FONTE: Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Muitas vezes tomamos
remédios desconfiados se precisamos mesmo deles, ou sem saber se foram
ingeridos na dose correta. Imagine se deixássemos para os próprios comprimidos
que adentram o nosso corpo e combatem as doenças na linha de frente a tarefa de
avaliar quando e como agir.
Pesquisadores da
Universidade de Eindhoven, na Holanda, criaram justamente isso: uma pílula
inteligente, que libera sua carga química de acordo com o estado de saúde que
encontra.
A equipe liderada
pelo bioquímico Maarten Merkx conseguiu desenvolver um mecanismo que utiliza o
DNA como um computador orgânico de bordo. Assim, a pílula pode coletar dados,
como a quantidade de anticorpos presentes do organismo, e "calcular"
a dose necessária que deve liberar. O número de anticorpos, defesas naturais
contra vírus invasores, sinalizaria o quanto precisamos de reforços. O estudo foi publicado na
revista Nature
Communications.
A pílula inteligente
funcionou apenas em tubos de ensaio, e ainda não pode ser aplicada no combate
de doenças reais. Mas o estudo abre portas para tratamentos muito mais precisos
e rápidos, dispensando exames de sangue que comprovam a doença e livrando pacientes
de certo grau de "achismo" dos médicos, que nos prescrevem
medicamentos de acordo com os relatos e sintomas aparentes que apresentamos.
Além disso, as doses
específicas liberadas reduziriam o risco de efeitos colaterais.
Computador que processa
DNA
No experimento
realizado em laboratório pela equipe de Maarten Merkx, uma parte de uma hélice
de uma molécula de DNA conectou-se com parte semelhante de outra molécula de
DNA - um processo chamado de hibridação DNA-DNA. Assim, uma nova molécula de
DNA pode ser criada. "Com as sequências corretas, começam a ocorrer uma
série de reações", diz Merkx.
Ele explica que é
possível programar a pílula de forma que as combinações ocorram somente na
presença de um anticorpo. Para os pesquisadores, com isso ocorrendo dentro do
corpo, a pílula captaria sinais da doença que deve combater. A própria
combinação de DNA funcionaria como chave para liberação de doses de
medicamento.
A pílula inteligente
poderia ser utilizada no combate ao vírus da gripe e do HIV, por exemplo, fornecendo
anticorpos contra os invasores causadores das doenças assim que começasse a
infecção --sem necessidade de diagnóstico.
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