Em oito anos,
explodiu o número de notificações de sífilis em bebês e em gestantes no país,
conforme dados do Ministério da Saúde. Segundo especialistas, a alta está
associada à melhoria nos sistemas de diagnóstico, mas, principalmente, ao
aumento do sexo desprotegido.
O número de grávidas
com a doença passou de 1.863 em 2005 para 21.382 em 2013, alta de 1.047%. Já o
número de notificações de sífilis congênita, quando a mãe passa a doença para o
bebê, subiu de 5.832 para 13.705 no mesmo período, crescimento de 135%.
Segundo o Ministério
da Saúde, a alta se deve ao maior acesso das gestantes ao pré-natal, o que
aumenta o número de casos diagnosticados. "Estamos em um processo de
aprimoramento do sistema de detecção, então não posso concluir automaticamente
que o aumento de notificações significa aumento da incidência da doença. Nosso
compromisso principal é fortalecer a atenção básica para detectar a doença
precocemente e oferecer o tratamento à gestante", diz Lumena Furtado,
secretária de Atenção à Saúde do ministério. Ela cita um estudo feito pela
pasta que mostra queda de quase 50% na prevalência da doença em gestantes entre
2004 e 2011.
Para infectologistas,
no entanto, embora a melhoria no sistema de detecção tenha contribuído para o
aumento de notificações, o número de pessoas infectadas de fato vem crescendo.
"Eu cuido de crianças com sífilis e esse aumento é verdadeiro. Ele está
relacionado com a maior prática do sexo casual sem o uso da camisinha, o que
deixa a pessoa mais exposta à sífilis e a outras doenças sexualmente
transmissíveis", diz Regina Célia de Menezes Succi, infectologista
pediátrica e professora da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal
de São Paulo.
Adultos.
Para Francisco
Ivanildo de Oliveira Júnior, infectologista e supervisor da equipe médica do
ambulatório do Instituto Emílio Ribas, o crescimento de notificações entre
gestantes e bebês indica uma alta de casos também na população em geral.
"Embora não tenha estatísticas da doença em adultos, a gente sabe que está
crescendo por meio da prática clínica, com o aumento de casos tanto no
ambulatório do Emílio Ribas quanto nos relatos de colegas de diversas
especialidades que têm feito esse diagnóstico", diz. A notificação de
sífilis em adultos só passou a ser obrigatória em outubro do ano passado.
*** As informações
são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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