Suspeita é que
a capital baiana esteja vivendo um surto de gastroenterite viral; emergências
seguem lotadas.
Nos últimos dias, as emergências de Salvador têm ficado
lotadas com pessoas, especialmente crianças, reclamando de náuseas, vômitos, diarreias,
dores abdominais, febre baixa e dores pelo corpo. Embora os sintomas sejam
inespecíficos, a suspeita clínica é que a capital baiana esteja vivendo um
surto de gastroenterite viral.
Embora essas doenças - também chamadas de diarreicas
virais - não sejam de notificação obrigatória, como acontece com outras
provocadas por vírus, como é o caso da dengue, os sintomas indicam a presença
de norovírus.
O coordenador da Vigilância Epidemiológica da Secretaria
Municipal de Saúde, Ênio Soares, reconhece que houve um aumento no fluxo de
procura nos postos de saúde da cidade, mas que as queixas também incluem
sintomas como as manchas na pele (exantema ou rash máculopapular).
“Historicamente, as doenças diarreicas aparecem no final de maio e início de
junho até julho, mas como as chuvas estão muito presentes nesse período e há
suspeita de doenças como dengue, chicugunya e zika, é preciso redobrar a
atenção”, completa.
De acordo com o infectologista e professor da Escola
Bahiana de Medicina e Saúde Pública Robson Reis, a grande preocupação é que nas
infecções causadas pelo mosquito Aedes aegypti também podem surgir
sintomas como a diarreia e os vômitos.
“Não é comum, mas não se pode descartar nenhuma
possibilidade, especialmente porque não há um tratamento específico para essas
viroses e não temos como ter uma certeza do agente, porque as gastroenterites
virais não são de notificação obrigatória, fato que dificulta um rastreamento
sobre surtos, mas há seis meses tivemos um quadro parecido com esse que
vivemos”, esclarece o médico, ressaltando que, nesses casos, o mais importante
é garantir a boa hidratação, especialmente em crianças, idosos, grávidas e
pessoas com a imunidade comprometida.
Com uma postura parecida, o também infectologista
Claudilson Bastos lembra que as viroses que se manifestam com desconfortos
gastrointestinais, geralmente, são transmitidas por meio de água contaminada,
alimentos manipulados por pessoas infectadas ou contato direto com o material
fecal de uma pessoa doente. “A diferença entre as gastroenterites causadas
por vírus e por bactéria é a intensidade.
Nas virais, os sintomas são mais brandos e costumam
desaparecer em até cinco dias”, esclarece o médico, ressaltando que nas
manifestações causadas por bactérias, as pessoas ficam mais debilitadas, com
quadros de febre mais intensos e com episódios de diarreia ao longo do dia. “O
importante quando houver diarreia e vômito é não deixar o quadro evoluir para
uma desidratação”, reforça.
Prevenção.
Os especialistas são unânimes em afirmar que, como não é possível controlar as condições climáticas, o ideal é apostar no reforço da higiene, especialmente das mãos. “É importante lavar as mãos sempre que for comer, tomando todo o cuidado para evitar ficar levando a mão à boca, especialmente àquelas pessoas que roem unhas, além de evitar comer em locais onde não se conhece a procedência dos alimentos servidos”, ensina Robson Reis.
Os especialistas são unânimes em afirmar que, como não é possível controlar as condições climáticas, o ideal é apostar no reforço da higiene, especialmente das mãos. “É importante lavar as mãos sempre que for comer, tomando todo o cuidado para evitar ficar levando a mão à boca, especialmente àquelas pessoas que roem unhas, além de evitar comer em locais onde não se conhece a procedência dos alimentos servidos”, ensina Robson Reis.
Ele diz que uma forma muito comum de contrair as
diarreias virais é o aperto de mão. “As pessoas se cumprimentam, tocam em
locais contaminados e depois levam as mãos à boca, daí a necessidade de ter
álcool gel sempre à mão”, completa.
Ênio Soares, por sua vez, lembra que, nesse período, os
agentes de saúde estão visitando os domicílios e fazendo o combate aos agentes
transmissores de diarreias virais ou bacterianas com o uso de uma determinada
quantidade de hipoclorito de sódio (água sanitária) nos reservatórios de água
das casas.
O médico toxicologista Flávio Zambrone, consultor da
Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor),
destaca que, apesar da intermitência no abastecimento em algumas áreas da
cidade, a água da chuva não deve ser usada para cozinhar, lavar roupas, frutas,
verduras ou louça. “O ideal é utilizá-la para jogar no vaso sanitário”, diz.
Ele destaca ainda que todas as frutas e verduras
consumidas devem ser deixadas durante 15 minutos numa solução de água e
hipoclorito de sódio (para cada litro de água que será usada para cozinhar
alimentos deve ser colocada uma colher de sopa de água sanitária) e, na
sequência, enxaguados com água potável. “Para não haver desperdícios, a água
usada na desinfecção dos alimentos pode ser aproveitada para lavar panos de pia
e bancadas”, ensina o toxicologista.
Para tratar as doenças diarreicas virais, não existe um
procedimento específico, apenas garantir uma boa alimentação, repouso e
controle dos sintomas. “Nesses casos, é importante que o paciente evite a
automedicação e busque uma avaliação profissional”, pontua Robson Reis. Ele diz
ainda que, embora os sintomas possam variar de pessoa para pessoa, o incômodo
costuma desaparecer depois de três a cinco dias.
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