Obesidade, má nutrição
e falta de micronutrientes. É este o tripé que ameaça a alimentação de regiões
como a América Latina e Caribe segundo um novo relatório elaborado pela OCDE
(Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) em parceria com a
FAO (Agência da ONU para a Agricultura e a Alimentação).
O informe “Perspectivas agrícolas 2019-2028”,
que foi divulgado nesta segunda-feira (8), estima que 25% da população da
região sofra de obesidade – número que, segundo as agências, já configura uma
epidemia. Não para por aí: 60% dos que vivem na América Latina e Caribe têm
sobrepeso, quando o peso médio está acima do considerado saudável.
As taxas são
superiores à média da Europa e
comparáveis a países de alta renda, onde, historicamente, as pessoas costumam
ter centímetros a mais no quadril. América Latina e Caribe, hoje, ficam atrás
apenas da América do Norte no ranking de regiões de planeta com porcentagem
maior de obesos.
O documento aponta que
o total de pessoas com sobrepeso na região, que era de 35% do total em 1975,
saltou para 60% em 2016. A parcela da população relativa aos obesos foi de 8%
em 1975 para 25% em 2016. O país que mais se destaca no quesito é o México,
onde 65% da população tem sobrepeso. Você pode ler o levantamento completo clicando neste link.
O maior número de
obesos não significa que as pessoas estejam apenas consumindo uma quantidade
maior de comida. A origem das calorias ingeridas também é um problema.
O relatório destaca que
o Brasil teve a maior redução no consumo de açúcar: em 1998, 17% do total de
calorias tinha origem em alimentos açucarados, número que era de 12% em 2018.
“Ainda assim, essa tendência de declínio não apareceu em todos os países da
América Latina e Caribe”, diz o documento. Outros países apresentaram,
inclusive, um ligeiro aumento. É o caso de Argentina, onde o total de calorias
vindas do açúcar na dieta da população saltou de 13,5% para 14% em 20 anos.
Há, também, uma
tendência em relação à porcentagem que alimentos gordurosos representam em
relação ao total de calorias. Nas últimas duas décadas, esse número foi de 26%
para 29,5% em países da América Latina e Caribe – próximo aos 30%, valor máximo
recomendado pela OMS. “Alguns países da região, como Argentina, Brasil e Chile
já estão acima desse ideal”, completa.
Dados da OMS de 2016
mostram que 22,1% da população do Brasil era obesa e 56,5% tinha sobrepeso. Em
1975, esses números eram de 5,2% e 27,5%, respectivamente.
Apesar do excedente de
produção agrícola, a quantidade de pessoas em situação de insegurança alimentar
aumentou pelo terceiro ano seguido. Como segurança alimentar, você pode
entender o acesso a comida saudável e em quantidade adequada.
Segundo o documento
elaborado pela FAO e OCDE, o problema parece seguir avançando “especialmente
para os setores pobres da população, as mulheres, as populações autóctones, as
pessoas de ascendência africana e, em certos casos, as crianças”.
Um relatório feito em 2017
pelo Programa Mundial Alimentar (WFP) e pela Comissão Econômica para a América
Latina e Caribe (ECLAC) afirma que a subnutrição deve se tornar o principal
problema social e econômico na América Latina e Caribe.
Essa condição parece
ainda mais contraditória se olharmos para a importância da região na produção
de comida. A América Latina e Caribe é responsável por 14%
dos produtos agrícolas e pesqueiros que são
comercializados no mundo todo, e garante 23% das exportações nesse quesito.
Para 2028, espera-se que o aumento no setor seja de até 25%.
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