sexta-feira, 26 de junho de 2015

CINTO DE SEGURANÇA DIMINUI EM ATÉ 75% O RISCO DE MORTES EM ACIDENTES...

FONTE: Nelson Rocha, TRIBUNA DA BAHIA.

Apenas 50,2% da população brasileira têm o habito de usar o cinto de segurança no banco traseiro de carros ou vans.

    

As mortes do cantor sertanejo Cristiano Araújo, 29 anos, e sua namorada, Allana Moraes, 19 anos, em acidente na BR-153, em Goiás, na madrugada de quarta-feira (24), poderiam ser evitadas se ambos estivessem utilizando o cinto de segurança.
Se um carro a 80 quilômetros por hora, conduzindo um passageiro de 70 quilos no banco traseiro sem o cinto de segurança, sofrer uma colisão, o impacto do corpo deste sobre o condutor ou carona será de 5,2 toneladas, com consequências graves para quem está sentado à frente do veículo.
Pesquisa nacional promovida pelo Ministério da Saúde, em parceria com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que apenas 50,2% da população brasileira têm o habito de usar o cinto de segurança no banco traseiro de carros ou vans, apesar de comprovadamente o fato de por o utensílio reduzir o risco de morte no trânsito.
Ao que tudo indica, os baianos estão se conscientizando disto, mas a maioria ainda desafia o que recomenda o artigo 65 do Código de Trânsito e corre o risco de entrar para as estatísticas dos acidentes fatais.    
Segundo o estudo, os entrevistados mostram mais consciência quando estão no banco da frente, em que 79,4% das pessoas com 18 anos ou mais dizem sempre usar o item de segurança. Contudo, o cinto na parte traseira do veículo reduz mais o risco de morte, pois, em uma colisão, impede que o corpo dos passageiros seja projetado para frente, atingindo o motorista e o carona.
Estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) mostra que o cinto de segurança no banco da frente reduz o risco de morte em 45% e, no banco traseiro, em até 75%. Em 2013, um levantamento da Rede Sarah apontou que 80% dos passageiros do banco da frente deixariam de morrer se os cintos do banco de trás fossem usados com regularidade.
 “Em Salvador nós não temos pesquisa, mas não usar o cinto de segurança no banco traseiro é um perigo terrível, mas infelizmente faz parte de uma cultura nacional”, diz Miriam Bastos, gerente de educação para o trânsito da Transalvador. Já o condutor que não usa o utensílio, comete infração que gera multa de R$ 127,69 e cinco pontos negativos na Carteira de Habilitação.   
Conforme Miriam Bastos, os motoristas da capital baiana aos pouco vão entendendo o quanto é importante usar o cinto com o veículo em movimento. “Isto acontece por conta do processo educativo e da fiscalização. Agora mesmo, no São João, fizemos campanha alertando para a importância do uso do cinto e do perigo do uso do celular ao volante. Cabe ao condutor do veículo exigir de todos os passageiros por o cinto, que só pode ser retirado depois do carro estacionado. Percebemos que os motoristas que transitam na área central da cidade são os mais atentos a estes detalhes”.
Perigo nas estradas.
Levantamento da Polícia Rodoviária Federal no estado aponta 14.815 notificações para motoristas dirigindo nas estradas sem usar o cinto, e 4.922 passageiros na mesma situação, isto em 2014. Este ano, até a última quarta-feira, 24, a PRF já flagrou 11.938 condutores sem o cinto e 3.775 passageiros cometendo o mesmo absurdo. “É fundamental o uso do cinto, que é o socorro mais rápido em caso de acidente. Nada supera a importância do uso dele. E quem está no banco de trás e não usa, pode até matar quem está no banco da frente”, concluiu. 
A propósito, balanço da Polícia Rodoviária Federal revela que houve redução de mortes e feridos nas estradas baianas entre os dias 19 e 24 deste mês, período de intenso movimento na malha rodoviária devido ao São João, em comparação ao mesmo período no ano passado. Foram 229 acidentes em 2014 e 199 este ano, o que representa uma redução de 13 por cento. Em 2014, 133 pessoas ficaram feridas, enquanto que este ano 117, uma redução de 12%. Quatorze pessoas morreram vítimas de acidentes de carro em 2014, e este ano 12, o que equivale a uma redução de 14,29%. 
Alarmes de segurança.
O deputado federal Jorge Solla (PT-BA) apresentou na quinta-feira (25) um Projeto de Lei 2103/15 que torna item obrigatório de segurança dos veículos leves produzidos no Brasil o alerta sonoro e visual para o uso do cinto de segurança nos bancos dianteiros e traseiros.
A medida visa reduzir o número de vítimas fatais em acidentes de trânsito decorrentes do desuso do item de segurança, como foi o caso do cantor sertanejo Cristiano Araújo, de 29 anos, e sua namorada, Allana Moraes, de 19. Os dois morreram em acidente na BR-153, em Goiás, na madrugada de quarta-feira (24) e poderiam ter sobrevivido caso estivessem utilizando o cinto de segurança.
“Há 18 anos o Código de Trânsito está em vigor e mesmo a fiscalização e a aplicação de multa não foram suficientes para mudar uma cultura de não usar o cinto no banco traseiro. O clamor popular para a morte do Cristiano Araújo pode nos deixar como legado a adoção de medidas que ajudem a reduzir o espantoso número de vítimas em acidentes de trânsito no país”, destaca Solla.
O dispositivo do alerta para cinto de segurança emite sinais sonoro e visual intermitentes cada vez que sensores identificam a presença de passageiros no veículo sem o devido uso do item. O acessório já é utilizado em carros de luxo no Brasil e na maioria dos carros do mundo. “É um custo muito baixo perto do impacto positivo que irá trazer na redução do número de vítimas fatais em acidentes”, destaca o deputado.
Segundo dados do Datasus, em 2013 morreram 40.451 pessoas no Brasil vítimas de acidente de trânsito, enquanto outras 170.805 ficaram feridas. No SUS, os custos para o atendimento emergencial das vítimas naquele ano foram de R$ 231 milhões.
Desde o início deste ano, todos os veículos automotivos leves produzidos no Brasil já saem de fábrica com o sistema de freios ABS e air-bags de segurança. A inclusão destes dois itens entre os obrigatórios foi aprovada pelo Congresso em 2009, através de projeto de iniciativa do ex-senador Eduardo Azeredo. A norma foi regulamentada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e começou a vigorar em janeiro.

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