Quatro pacientes se recuperavam bem
no domingo (29) de transplantes cruzados de rim, resultado de duas operações
simultâneas feitas na noite de sábado (28), em Buenos Aires. O caso é inédito
na América Latina.
Na Argentina, ainda chamou a atenção
porque um dos dois receptores de um órgão saudável é o jornalista Jorge Lanata,
autor de algumas das principais investigações contra a presidente Cristina
Kirchner. A mulher de Lanata se dispôs a doar o rim a um jovem chamado Ignacio
(cuja identidade foi preservada), que a exemplo do jornalista tinha
insuficiência renal.
Em troca, a mãe do jovem doou um rim
saudável a Lanata. Marido e mulher eram incompatíveis, assim como mãe e filho.
"De seis itens que medem a compatibilidade, eu tinha com Ignacio uma
associação perfeita em cinco, o que é raro", afirmou a mulher do
jornalista, a artista plástica Sara Stewart Brown.
Antes da operação, o jornalista
gravou um vídeo em que diz que não houve privilégio por ser figura pública.
"Estava em uma lista de receptores, que incluía a busca entre doadores
mortos. Apareceu essa família com compatibilidade, que aceitou o transplante
cruzado. Todos ganham", salientou o jornalista, que tem outros fatores de
risco. É fumante, tem excesso de peso e problemas nas coronárias, razão pela
qual recebeu cinco stents. Paciente diabético considerado de alto risco, Lanata
passava três vezes por semana por hemodiálise. Para concretizar as operações,
além de um contrato, houve aval de Ministério Público, Justiça e Instituto de
Transplantes.
Brasil.
O procedimento ocorreu pela primeira
vez em 1986 nos Estados Unidos e há registros na Espanha, no Canadá, no Reino
Unido, na Austrália e na Turquia. Segundo Elias David Neto, do Conselho da
Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), nunca foi realizado no
país. "Pelo que tenho informação é mesmo o primeiro caso da América
Latina."
*** Colaborou Paula Felix.
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