FONTE: Fernanda Maranha para o Ig, TRIBUNA DA BAHIA.
Contar a verdade desde cedo e mostrar o amor para as crianças é o segredo para uma boa relação com os filhos adotivos.
Adoção
é um ato de amor, mas pode ser cercada de problemas, tanto para a criança – que
pode não entender o fato de não ser filho biológico –, quanto para a mãe, que
tem que lidar com o comportamento e a confusão da criança diante dessa
realidade.
Uma das
grandes questões acerca deste assunto é: como e quando contar para o meu filho
que ele é adotado?
Cynthia
Wood, psicóloga especialista em crianças e adolescentes, afirma que não existe
uma idade correta para contar que o filho é adotado: “Na verdade, tem que ser
contado desde sempre”.
A
psicóloga diz que a partir de quando a criança já começa a entender o que
acontece a sua volta - aproximadamente com 2 anos - a verdade já pode ser
revelada, aos poucos, em formas de histórias infantis. O clássico “Você não
veio da minha barriga, é filho do coração” é válido. Principalmente os que são
adotados muito pequenos devem crescer sabendo a verdade
Outra
tática para a realidade não ser tão traumática para os pequenos é valorizar
sempre o tempo e o quanto você esperou por ele. Quando ele for maior, e já
entender tudo de forma mais profunda, vale também explicar como funciona o
processo de adoção.
Crianças adotadas mais tarde.
Com as
crianças que são adotadas mais velhas pode ser mais fácil, por elas já chegarem
sabendo que não são filhas biológica, mas Cynthia alerta: “Às vezes, há uma
raiva ou mágoa muito grande e um desejo de que a família o pegue de volta”.
Na
mente dos pequenos podem passar mil pensamentos: “Será que a família vai
querer?”, “Será que serei devolvido?”, “O quanto a nova família vai gostar de
mim?”, entre outros. Por isso, a psicóloga explica que pode haver mais
dificuldade na adaptação com a família.
Cynthia
salienta que o comportamento é algo particular de cada criança, não existe um
padrão, mas entre as adotadas mais tarde é mais comum aquelas que desobedecem
para testar os limites: “Inconscientemente, ela pensa: ‘Vou fazer tudo de
errado pra ver o quanto eles me amam, o quanto vão me aguentar’”.
Fases.
Algumas
crianças que são adotadas podem passar por uma fase – de acordo com a
psicóloga, geralmente perto dos 15 anos – de negar a adoção e não querer
sua origem seja revelada para os outros. Cynthia diz que, nesse momento, o
adolescente precisa de um reforço sobre importância que ele tem para você. Já é
possível explicar abertamente o que a adoção significa e o quanto ela é um ato
de amor.
“Não
pode deixar virar tabu”, diz Cynthia. Ela recomenda que a adoção não seja
escondida de ninguém.
Não
contar para a criança desde cedo que ela é adotada pode gerar muitos problemas.
O principal é uma descoberta tardia, por alguém que não seja o pai ou a mãe:
“Quebra a confiança que a criança tinha na família. Quem ela tanto amava
escondeu um segredo dela”, esclarece Cynthia.
Irmão de filhos biológicos.
Quando
a criança tem irmãos que são filhos biológicos dos pais adotivos, o ciúme
tradicional de irmãos pode ser maior ainda. “A criança se compara com os
irmãos. Quando é adotada, ela usa essa desculpa, mas é a mesma coisa que os
irmãos biológicos vivem, sempre acham que são preteridos", afirma Cynthia.
Nesses
casos, a psicóloga recomenda que se deixe sempre claro se um precisa dormir
cedo e o outro não, por exemplo. Explique o motivo dessa necessidade – uma
prova ou aula. Se a razão da diferença do que eles podem ou não fazer é a faixa
etária, explique isso claramente para a criança também.
“Essa
dor de ter sido abandonado e a curiosidade de procurar os pais biológicos vão
passar. Se os pais mostrarem sempre o amor, a criança acaba percebendo que é
acolhida e amada”, conclui Cynthia.
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