FONTE: , Elton Alisson, da Agência Fapesp***, https://www.msn.com/
A melatonina produzida no pulmão atua como uma
barreira contra o coronavírus. A descoberta, realizada por
pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) ajuda a entender por que há
pessoas que não são infectadas ou que estão com o Sars-CoV-2, detectado
por teste do tipo RT-PCR, e não apresentam sintomas de Covid-19. Além disso, abre a perspectiva de uso da melatonina
administrada por via nasal – em gotas ou aerossol – para impedir a evolução da
doença em pacientes pré-sintomáticos.
Para
comprovar a eficácia terapêutica do hormônio contra o novo coronavírus, porém,
será necessária a realização de uma série de estudos pré-clínicos e clínicos,
sublinham os autores do estudo. Os resultados do trabalho, apoiado pela Fapesp,
foram descritos em artigo publicado na revista Melatonin Research.
“Constatamos
que a melatonina produzida pelo pulmão atua como uma ‘muralha’ contra o
Sars-CoV-2, impedindo que o patógeno entre no epitélio, que o sistema
imunológico seja ativado e que sejam produzidos anticorpos”, diz, à Agência
Fapesp, Regina Pekelmann Markus, professora do Instituto
de Biociências (IB) da USP e
coordenadora do projeto. “Essa ação da melatonina do pulmão também deve ocorrer
com outros vírus respiratórios, como o da
influenza”, estima.
Os
trabalhos da pesquisadora com melatonina foram iniciados nos anos 1990. Por
meio de estudo com roedores, Regina demonstrou que o hormônio produzido à noite pela
glândula pineal, no cérebro, com a
função de informar o organismo que está escuro e prepará-lo para o repouso
noturno, poderia ser produzido em outros órgãos, como no pulmão.
Análise de expressão gênica.
Para
testar essa hipótese, os pesquisadores analisaram um total de 455 genes
associados na literatura à Covid-19. Desse total, foram selecionados 212 genes
envolvidos na entrada do novo coronavírus em células humanas e em outros
processos típicos da doença.
A
partir de dados de bancos de sequenciamento de RNA, foi possível quantificar a
atividade dos 212 genes que compuseram a chamada “assinatura Covid-19” em 288
amostras de pulmão saudáveis.
Ao
correlacionar a expressão desses genes com a capacidade do pulmão de sintetizar
melatonina (baseada na análise do órgão de roedores saudáveis), os
pesquisadores constataram a produção normal desse hormônio pode ser relevante
para lidar com a invasão do vírus.
Como
a melatonina produzida pelo pulmão inibe a entrada do vírus nas células, sua
aplicação diretamente no pulmão, em gotas ou aerossol, permitiria bloqueá-lo.
Mas isso ainda demandará uma série de estudos, ponderam os pesquisadores.
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