Um novo estudo sugere
que não colocar muito peso sobre os pés pode manter a maioria dos corredores
saudável.
Lesões de corrida são
extremamente comuns, com algumas estatísticas estimando que até 90 por cento
dos corredores percam tempo de treinamento a cada ano por causa delas.
Mas ainda não se
descobriu a causa estrutural de muitas dessas lesões. Estudos anteriores e a
opinião popular já culparam o aumento da distância, do peso, do passo, os tênis
de corrida modernos, a mania de andar descalço, os quadris fracos, a
alimentação e o chão irregular ou as trilhas. Mas, mais frequentemente, as
pesquisas descobriram que o melhor indicador de uma lesão futura é uma que já ocorreu,
o que, francamente, não é uma conclusão que ajude muito os corredores que
esperam não se machucar.
Assim, para o novo
estudo, que foi publicado em dezembro no The British Journal of Sports
Medicine, pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard e outras universidades
decidiram avaliar as lesões de corrida, um dos aspectos mais óbvios, mas
surpreendentemente menos estudados desse esporte, e focar a atenção, em parte,
naqueles raros corredores que nunca se machucaram.
Mais especificamente,
eles escolheram prestar atenção na batida, ou carga de impacto, que significa a
quantidade de força que criamos quando pisamos no chão. Claro que a batida é
inevitável durante a corrida, mas corredores com tipos parecidos de corpos e
estilos de corrida podem experimentar uma grande diferença na quantidade de
carga de impacto, e não estava claro até que ponto essas diferenças contribuem
diretamente para as lesões.
Os pesquisadores
recrutaram 249 corredoras amadoras experientes, que foram escolhidas em parte
porque batiam no chão com os calcanhares quando corriam. A maioria dos
corredores bate com o calcanhar, e isso, segundo vários especialistas, causa
mais impacto do que tocar o chão com o meio ou a parte da frente do pé,
possivelmente contribuindo para um risco maior de lesões. (Os cientistas
escolheram só mulheres para ter um fator a menos para controlar em seus
resultados).
Em um laboratório de
biomecânica, as voluntárias responderam questionários sobre seu histórico de
lesões e correram em uma esteira equipada com monitores de força para
determinar sua carga de impacto.
Depois, os cientistas
pediram para cada voluntária completar um registro online diário de corrida e
relatar os machucados.
Os pesquisadores
acompanharam as corredoras por dois anos.
Durante esse tempo,
mais de 100 relataram ter sofrido lesões sérias o suficiente para exigir
atendimento médico. Outras 40 falaram de ocorrências menos sérias, e o resto
não teve problemas.
O mais notável, de
acordo com os pesquisadores, foi que 21 das corredoras não só não se machucaram
durante o estudo de dois anos como também não tinham lesões anteriores. Elas
permaneceram corredoras de longo prazo virgens de lesões.
Intrigados, os
cientistas decidiram comparar a carga de impacto desse pequeno grupo com a
batida das corredoras que se machucaram seriamente, já que, pela teoria dos
pesquisadores, o contraste entre esses grupos deveria revelar se a força da
batida afeta o risco de se lesionar.
A resposta é que sim.
As corredoras que nunca se machucaram, como um grupo, pisavam muito mais leve
do que aquelas que se lesionaram seriamente, segundo os estudiosos, mesmo
quando os pesquisadores controlaram distância, peso corporal e outras
variáveis.
Esses resultados
refutam a crença de que um corredor não pode pisar levemente com os
calcanhares.
"Uma das
corredoras que estudamos, uma mulher que terminou várias maratonas e nunca se
machucou, tinha uma das menores cargas de impacto que já vimos", diz Irene
Davis, professora de Harvard que conduziu o estudo. Ela batia muito menos do que
muitos corredores que pousam com a parte da frente dos pés, afirma.
"Quando você a vê correr, é como ver um inseto andando sobre a água. É
lindo."
As informações, no
entanto, também contêm uma mensagem mais geral para aqueles que não são tão
finos e delicados na hora de correr. Pense conscientemente em "pisar
leve", avisa Irene. Alguns atletas, especialmente aqueles que têm uma
longa história de lesões, podem experimentar pisar mais perto do meio do pé,
diz ela, já que muitos -- mas não todos -- os corredores naturalmente pousam
mais leve quando não usam os calcanhares.
Considere também
aumentar um pouco a cadência, explica ela, que é o número de passos que a
pessoa dá por minuto, uma mudança que também tende a reduzir a força da batida
de cada passo. Ou você pode, como eu planejo fazer, imaginar que está correndo
sobre cascas de ovo ou, ainda mais sugestivo, sobre a água, movendo-se
graciosamente e sem peso sobre um lago.Pisar leve diminui o risco de lesões em
corredores.
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