 303 e 304 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) – que
estão em vigor desde 2008 – determinem que haja vagas demarcadas para uso
exclusivo de idosos e de pessoas com necessidades especiais, motoristas
insistem em estacionar seus carros, criando justificativas sem sustentação
legal.
“Quase
nunca encontro desocupada uma vaga destinada ao idoso. Tive que deixar Seu
Amilton esperando em frente ao supermercado, enquanto fui estacionar na parte
subterrânea do supermercado. Ele não aguenta fazer um percurso longo nem subir
muitos degraus, mas as pessoas não conseguem entender que ter acesso fácil aos
locais é um direito dele, defendido por lei. O Bompreço daqui do Matatu é um
dos piores. Questionei ao segurança quanto a fiscalização, mas eles não se
importam. Salvador é uma cidade maravilhosa, mas nosso povo é muito mal
educado”, desabafou Dalila Oliveira, cuidadora de Seu Amilton Pimenta, de 84
anos.
Dona
Aparecida Pereira não abre mão de sua independência. Aos 82 anos de idade, ela
prefere ir sozinha aos estabelecimentos. Com a mente sempre ativa, dona
Aparecida já desistiu de brigar por vagas exclusivas.
“É bem
verdade que faltam placas informativas, só que muitas vezes a pessoa vê que a
vaga é exclusiva e estaciona, apesar disto. Certa vez questionei uma mulher
quantos anos ela tinha para estacionar em vaga prioritária, ela me respondeu
que não era justo ter vaga para idoso e que, na minha idade, não era nem para
estar dirigindo. Pensei em discutir, mas achei uma ignorância tão sem tamanho,
que apenas saí. As pessoas precisam entender que ter exclusividade nos
estacionamentos não é um privilegio, e sim uma necessidade e um direito
adquirido. A mente pode estar jovem, só que o corpo não”, contou.
O mesmo
acontece em relação às vagas destinadas às pessoas com necessidades especiais.
Para esses, a situação é um tanto mais complicada. Para um cadeirante sair do
carro, por exemplo, é preciso abrir bem a porta e posicionar a cadeira. No
entanto, pessoas que não têm consciência de tal necessidade acabam
desrespeitando o direito do outro.
A
presidente da Associação Baiana de Deficientes Físicos (Abadesf), Maria Luiza
Câmera, ressalta que dificilmente encontra uma vaga exclusiva vazia. Ela avalia
a situação como um desrespeito para com as pessoas com deficiência, tendo
em vista o descumprimento das leis.
“A
coisa mais comum é chegar a um estabelecimento e encontrar a vaga ocupada por
um motorista que não deveria ocupá-la. Muitas pessoas chegam a justificar
dizendo que será coisa rápida. Já cheguei a brigar com uma mulher, e ela me
falou mal dizendo que eu nem deveria estar ali. Depois arrastou o carro
com tudo”, revelou.
Falta de fiscalização intensiva é o maior problema.
Para a
presidente da Abasdesf, falta uma fiscalização intensiva por parte dos órgãos
competentes, além de uma ampliação no número de vagas destinas ao idoso e ao
deficiente físico.
“É
difícil encontrar lugar para estacionar tanto pela falta de consciência das
pessoas quanto pela falta de vagas. Faltam placas e folhetos que avisem que
aquele local é exclusivo, que não é qualquer pessoa que pode estacionar”,
opinou Câmara, que ainda reclamou da redução feita no Shopping Barra. “É o
shopping que mais utilizo, por ser perto. Reformaram o estabelecimento,
aumentaram o número de lojas, e esqueceu-se de aumentar o número de vagas
exclusivas”, disse.
2274 infrações.
A fiscalização é feita pela Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador). Estacionar em desacordo com a regulamentação de vaga destinada ao portador de necessidades especiais e ao idoso é uma infração de natureza leve.
A fiscalização é feita pela Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador). Estacionar em desacordo com a regulamentação de vaga destinada ao portador de necessidades especiais e ao idoso é uma infração de natureza leve.
A multa
é de R$ 53,21, somada aos três pontos na carteira. Até o momento, a
Transalvador registrou 157 infrações por estacionamento em vaga para deficiente
físico, e 197 em vagas destinadas ao idoso. Em 2014, foram 837 e 1.437,
respectivamente. A medida administrativa é remoção do veículo. Os locais onde
as ocorrências foram registradas são muito variados. Rua das Araras, no bairro
do Imbuí, e Avenida Luis Viana Filho lideram o ranking.
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