Para o psiquiatra
da Clínica Holiste, André Gordilho, é preciso ficar atento aos sintomas.
Dor
de cabeça, noites sem dormir, níveis elevados de estresse, ansiedade e até
mesmo depressão. Sintomas que a assistente administrativa Luciana Souza, de 23
anos, passou a desenvolver desde que ficou desempregada e faltou dinheiro para
pagar as contas. “Começou o desespero quando as parcelas do seguro desemprego
acabaram e eu ainda estava sem trabalho”, conta.
Tem
muita gente, como Luciana, que anda sofrendo do mesmo mal por conta das
dívidas. Pelo menos dois em cada três (65,6%) inadimplentes se sentem
deprimidos, tristes e desanimados por estarem devendo. É o que mostra um
levantamento nacional realizado apenas com consumidores que têm contas em
atraso há mais de três meses pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e
pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Sem
emprego há quase um ano, a assistente administrativa passou a se isolar
de tudo por conta das dificuldades financeiras. As brigas com o marido se
tornaram recorrentes. “Cheguei ao ponto de agredi-lo fisicamente de tão
estressada e nervosa que fiquei, por causa de besteira. Depois disso eu só
tremia e chorava. Foi quando eu vi que não estava bem”, afirma.
Luciana
também fez de tudo para tentar reduzir as despesas. “Tive que mudar de uma casa
grande para um quarto e sala, cortei todo o lazer e vendi várias coisas dentro
de casa. Fiquei só com básico mesmo. Até a cama da minha filha tive que vender.
A sensação é horrível. Você se sente inútil”.
A
pressão das dívidas em atraso, o nome negativado nos serviços de proteção ao
crédito, junto com o desemprego não só dela, mas também do marido, fizeram com
que Luciana procurasse ajuda. “Minha mãe pagou um psicólogo pra mim e ele
identificou estresse e depressão. Problemas que nunca tive antes como pressão
alta, dor de cabeça forte eu passei a ter”.
Mesmo
entregando milhares de currículos, o aperto financeiro ainda tira o sono de
Luciana. “Meu marido começou a trabalhar informalmente, o que diminuiu mais a
minha ansiedade, mas as preocupações ainda continuam porque ou você sobrevive,
ou paga as contas”, lamenta.
Sinal de alerta.
Para o psiquiatra da Clínica Holiste, André Gordilho, é preciso ficar atento aos sintomas. “O fato de estar endividado vai gerar tensão, ansiedade e estresse. O problema é quando isso toma uma proporção que vai além das dívidas e aí essa pessoa passa a apresentar um quadro maior de irritabilidade, perda de energia, desânimo e desesperança”, explica.
Para o psiquiatra da Clínica Holiste, André Gordilho, é preciso ficar atento aos sintomas. “O fato de estar endividado vai gerar tensão, ansiedade e estresse. O problema é quando isso toma uma proporção que vai além das dívidas e aí essa pessoa passa a apresentar um quadro maior de irritabilidade, perda de energia, desânimo e desesperança”, explica.
No
caso do estudante de Biologia, Edvan Lessa, os problemas financeiros tiveram
início quando o seu salário passou a atrasar. “Fiz um acordo com o banco pra
parcelar um débito de cerca de
R$
1 mil. Mas só cheguei a honrar duas parcelas. Não tinha condições de
pagar juros tão abusivos no momento”.
A
solução, para ele, tem sido buscar aumentar a renda. “A todo momento busco
formas de ganhar uma grana extra e poder resolver essa situação”, afirma Lessa.
“É horrível presumir que não tenho autonomia para fazer desde as coisas mais
simples até comprar uma roupa para o evento mais esperado da família. Isso
deprime facilmente”, completa.
Saída.
A solução existe, ainda que vá exigir alguns esforços, como pontua o presidente da Associação de Educadores Financeiros (Abefin) e terapeuta financeiro, Reinaldo Domingos. “É fundamental buscar de onde vem esse desequilíbrio financeiro e corrigir isso dentro do orçamento. Fazer mesmo uma faxina e se readequar a um novo padrão de vida. Para sair das dívidas vai ser necessário definir propósitos e cortar gastos”, aconselha.
A solução existe, ainda que vá exigir alguns esforços, como pontua o presidente da Associação de Educadores Financeiros (Abefin) e terapeuta financeiro, Reinaldo Domingos. “É fundamental buscar de onde vem esse desequilíbrio financeiro e corrigir isso dentro do orçamento. Fazer mesmo uma faxina e se readequar a um novo padrão de vida. Para sair das dívidas vai ser necessário definir propósitos e cortar gastos”, aconselha.
Vale
respirar fundo para enfrentar o problema de frente, como destaca a
economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kuwait. “Busque também envolver a
família nesse planejamento. Eles são extremamente importantes, tanto para a
recuperação quanto na reorganização das finanças”, ressalta.
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