terça-feira, 26 de maio de 2015

SURTO DO NOROVÍRUS PODE SER EVITADO COM HIGIENE PESSOAL, ÁGUA E ALIMENTOS...

FONTE: Carmen Vasconcelos (carmen.vasconcelos@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.

Suspeita é que a capital baiana esteja vivendo um surto de gastroenterite viral; emergências seguem lotadas.
Nos últimos dias, as emergências de Salvador têm ficado lotadas com pessoas, especialmente crianças, reclamando de náuseas, vômitos, diarreias, dores abdominais, febre baixa e dores pelo corpo. Embora os sintomas sejam inespecíficos, a suspeita clínica é que a capital baiana esteja vivendo um surto de gastroenterite viral.
Embora essas doenças - também chamadas de diarreicas virais - não sejam de notificação obrigatória, como acontece com outras provocadas por vírus, como é o caso da dengue, os sintomas indicam a presença de norovírus.  

O coordenador da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Ênio Soares, reconhece que houve um aumento no fluxo de procura nos postos de saúde da cidade, mas que as queixas também incluem sintomas como as manchas na pele (exantema ou rash máculopapular). “Historicamente, as doenças diarreicas aparecem no final de maio e início de junho até julho, mas como as chuvas estão muito presentes nesse período e há suspeita de doenças como dengue, chicugunya e zika, é preciso redobrar a atenção”, completa.
De acordo com o infectologista e professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública Robson Reis, a grande preocupação é que nas infecções causadas pelo mosquito Aedes aegypti  também podem surgir sintomas como a diarreia e os vômitos.
“Não é comum, mas não se pode descartar nenhuma possibilidade, especialmente porque não há um tratamento específico para essas viroses e não temos como ter uma certeza do agente, porque as gastroenterites virais não são de notificação obrigatória, fato que dificulta um rastreamento sobre surtos, mas há seis meses tivemos um quadro parecido com esse que vivemos”, esclarece o médico, ressaltando que, nesses casos, o mais importante é garantir a boa hidratação, especialmente em crianças, idosos, grávidas e pessoas com a imunidade comprometida.
Com uma postura parecida, o também infectologista Claudilson Bastos lembra que as viroses que se manifestam com desconfortos gastrointestinais, geralmente, são transmitidas por meio de água contaminada, alimentos manipulados por pessoas infectadas ou contato direto com o material fecal de uma pessoa doente. “A diferença entre as gastroenterites causadas por vírus e por bactéria é a intensidade.
Nas virais, os sintomas são mais brandos e costumam desaparecer em até cinco dias”, esclarece o médico, ressaltando que nas manifestações causadas por bactérias, as pessoas ficam mais debilitadas, com quadros de febre mais intensos e com episódios de diarreia ao longo do dia. “O importante quando houver diarreia e vômito é não deixar o quadro evoluir para uma desidratação”, reforça.
Prevenção.
Os especialistas são unânimes em afirmar que, como não é possível controlar as condições climáticas, o ideal é apostar no reforço da higiene, especialmente das mãos. “É importante lavar as mãos sempre que for comer, tomando todo o cuidado para evitar ficar levando a mão à boca, especialmente àquelas pessoas que roem unhas, além de evitar comer em locais onde não se conhece a procedência dos alimentos servidos”, ensina Robson Reis.
Ele diz que uma forma muito comum de contrair as diarreias virais é o aperto de mão. “As pessoas se cumprimentam, tocam em locais contaminados e depois levam as mãos à boca, daí a necessidade de ter álcool gel sempre à mão”, completa.
Ênio Soares, por sua vez, lembra que, nesse período, os agentes de saúde estão visitando os domicílios e fazendo o combate aos agentes transmissores de diarreias virais ou bacterianas com o uso de uma determinada quantidade de hipoclorito de sódio (água sanitária) nos reservatórios de água das casas. 
O médico toxicologista Flávio Zambrone, consultor da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), destaca que, apesar da intermitência no abastecimento em algumas áreas da cidade, a água da chuva não deve ser usada para cozinhar, lavar roupas, frutas, verduras ou louça. “O ideal é utilizá-la para jogar no vaso sanitário”, diz.
 Ele destaca ainda que todas as frutas e verduras consumidas devem ser deixadas durante 15 minutos numa solução de água e hipoclorito de sódio (para cada litro de água que será usada para cozinhar alimentos deve ser colocada uma colher de sopa de água sanitária) e, na sequência, enxaguados com água potável. “Para não haver desperdícios, a água usada na desinfecção dos alimentos pode ser aproveitada para lavar panos de pia e bancadas”, ensina o toxicologista.

Para tratar as doenças diarreicas virais, não existe um procedimento específico, apenas garantir uma boa alimentação, repouso e controle dos sintomas. “Nesses casos, é importante que o paciente evite a automedicação e busque uma avaliação profissional”, pontua Robson Reis. Ele diz ainda que, embora os sintomas possam variar de pessoa para pessoa, o incômodo costuma desaparecer depois de três a cinco  dias.

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