São
Paulo – A cura do HIV pode estar mais próxima do que a ciência imaginava. Cientistas britânicos afirmam que um de seus
pacientes não apresentou nenhum sinal do vírus após passar por um tratamento
inovador. A notícia aumenta a esperança de que a nova técnica pode funcionar em
outras pessoas com a doença. As informações são do jornal The Sunday Times.
O
novo tratamento une remédios já usados para combater o HIV e novas técnicas. Primeiramente, os pacientes receberam
doses das drogas antivirais para prevenir a disseminação das células do tipo T
(células do sistema imunológico que são infectadas pelo vírus). O efeito disso
é o armazenamento do HIV nas células.
Depois,
os cientistas infectaram as pessoas com um vírus que estimula o sistema
imunológico. Com isso, ele fica mais forte para encontrar e destruir as células
T infectadas.
O
passo final é chamado de kick
and kill (chutar e matar, em português) e consiste em dar aos
pacientes outra droga, apelida de Vornostat. Segundo os cientistas, ela ativa a
células T dormentes para que elas expressem as proteínas associadas ao HIV.
Assim, o sistema imune é capaz de encontra-las e destruí-las.
A
pesquisa está sendo realizada por cinco universidades britânicas com o apoio do
NHS, o serviço nacional de saúde do Reino Unido. Das 50 pessoas que começaram o
novo tratamento, apenas um homem de 44 anos já o terminou. Exames de sangue revelaram
que ele não possui mais o vírus do HIV no sistema.
Isso
não quer dizer que o paciente está curado. O vírus pode retornar, como
aconteceu com uma menina dos Estados Unidos. Ela tinha nascido com o vírus e
recebeu uma grande quantidade de medicamentos antirretrovirais durante as suas
primeiras 30 horas de vida. O hospital manteve o tratamento até perder o
contato com a mãe. Após cinco meses, ela reapareceu com a filha sem o vírus no
corpo. Porém, dois anos depois o vírus ressurgiu.
“Esta
é uma das primeiras tentativas sérias de uma cura completa para o HIV. Estamos
explorando a possibilidade real disso ser verdade. Este é um desafio enorme e
ainda é cedo, mas o progresso tem sido notável”, disse Mark Samuels, diretor
geral do NHS, ao The Sunday Times.
Até
agora, a ciência reconhece que apenas uma pessoa foi curada do HIV. Em 2007, o
americano Timothy Ray Brown foi submetido a um transplante de medula óssea na
Alemanha para o tratamento de leucemia. Para isso, os médicos usaram um doador
que era naturalmente imune ao HIV devido a uma mutação genética.
As
células-tronco transplantadas reconstruíram o sistema imunológico do americano
e substituíram suas células cancerígenas com as células resistentes ao HIV.
Durante três anos, Brown não tomou antirretrovirais e seu sangue não revelou
nenhuma partícula do vírus. Entretanto, os transplantes de células-tronco podem
ser perigosos e são recomendados apenas quando podem salvar uma vida.
Segundo
dados da Organização Mundial da Saúde,
cerca de 37 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo e aproximadamente
35 milhões de pessoas já morreram em consequência da infecção pelo vírus.
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