Festas,
confraternizações, encontros com a família? Esses e diversos outros eventos têm
uma característica comum: quase sempre envolvem álcool. Mas beber apenas nestas
ocasiões não causa nenhum problema para a saúde, certo? Confira os mitos e
verdades sobre o consumo de álcool:
Apenas
grandes quantidades de álcool causam ressaca.
Mito!
A ressaca ocorre quando o organismo fica desidratado por conta do efeito
diurético das bebidas alcóolicas. "A consequência são sintomas como dor de
cabeça, enjoo e fadiga", explica Rogério Alves, hepatologista do Hospital
Beneficência Portuguesa.
Além
disso, a ressaca pode ser um "rebote" do efeito do álcool. Isso
ocorre quando o organismo tenta compensar a sedação causada pela bebida, e a
ressaca acontece quando esse mecanismo se sustenta mesmo após a saída do
álcool. Os sintomas irritabilidade, sensibilidade aumentada à dor e enxaqueca.
Também
pode acontecer de a irritação causada no estômago e no trato digestivo pelo
álcool causem sensações de queimação, dor e náuseas, diz o psiquiatra Braun.
Algumas
pessoas nunca ficam bêbadas.
Mito!
Só não fica bêbado nunca quem não bebe. O que pode acontecer é que a pessoa
está acostumada a fazer uso da bebida alcóolica, e com isso ela não demonstra
mais tanto os efeitos.
Além
disso, ação do álcool pode ser diferente dependendo de vários fatores - como
alimentação, ingestão de água, mistura de várias bebidas, entre outros.
A
questão de beber de vez em quando, mesmo que em pequenas quantidades, faz
diferença porque "qualquer pessoa que ingira álcool de uma forma regular
pode acabar desenvolvendo uma tolerância à bebida, fazendo com que para ter os
sintomas a pessoa precise ingerir cada vez mais", explica Alves.
Só
é alcoólatra quem bebe todos os dias.
Mito!
"O alcoolismo ocorre em graus variados. Pode ser considerado alcoolismo se
uma pessoa bebe com frequência e/ou quantidade suficiente para ter alterações
comportamentais durante um ano ou mais, e quando há frequentes discussões com
familiares, direção perigosa e/ou problemas no desempenho profissional -
faltas, atrasos, queda no rendimento", diz Braun.
Por
isso é um mito acreditar que alcoólatra é apenas a pessoa que bebe todos os
dias ou que fica embriagada ao ponto de cair na sarjeta. "Em casos mais
graves, mesmo que a pessoa não consuma álcool todos os dias, a perda de
controle se manifesta pela incapacidade de ficar sem beber por períodos
prolongados ou por tentativas mal sucedidas de beber menos, com frequência
menor ou por períodos menores", explica o psiquiatra.
O
alcoolismo se caracteriza não tanto pela quantidade consumida, mas pelos
problemas que o consumo traz à vida da pessoa em termos de saúde, desempenho
profissional, acadêmico ou relacionamentos sociais.
Amnésia
alcoólica pode acontecer com todos.
Depende!
O álcool, em alguns casos mais graves de bebedeira, tem efeito sobre o
hipocampo, região do cérebro responsável por fixação da memória. "Isso
impede a pessoa de lembrar-se do que ela fez ou presenciou enquanto estava sob
os efeitos da droga", explica Ivan Mario Braun, psiquiatra e terapeuta
comportamental do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). "Não é possível
prever quando vai ocorrer amnésia alcoólica, porém os casos estão relacionados
à quantidade de bebida ingerida e são indício de casos mais graves de
alcoolismo", diz o especialista.
Grávidas
não podem beber.
Verdade!
São várias as doenças e problemas relacionados ao consumo de álcool durante a
gravidez, principalmente no primeiro trimestre. "O álcool pode penetrar a
placenta e provocar diversas complicações para o feto, como má-formação,
Síndrome do Alcoolismo Fetal e etc", diz o Hepatologista Alves. No
primeiro trimestre este consumo é ainda mais prejudicial, porque é quando o
sistema nervoso do bebê está sendo formado.
A
bebida alcóolica só é prejudicial para o fígado.
Mito!
O consumo de bebida alcoólica afeta o funcionamento de todo o organismo, e
quando utilizada em excesso pode trazer graves danos.
O
álcool ataca o coração, altera a pressão arterial, pode causar problemas
psiquiátricos, danos neurológicos, estimula a obesidade, o acúmulo de gordura e
diversos outros malefícios. "Além disso, existe uma doença chamada
cardiopatia alcoólica, em que o coração aumenta de tamanho por causa do consumo
em excesso de álcool por muito tempo, e há também a síndrome do coração festivo,
que causa fibrilação arterial", explica Bruno Valdigem, doutor em
cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo.
O
álcool também pode ser tóxico para o pâncreas, coração, cérebro e órgãos vitais
no geral. Cada órgão precisa de uma quantidade específica de álcool para ter
problemas, além da questão genética que também influencia.
É
preciso beber muito para ter cirrose.
Mito!
As quantidades de álcool que causam problemas mudam para cada órgão e de acordo
com o sexo da pessoa. "No caso do fígado, que sofre com a cirrose, os
danos só ocorrem em homens que ingerem ao menos 60g de álcool por dia, enquanto
para as mulheres 40g já trazem problemas", explica Alves.
De
acordo com a OMS, o consumo moderado da bebida alcóolica é de 36g por dia. Isso
seria equivalente a três latas de cerveja ou chope de 330ml, três taças de
vinho de 100ml, ou três doses de destilado de 30ml.
Mas
calma, esta frequência precisa ser repetida por entre 12 a 20 anos para a
cirrose finalmente aparecer. "Durante esse período, o álcool pode causar
um dano crônico ao fígado com morte celular, e isso poderá acarretar na
substituição do tecido do órgão por uma fibrose, que a longo prazo causar a
cirrose", finaliza Alves.
A
genética também tem um papel importante nestes casos, uma vez que apenas uma em
cada seis pessoas que consomem álcool em excesso desenvolvem cirrose. Outras
formas de desenvolver a doença são através das infecções por hepatite b ou
hepatite c, hemocromatose, Doença de Wilson, esteatose hepática, entre
outras", diz Alves.
É
melhor beber muito em um dia do que pouco em vários outros.
Depende!
O consumo de álcool, seja pouco em vários dias ou muito em um único momento,
pode fazer mal. Justamente por esta razão é difícil classificar qual opção
seria menos pior. "Pensando a curto prazo, beber demais em um único dia
pode ser pior, uma vez que pode gerar uma lesão hepática aguda, que é bastante
grave. A longo prazo, ele pode aumentar o risco de doenças", diz Valdigem.
Bebendo
muito de uma única vez a pessoa também pode ter náuseas, vômito, sintomas
depressivos e ou mesmo coma alcóolico. "Ao passo que beber pouco em vários
dias aumenta as chances de surgirem doenças e danificar os órgãos vitais",
completa Alves.
Nenhum comentário:
Postar um comentário