FONTE: *** Jairo Bouer, https://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br
Muita gente se sente
deprimida porque não consegue vencer a obesidade. Por outro lado, a depressão também
pode deflagrar o ganho de peso em alguns indivíduos. Mas será que esses dois
problemas de saúde podem ter uma origem em comum? Alguns pesquisadores sugerem
que sim.
Um estudo
recém-publicado por uma equipe de médicos da Universidade de Stanford, nos
Estados Unidos, indica que tanto a obesidade infantil quanto a depressão são
deflagradas por anormalidades nas regiões do cérebro ligadas ao sistema de
recompensa. São esses circuitos que fazem as pessoas se sentirem satisfeitas
depois de comer um ou dois pedaços de bolo, por exemplo, ou sentirem prazer num
passeio ou conversa com os amigos.
As descobertas,
publicadas no periódico Hormones and Behavior, foram baseadas em análises de
exames de ressonância magnética cerebral de crianças e adolescentes de 9 a 17
anos de idade. Os 42 participantes tinham enfrentado sintomas depressivos e
também dificuldades para manter um peso saudável. O experimento partiu de
evidências anteriores que ligavam essas alterações à depressão e à obesidade
isoladamente.
Os pesquisadores
perceberam que os jovens com ambas as condições apresentam volume reduzido em
duas áreas do cérebro envolvidas nas sensações de recompensa – o hipocampo e o
córtex cingulado anterior. Essas alterações, segundo os autores do trabalho,
também foram associadas ao nível de resistência à insulina apresentada pelos
pacientes. Pessoas com esse quadro, um fator de risco para o diabetes e a
obesidade, precisam liberar mais hormônio para metabolizar o açúcar do sangue.
Para a equipe,
coordenada pelo professor de psiquiatria Manpreet Singh, os dados são um
argumento a mais para que as crianças e suas famílias entendam que não se trata
de falta de força de vontade. Isso ajuda a combater o estigma que envolve a
depressão e o sobrepeso e funciona como estímulo para que as pessoas busquem
ajuda para solucioná-los.
Os autores ainda
acrescentam que essas mesmas áreas do cérebro estão ligadas a processos
neurodegenerativos, nos idosos, o que reforça a necessidade de que outras
pesquisas, como essa, identifiquem quando a vulnerabilidade começa. Quando a
depressão e a obesidade têm início da infância, é comum que ambos os problemas
persistam ao longo da vida. Mas, assim como uma condição pode exacerbar a
outra, o tratamento da primeira pode ter impacto importante para a segunda e
vice-versa.
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