FONTE: Da Agência
Brasil, em Brasília
(noticias.uol.com.br).
O número de óbitos
entre mulheres em decorrência de parto no Distrito Federal continua em patamar
considerado alto pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Estudo apresentado quinta-feira
(28) -- Dia Nacional de Luta pela Redução da Morte Materna --, pela Companhia
de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), aponta que morreram 53,9
mulheres para cada grupo de 100 mil nascidos vivos na capital, em um período de
quatro anos - 2009 a 2013.
A OMS considera
aceitável o índice de 20 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos.
O levantamento mostra
que, apesar de alto, o índice vem diminuindo timidamente ao longo desses anos.
Para o mesmo grupo de referência, por exemplo, morreram 54,6 mulheres em 2009,
número reduzido a 53,9 em 2013.
O Brasil adota a
faixa etária de 10 a 49 anos para se referir a mulheres em idade fértil,
recorte que também apresentou queda nos número no DF. Em 2009, morreram 92,2
mulheres para cada grupo de 100 mil nessa faixa. Em 2013, morreram 83,6. Não
foi registrada morte entre as faixas de 10 a 14 anos durante o período. Os
maiores percentuais se concentram nas mulheres com idade entre 20 e 39 anos, em
sua maioria solteiras.
As principais causas
de mortalidade em mulheres em idade fértil estão relacionadas a tumores
(26,3%), causas externas como acidentes e violência (22,3%) - com acidentes,
agressões e suicídio - e doenças do aparelho circulatório (17,5%). Durante o
período, também foi identificado aumento nos casos de óbito relacionados a
transtornos mentais e comportamentais das mulheres.
Também ficou
evidente, como afirmou Ana Julieta, coordenadora de Políticas para as Mulheres,
Igualdade Racial e Direitos Humanos, que as mulheres negras ainda são as
maiores vítimas, representando 75% dos óbitos maternos, superando as diferenças
existentes na composição racial da população do DF.
"No DF, e no
Brasil como um todo, existe uma correlação entre renda, cor e raça. As mulheres
negras tendem a ser mais pobres e, portanto, as mais vulneráveis. As políticas
públicas deveriam ter uma focalização maior para reduzir a morte materna dessa
população", disse.
Os partos cesárea e
os cuidados com a saúde pré-natal também mostram que o Distrito Federal está
longe de atingir níveis considerados aceitáveis. O partos com intervenção
cirúrgica cresceram nesse período, passando de 51,8% para 54,4%. A OMS estipula
que apenas 15% sejam feitas dessa maneira. Também aumentou o percentual de
gestantes com nenhuma consulta pré-natal realizada até o momento do parto.
Para a chefe de
gabinete da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, Mônica Iassanã
dos Reis, uma estratégia para contornar o problema do alto número de cesarianas
é empoderar a mulher com conhecimento sobre o assunto.
"Que ela possa
conhecer os outros tipos de parto que existem, que o corpo dela pode ser capaz
de fazer um parto sem intervenção cirúrgica. Uma das ações mais importantes do
componente pré-natal está diretamente relacionado à captação da gestante. Fazer
com que ela chegue para a primeira consulta pré-natal antes da 12ª semana de
gestação", disse.
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