É
preciso que pais fiquem atentos aos sintomas apresentados.
Estudos mostram que no
Brasil, dos jovens entre 13 e 14 anos, 45,6% podem praticar
autolesões e 10 a 15% possuem algum tipo de transtorno mental. Esse é um
problema que vem afligindo as autoridades e famílias da juventude atual. Para a
hebiatra e presidente do Departamento de Adolescência da Sociedade Baiana de
Pediatria (Sobape), Sandra Plessim é preciso estar atento aos sinais.
“A questão é muito
preocupante, pois 10% a 15% dos adolescentes hoje, possuem um tipo de
transtorno mental. Tem algum sofrimento e em geral esses sofrimentos estão
relacionados as relações familiares, com colegas ou até mesmo com seus pares”,
diz Plessim.
A criança e o
adolescente, em depressão, apresentam sinais diferentes do adulto, como
uma agressividade e uma agitação maior. Além disso, existem muitas variáveis de
jovens para jovens. Plessim salienta “a família precisa ficar atenta para
aquele jovem que era sorridente e brincalhão e passa a ficar mais tempo dentro
do próprio quarto, não quer mais participar de jogos, se o desempenho na escola
mudou. Isso é muito importante. Porém alerto, que a maioria destes jovens
sofrem com as relações familiares, alienação parental de pais separados ou
bullying de colegas.”
Por outro lado também,
a tristeza é uma emoção humana e faz parte do desenvolvimento das crianças e
adolescentes apresentar sintomas depressivos. No entanto, quando esses sinais
afetam a rotina, é importante buscar ajuda médica até para excluir as doenças
mentais, como a depressão “recomendo que levem as crianças aos pediatras e
adolescentes aos especialistas chamados de hebiatras, que cuidam de jovens
entre 10 a 24 anos. Uma conversa pode resultar em um diagnóstico, muitas vezes
esses profissionais conseguem resolver com apenas uma uma conversa,
outras pedem até para falar sozinhos com o paciente , se não der certo pode ter
a recomendação de um psicólogo.”
Sandra Plessim,
ainda afirma que os transtornos de comportamento dos jovens, como a
automutilação, se tornaram um problema de saúde pública “ estudos mostram que
entre os jovens de 13 a 14 anos, 45,6% podem estar praticando essas
autolesões, sem ideação suicida. Na maior parte das vezes eles usam objetos
pontiagudos e cortantes, como facas, agulhas, giletes e lâminas de barbear. Nem
toda criança ou jovem que se auto-mutila, entretanto, tem depressão ou quer se
suicidar”, por isso, Plessim defende a necessidade de encaminhamento para
especialistas, com o intuito de identificar de onde vem essa vontade de se
autolesionar e tratar o problema “ um sinal característico destes jovens é usar
blusas de mangas compridas e agasalhos mesmo quando a temperatura está
elevada.”
A especialista alerta
que a depressão também é um problema que vem crescendo em crianças “temos
relatos de bebês de 6 meses com depressão. Negam alimentação. Isso requer um
cuidado com os familiares. A indicação é consultar o pediatra, conversar com o
especialista e seguir a orientação. Pode ser tratada com o próprio especialista
em conversa com as famílias.”
Recentemente Hebiatras,
psicopedagogos, conselheiros tutelares e outros especialistas se reuniram, no
auditório do Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador, para debater a automutilação
em crianças e adolescentes. Na audiência pública convocada pelo vereador Luiz
Carlos de Souza (PRB-BA), chamou a atenção para esses problemas de
depressão e automutilação em jovens “ tramita na Casa Legislativa um Projeto de
Lei de minha autoria que sugere a realização de palestras sobre o
tema nas escolas municipais, para conscientizar os estudantes. O meu projeto
visa oportunizar a prefeitura a fazer convênios com instituições que lidam com
esse problema e que, às vezes, querem adentrar às escolas para auxiliar os
estudantes, pais e professores, mas não conseguem porque não há instrumento
legal para isso”, explica Luiz Carlos de Souza.
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