FONTE: Redação, (www.msn.com).
A palavra mania tem dois significados. Pode ser tanto um
gosto ou uma preocupação excessiva com algo quanto uma prática repetitiva, um
hábito estranho e excêntrico. Os gestos automáticos são imperceptíveis para
aqueles que os praticam. Chupar o dedo, por exemplo, é um tique nervoso comum
entre as crianças que está associado a fatores sociais e biológicos. A mania
pode atrapalhar na formação dentária e também trazer distúrbios à fala.
A sucção não nutritiva é um ato natural para os bebês e
indispensável para a sua sobrevivência, pois ajuda a fortalecer a musculatura
maxilar e facilita o processo de amamentação dos pequenos. Eles começam a
chupar o dedo ainda na barriga da mãe. Alguns deles, contudo, mesmo quando não
sentem fome, têm um forte desejo de sucção. A criança já nasce com esse
impulso, porque chupar o dedo faz parte do processo de desenvolvimento
psicossocial infantil. “O hábito só se torna nocivo quando traz problemas
odontológicos, problemas na mastigação, atraso na fala e constrangimento social”,
afirma a especialista em odontopediatria Maria Tereza S. Wendel Grainer.
Inicialmente, chupar o dedo substitui o peito da mãe. Na
psicologia, o nome dessa troca é objeto substitucional. A sucção não nutritiva
é importante até uma determinada fase da vida da criança, quando ela ainda
depende emocionalmente dos pais e sente-se insegura. “Às vezes, o filho sofre o
que chamamos de ansiedade de separação e acha uma forma de repor essa
ausência”, explica a psicóloga infantil Laura Goulart. É assim que alguns bebês
desenvolvem esse hábito, pois associam o amor à oralidade.
O hábito, comum até os três ou quatro anos, faz mal
dependendo da força e da frequência com que a criança o repete. “Se os pais
começarem a notar que os pequenos estão chupando muito o dedo, eles podem
inserir a chupeta”, aconselha a dentista. Entre os problemas que a sucção não
nutritiva pode causar, se prolongada além do período aceitável, está a mordida
aberta. Com os caninos no topo, a criança não consegue morder com os dentes da
frente. A ausência do contato entre a arcada superior com a inferior ocorre
porque a mandíbula está afastada da maxila em alguma posição do arco dentário.
O dedo é um obstáculo que impede a erupção completa dos dentes anteriores, o
que produz uma deformação na estrutura óssea.
Além disso, a articulação dos fonemas também é afetada no
período em que acontece a alfabetização. “Os pais precisam reparar nos caninos.
Se eles estiverem no topo, a mordida está errada e é preciso consertar o
problema com urgência”, afirma Maria Tereza. Chupar o dedo também pode causar
flacidez labial e respiração bucal. De acordo com a dentista, se o hábito
persistir, é difícil corrigir o problema. “Mesmo que a criança coloque um
aparelho, não fica 100%”.
A fonoaudióloga especialista em crianças Katya Cabrera
Rodrigues explica que chupar o dedo nunca é bom, pois ele faz mais pressão que
a chupeta, e o céu da boca fica mais fundo. “O hábito faz com que a língua
venha muito para frente e a criança coloca o órgão para fora. Isso faz com que
ela troque os fonemas sonoros pelos surdos”. Um exemplo é a substituição da
letra “v” pelo “f” ‒ em vez de vaca, a criança fala faca.
A terapia fonoaudiológica é o último recurso, utilizado
caso os problemas já estejam evidentes. “Primeiro avaliamos respiração,
mastigação e fonação, depois orientamos as famílias a desviar o foco dos bebês
dos dedos”. O tratamento corrige mastigação, deglutição, linguagem e
respiração. Uma outra adequação é ensiná-la a mastigar dos dois lados da
boca.
Dicas:
- Converse: É unanimidade entre os profissionais que conversar com
os bebês funciona. A dentista Maria Tereza S. Wendel Grainer afirma que 99% dos
casos são resolvidos antes do aparelho. “Tem que dar atenção, carinho, sentar e
falar com ele de como isso vai prejudicá-lo no futuro”, aconselha. A psicóloga
Laura Goulart explica que, desde os seis meses de idade, a criança entende o
que está sendo dito.
- Ocupe as
mãos: sem segurar nada, fica mais fácil
para as crianças levar a mão à boca. “Coloque algo nas mãos da criança, como
lencinhos, ursos e paninhos. Isso vai impedir que ela chupe os dedos”, orienta
a fonoaudióloga Katya Cabrera Rodrigues.
- Chupeta: por ter formato anatômico, a chupeta faz menos pressão
do que o dedo. Contudo, Maria Tereza ressalta que não se pode colocá-la
pendurada no pescoço. “Dessa forma, o bebê não vai conseguir pegá-la sempre que
tiver vontade”.
- Não
ridicularize: xingar não resolve. Fazer
isso só vai deixar a criança com medo.
-
Converse com o professor: se a criança
já estiver na escola ou na creche, converse com os professores. “Eles vão
reparar se o hábito persistir e estimular a criança a largá-lo”, diz
Laura.
- Para as
crianças crescidas: o ideal é levá-las a
fonoaudiólogos. Caso os profissionais achem necessário, haverá um encaminhamento
para um psicólogo, para analisar mais profundamente o que leva à permanência do
hábito e indicar um tratamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário