Um cônjuge influencia
os hábitos de exercícios do outro, para o bem ou para o mal, mais do que se
costuma reconhecer, segundo um novo estudo dos hábitos de ginástica de casais
de meia-idade. Esse estudo constatou que mudanças na rotina de um dos cônjuges
costumam ecoar na do outro, salientando até que ponto nosso comportamento nesse
setor é modelado pelas intenções pessoais e pelos indivíduos ao nosso redor.
Ao estudar por que as
pessoas se exercitam ou não, os cientistas costumam se concentrar –
compreensivelmente – na psicologia individual e em situações. Porém, cada vez
mais pesquisadores que estudam a ginástica também procuram fatores mais amplos
que possam exercer influência, incluindo nossos relacionamentos sociais e se
ser solteiro, casado, não ter filhos ou estar empregado tem chances de afetar o
comportamento ligado ao ato de se exercitar.
Os resultados de
estudos anteriores sobre o tema foram alternadamente previsíveis e
surpreendentes. Mulheres e homens solteiros, por exemplo, costumam se exercitar
muito mais do que pessoas casadas, embora o divórcio possa mudar isso.
Geralmente, os homens se exercitam mais depois que o casamento termina; as
mulheres nessa situação tendem a malhar menos. Homens com emprego, até mesmo se
for num escritório, costumam se exercitar mais do que os que estão
desempregados.
Já ter filhos resulta
no maior efeito negativo no tempo dedicado aos exercícios. Em uma série de
estudos, cientistas constataram que mães se exercitam muito menos do que as
mulheres sem filhos, embora frequentemente realizem atividades mais leves, tais
como cozinhar, limpar a casa e correr atrás de crianças voando pela casa. Pais
costumam se exercitar o tanto quanto antes de ter o primeiro filho, mas quando
o segundo nasce, eles vivenciam um declínio rápido e significativo no tempo
formal dedicado a malhar.
De forma
surpreendente, no entanto, havia poucos estudos de como o casamento afeta o
exercício nos anos posteriores ao crescimento das crianças e, principalmente se
e como as mudanças na rotina de exercícios de um cônjuge nesse instante afetam
a do outro.
Assim, para o novo
estudo apresentado neste mês durante reunião da Associação Americana do
Coração, em Baltimore, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins e de outras
instituições se voltaram aos dados do Estudo do Risco de Aterosclerose em
Comunidades, que inclui respostas a questionários de saúde de milhares de norte-americanos
de meia-idade. A maioria dos participantes respondeu várias vezes, começando no
final da década de 80.
Os pesquisadores
procuraram dados relacionados ao exercício de 3.261 casais casados, saudáveis e
com média de idade de 55 anos, sendo que cada um deles preencheu os
questionários ao menos duas vezes, com um intervalo de quase seis anos entre as
respostas. Como referencial, os pesquisadores se concentraram no fato de se,
segundo o primeiro questionário, cada marido ou esposa seguiu a recomendação
padrão de se exercitar para aprimorar a saúde, com 30 minutos de atividade
moderada pelo menos cinco vezes por semana. Os casais casados eram formados por
homem e mulher.
Então os cientistas
determinaram se cada um dos cônjuges havia alterado seus hábitos de exercícios
entre os questionários, e se a rotina de ginástica do casal convergira ou se
afastara durante esses anos.
O que eles
descobriram foi que os exercícios dos casais mais velhos costumavam se tornar
notavelmente similares nessa fase da vida.
Se a mulher seguia a
recomendação padrão de se exercitar durante o primeiro questionário e o marido
não, ele apresentava uma probabilidade 70 por cento maior de seguir as
recomendações seis anos mais tarde do que os homens cujas esposas não se
exercitavam muito, desde que a mulher continuasse a malhar regularmente.
Igualmente, se um
marido seguia as recomendações durante o primeiro questionário e a esposa não,
ela apresentava uma probabilidade 40 por cento maior de segui-las alguns anos
depois do que as mulheres cujos maridos eram e continuavam a ser sedentários.
Menos estimulante: se
um dos cônjuges reduzisse ou abandonasse os exercícios durante os anos entre os
questionários, o outro geralmente seguia o exemplo.
Segundo Laura Cobb,
aluna da pós-graduação da Johns Hopkins que conduziu o estudo, a implicação é
que os "cônjuges desempenham um papel fora do comum" no comportamento
ligado aos exercícios na meia-idade.
Certamente, o estudo
se valeu de informação presumível, informada pelo próprio entrevistado, então
ela "não pode provar" que os hábitos de um cônjuge afetem diretamente
o do outro. "É igualmente possível que outros fatores compartilhados
ligados ao estilo de vida" possam influenciar, tais como aposentadoria ou
mudança. Os cientistas controlaram problemas de saúde ao excluir casais se um
dos cônjuges tivesse uma doença grave.
Entretanto, o
alinhamento elegante entre os exercícios de um cônjuge de meia-idade e, após
alguns anos, os do outro sugere, no entender de Cobb, que para incentivar seu
marido ou esposa a malhar mais, você deveria acelerar a própria rotina. E se
você espera manter esse estilo de vida, deve persuadir o cônjuge sedentário a
lhe fazer companhia. Caso contrário, pode ser tremendamente tentador ir se
acomodar no sofá.
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