FONTE: Mirthyani Bezerra, Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
O produtor cultural
Raoni Silva, 27 anos, tinha 19 quando experimentou o primeiro cigarro. Ele
bebia em uma noitada no Recife e estava rodeado por amigos que fumavam quando a
curiosidade falou mais alto. "Minha mãe fumava e eu sempre quis saber como
era. Então, eu pedi um cigarro", diz.
A primeira
experiência com o tabaco nunca é agradável. O primeiro trago costuma causar
tontura e pode dar enjoo e dor de cabeça, além de deixar um gosto ruim na boca.
Mesmo assim, Raoni sentiu vontade de fumar quando se viu novamente em uma festa
com bebida alcoólica e muita gente com cigarro na mão. Passou a ser o que se
chama de "fumante social", ou seja, a fumar de vez em quando, em
festas ou em momentos de descontração.
O que o fumante
social não percebe é que a diferença entre fumar cotidianamente e apenas no fim
de semana, em bares e baladas, é muita pequena -- os malefícios à saúde são os
mesmos (veja
a diferença em relação ao fumante passivo).
Segundo Francisco
Mazon, pneumologista do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São
Paulo), o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e vários tipos de
câncer, em longo prazo, tem a ver com a quantidade de cigarros fumados ao longo
dos anos, independentemente se eles foram consumidos no dia a dia ou só uma ou
duas vezes por semana. "Quem fuma dois maços por dia durante 10 anos e um
(maço) por dia durante 20 anos se expõe a um risco bastante parecido de
adquirir doenças graves relacionadas ao fumo", afirma Mazon.
Nesse cenário, se
quem fuma um cigarro por dia tem 40% a mais de chance de sofrer um infarto do
que um não fumante, o fumante social que consome meio maço apenas no fim de
semana entra com sobra dentro dessa estatística.
Problemas começam já nos
primeiros cigarros.
Já no início do
consumo, quando ainda é esporádico, o cigarro traz alguns efeitos prejudiciais
à saúde, como perda no paladar, dificuldade em sentir cheiro e escurecimento
dos dentes. "Quem tem doenças respiratórias prévias, como asma, renite e
bronquite, ao fumar, pode desencadear crises mais sucessivas", afirma
Alexandre Kawassaki, pneumologista do Hospital 9 de Julho.
Quando teve uma forte
crise de amidalite, a jornalista Priscila Ferraz, 22, chegou a parar de fumar
completamente. "Sempre tive muito problema na garganta, mas as crises de
amidalite aumentaram quando comecei a fumar", diz. Ela conta que teve uma
crise tão forte que chegou a ficar quatro meses sem colocar um cigarro na boca.
"Agora, eu só fumo nos fins de semana, em festas, quando estou
bebendo".
Priscila diz que quer
deixar de fumar porque está adotando um estilo de vida mais saudável. "Eu
não tenho mais vontade de fumar todos os dias e, agora que estou correndo,
sinto no meu corpo os efeitos do consumo do cigarro no fim de semana. Na
segunda-feira, por exemplo, eu perco o fôlego e não consigo correr
satisfatoriamente", diz.
Álcool e cigarro: ressaca
em dobro.
Quando está em uma
festa ou um bar, a assistente de atendimento de uma produtora de vídeo de São
Paulo, Náthalie Vieira, 26, conta que a combinação "cervejinha e cigarro é
muito agradável" e dá "sensação de alívio, de bem-estar". Isso
acontece porque há uma combinação dos efeitos gerados por cigarro e bebidas. O
cigarro é estimulante, enquanto o álcool é depressor. "Quando se usa os
dois, as sensações são misturadas, por isso existe uma fortíssima associação
entre eles, que induz
ainda mais à dependência química", explica
Ciro Kilchenchtjen, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
Essa sensação de
bem-estar mencionada por Náthalie faz com que o álcool funcione como uma
espécie de gatilho para o uso do cigarro. "Há estudos que mostram que 90%
dos alcoólatras fumam e, em muitos casos, morrem de doenças relacionas ao uso
do cigarro", afirma Kilchenchtjen.
O bem-estar
momentâneo tende a virar pesadelo horas depois do consumo combinado. O cigarro
potencializa a ressaca. O fumante social já tem uma resposta à falta da
nicotina no organismo, o que provoca queda nos reflexos, tontura, enjoos.
"No outro dia, dá uma dor de cabeça! Além disso, o cigarro deixa um cheiro
muito ruim e queima a boca", conta Náthalie.
A
Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) lança, neste Dia Nacional de Combate
ao Fumo (29), a cartilha "Menos cinzas... Mais verde! Reduzindo bitucas...
Salvando vidas!", disponível para download no link:
http://prevencao.cardiol.br/campanhas/pdf/gibi_tabaco_2012.pdf. O material
mostra quais os malefícios do tabaco não só para a saúde, mas também para o
meio ambiente.
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