FONTE: Karina Toledo, Agência Fapesp (noticias.uol.com.br).
Com meros 7
centímetros de comprimento, o escorpião amarelo (Tityus serrulatus) não parece
muito ameaçador, mas a espécie é, na verdade, a mais peçonhenta da América do
Sul. Todos os anos, mais de 1,2 milhão de pessoas em todo o mundo são vítimas
de seu veneno. Dessas, cerca de 3 mil acabam morrendo.
De acordo com dados
da literatura científica, a maioria das mortes decorrentes da picada do
escorpião amarelo – espécie venenosa prevalente no Sudeste brasileiro – está
relacionada a complicações cardíacas e pulmonares que resultam em um quadro de
insuficiência respiratória.
Um estudo
publicado na terça (23) por
pesquisadores brasileiros na revista Nature Communications sugere que o
problema poderia ser evitado – ou pelo menos minimizado – com a pronta
administração de medicamentos anti-inflamatórios encontrados em qualquer
farmácia, como a indometacina e o celecoxibe.
"Nossos
experimentos foram feitos com camundongos, mas há grandes chances de que os resultados
se repliquem em humanos, pois as bases moleculares – os mediadores envolvidos
na reação inflamatória pulmonar – são iguais nesse caso. Se isso se confirmar,
será uma ferramenta importante no pronto atendimento das vítimas e certamente
vai diminuir a mortalidade", avaliou a pesquisadora Lúcia Helena Faccioli,
da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP.
Segundo a
especialista, sempre que alguém é picado pelo T. serrulatus ocorre uma reação
inflamatória local que causa fortes dores, mas não leva à morte. Em alguns
casos, porém, também é desencadeada uma reação inflamatória sistêmica, que pode
resultar em edema pulmonar (acúmulo de líquido no pulmão) e prejudicar a
respiração.
Até o momento, o
consenso entre os cientistas era que a gravidade do quadro de envenenamento
dependeria essencialmente da relação entre a massa corporal da vítima e a dose
de toxina inoculada. No entanto, o estudo da FCFRP-USP indica que pode haver
fatores genéticos relacionados, que influenciariam na capacidade do indivíduo
de produzir certas moléculas inflamatórias e anti-inflamatórias.
"Os mecanismos
pelos quais essa reação sistêmica é disparada, os mediadores envolvidos, não
eram conhecidos e foram objetos do nosso estudo", contou Faccioli.
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