FONTE: CORREIO DA BAHIA ( ).
O Brasil possui
299,7 presos para cada 100 mil habitantes, uma taxa menor apenas do que a
verificada nos Estados Unidos, Rússia e Tailândia.
Na contramão do que vem ocorrendo entre os países com as
maiores populações prisionais do mundo, o Brasil aumentou o seu ritmo de
encarceramento em 33% entre 2008 e 2014, conforme o Levantamento Nacional de
Informações Penitenciárias (Infopen), divulgado ontem, pelo Ministério da
Justiça.
Atualmente, o Brasil possui a quarta maior população
prisional do mundo - 607.731 pessoas estavam em situação de privação de
liberdade em junho de 2014, quando os dados foram coletados -, sendo superado
por Estados Unidos (2.228.424 pessoas), China (1.657.812) e Rússia (673.818).
Em termos proporcionais, o Brasil possui 299,7 presos
para cada 100 mil habitantes, uma taxa menor apenas do que a verificada nos
Estados Unidos (698 presos para cada 100 mil habitantes), na Rússia (468) e na
Tailândia (457). O estado de São Paulo possui o maior número de presos - 219.053
pessoas -, sendo responsável por 36% da população prisional de todo o Brasil.
Enquanto a taxa de aprisionamento subiu 33% no Brasil
entre 2008 e 2014, a variação foi negativa entre os demais países com maior
população prisional no mundo - nos EUA, caiu 8%; na China, 9%; e na Rússia,
24%. “Mantida essa tendência, pode-se projetar que a população privada de
liberdade do Brasil ultrapassará a da Rússia em 2018”, informa o levantamento.
Conforme o documento, o número de pessoas privadas de
liberdade no Brasil saltou de 90 mil em 1990 para 607,7 mil no ano passado, um
aumento de 575,22% em 24 anos. “Desde 2000, a população prisional cresceu, em
média, 7% ao ano, totalizando um crescimento de 161%, valor dez vezes maior que
o crescimento do total da população brasileira, que apresentou aumento de
apenas 16% no período”, aponta o relatório. O levantamento sustenta que “em
2075, uma em cada dez pessoas estará em situação de privação de liberdade”, se
mantido o ritmo de encarceramento. Já em 2022, o país terá, pelas projeções,
mais de um milhão de presos.
SUPERLOTAÇÃO.
Um dos resultados desse encarceramento crescente é que o número de presos no Brasil é “consideravelmente superior” às 377 mil vagas disponibilizadas no sistema penitenciário, o que expõe um déficit de 231.062 vagas. No relatório, a taxa de ocupação média dos estabelecimentos penais brasileiros é de 161% - ou seja, em um espaço que deveria abrigar 10 indivíduos, há 16 pessoas encarceradas.
Um dos resultados desse encarceramento crescente é que o número de presos no Brasil é “consideravelmente superior” às 377 mil vagas disponibilizadas no sistema penitenciário, o que expõe um déficit de 231.062 vagas. No relatório, a taxa de ocupação média dos estabelecimentos penais brasileiros é de 161% - ou seja, em um espaço que deveria abrigar 10 indivíduos, há 16 pessoas encarceradas.
Em levantamento realizado pelo G1 com dados de maio,
também divulgado ontem, a superlotação média no Brasil já chega a 66%, o que
significa 166% de ocupação. De acordo com o site, a situação é ainda mais
crítica em estados como Pernambuco e Amazonas, com 183,8% e 175,2% de
superlotação, respectivamente. Na Bahia, o número que indica o excesso de
presos nos presídios é de 51,4%.
O Infopen também informa que a população carcerária do
Brasil é formada majoritariamente por jovens, negros, pobres e de baixa
escolaridade. Os jovens (18 a 29 anos) representam 56% de todas as pessoas
presas no país, o que é mais que o dobro da presença dessa faixa etária na
população, composta por apenas 21,5% de jovens.
Do total de presos no Brasil, aponta o levantamento, 41%
são provisórios, ou seja, não foram ainda sentenciados. Outros 41% estão no
regime fechado, já condenados, 15% cumprem regime semiaberto e 3% em regime
aberto.
Quase um terço (27%) dos crimes praticados ou tentados
entre os detentos foi tráfico. Em seguida, o roubo corresponde a 21% do total
de delitos, seguido de homicídio (14%) e furto (11%). Quando analisada somente
a população carcerária feminina, 63% dos crimes cometidos são relacionados ao
tráfico.
População penitenciária brasileira tem 41% de presos
provisórios.
O Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias,
realizado em junho de 2014, aponta que 41% da população encarcerada é formada
por presos provisórios, ou seja, pessoas que estão aguardando julgamento dentro
dos presídios. No Piauí, que lidera o ranking nacional, com
66% dos adultos privados de liberdade cumprindo prisão provisória, casos como o
de um detento que roubou R$ 200 de um estabelecimento comercial e está preso há
16 meses aguardando julgamento dimensionam o problema.
Na Bahia, 56,4% da população prisional aguarda
julgamento. Para a pesquisadora Camila Nunes Dias, integrante do Núcleo de
Estudos da Violência da USP e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, muitos
juízes decretam prisão de forma indiscriminada. “O sistema Judiciário não
tem capacidade de dar conta desse excesso de prisões em flagrante, não consegue
julgar as pessoas em um tempo razoável.
Então há uma enorme quantidade de presos provisórios
aguardando julgamento em regime fechado, o que é um absurdo. E vale lembrar que
isso só acontece porque essas pessoas, em sua maioria, são desprovidas de
assistência jurídica”, afirmou em entrevista ao G1. Em São Paulo, um projeto
implantado no começo do ano tenta agilizar a análise das prisões provisórias.
Agora, o preso em flagrante tem direito a uma audiência de custódia.
Ou seja, sua prisão só poderá ser convertida em
preventiva (sem prazo) na presença do juiz, advogado ou defensor e Ministério
Público, em até 24 horas. Antes, o juiz convertia a prisão baseado no que
estava escrito no flagrante. O levantamento aponta ainda que apenas uma de cada
10 pessoas presas realiza atividade educacional no Brasil.
Os dados indicam que Paraná, Ceará e Pernambuco são os
estados com a maior proporção de presos realizando atividade educacional - 22%,
20% e 20%, respectivamente. Já o Rio de Janeiro (1%), Rio Grande do Norte (2%)
e Amapá (2%) apresentam a menor proporção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário