FONTE: *** Jairo Bouer (doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
Uma análise de
estudos científicos que acaba de ser publicada aponta para um possível marcador
biológico para o suicídio. Segundo os trabalhos, indivíduos que planejam se
matar apresentam níveis mais altos de citocinas, substâncias químicas que
promovem a inflamação. Os níveis são mais altos até mesmo daqueles encontrados
em pacientes tratados para os mesmos transtornos psiquiátricos, mas que não
pensam em se suicidar.
O suicídio é um
problema grave de saúde pública. Só nos Estados Unidos, uma pessoa acaba com a
própria vida a cada 12,8 minutos, de acordo com a Fundação Americana para a
Prevenção do Suicídio. Por isso, quanto mais pesquisas houver nessa área,
maiores as chances de se evitar essa tragédia, que tem enorme impacto para as
famílias.
As citocinas estão
envolvidas em doenças como atrite (nas articulações), no coração
(aterosclerose) e nos pulmões (asma). Estudos têm sugerido que essas
substâncias podem ser liberadas em condições de estresse psicológico e que a inflamação
no cérebro contribui para a depressão.
Para realizar o
trabalho, os médicos Carmen Black e Brian Miller, da Universidade Georgia
Regents, nos Estados Unidos, reuniram dados de 18 estudos publicados,
envolvendo um total de 583 pacientes psiquiátricos com tendências suicidas, 315
sem pensamentos suicidas e 845 indivíduos saudáveis. A análise mostrou que o
primeiro grupo apresentava níveis significativamente maiores de citocinas no
sangue e no cérebro.
Para os autores, os
resultados reforçam uma evidência cada vez mais forte de que uma disfunção no
sistema imunológico, o que inclui a inflamação, pode estar envolvida nos
transtornos psiquiátricos em certos indivíduos.
O estudo, publicado
no periódico Biological Psychiatry, tem limitações, e ainda são necessárias mais pesquisas
sobre o tema. Mas os autores acreditam que investigar possíveis marcadores
biológicos associados ao suicídio seja uma forma de, no futuro, aumentar as
chances de controlar esse risco nos pacientes. E, quem sabe, evitar muito sofrimento.
Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, com residência em psiquiatria no Instituto de
Psiquiatria da USP. A partir do seu trabalho no Projeto Sexualidade do Hospital
das Clínicas da USP (Prosex), passou a focar seu trabalho no estudo da
sexualidade humana. Hoje é referência no Brasil, para o grande público, quando
o assunto é saúde e comportamento jovem, atendendo a dúvidas através de
diferentes meios de comunicação.
Sobre
o blog.
Neste espaço,
Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre saúde, sexo e
comportamento.
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