FONTE: Da Redação, https://www.msn.com/
Uma
mulher negra que processou um colega de trabalho por injúria racial acaba de ser
condenada pela Justiça a pagar a ele R$ 8 mil de indenização por danos morais,
por ficar com “pecha de racista” no ambiente de trabalho. As informações são do
UOL.
Servidora
da Defensoria Pública de São Paulo 2012, Ana Theresa da Silva foi à 1ª Delegacia
de Defesa da Mulher de São Paulo em março de 2016 registrar um boletim de
ocorrência contra dois de seus colegas.
No
inquérito, Ana Theresa diz foi construída uma imagem de “negra raivosa” sobre
ela. Em dezembro de 2015, ela passou a ser constrangida pelos colegas de
trabalho que, segundo ela, não a respeitavam por conta da cor da sua pele.
“Eu
não podia falar nada, mas tinham as piadas: falavam do meu cabelo, das minhas
roupas. Mesmo sendo um ambiente mais casual, eu me preocupava com a aparência.
Ia trabalhar de vestido, salto e maquiagem. Até isso era motivo de zombaria. Eu
tinha o apelido jocoso de ‘a doutora’. Não respeitavam quem eu era”, disse Ana
Theresa em entrevista ao UOL.
Por
três meses, ela ouviu piadas, deboches e tentativas de diminuir seu trabalho.
Eles chegavam a evitar cumprir etapas de processos que envolviam seu trabalho.
Ela foi transferida de setor, mas mesmo assim continuava a passar por situações
vexatórias, que chegaram a lhe causar episódios de depressão e ansiedade. Foi
quando ela decidiu registrar a denúncia.
“Passei
muito tempo tendo de almoçar sozinha, isolada. As pessoas tinham medo de serem
vistas como alvo também, por estarem próximas a mim. Virei a mulher raivosa,
vingativa, que faz o boletim de ocorrência”, diz Ana Theresa.
Ela
chegou a ser afastada do trabalho três vezes por sintomas de ansiedade e
depressão e episódio depressivo grave. No início de 2020, passou a tomar
medicamentos psiquiátricos como tratamento.
“Cheguei
a subir em um prédio para me jogar, mas desisti. Sabia que iriam abafar o caso
se eu morresse. Quem foi estigmatizada, passou a ter acompanhamento psicológico
para se manter viva e viver com medicação controlada fui eu. Ter pensamentos
suicidas é um inferno, você não consegue se livrar dessa dor. Eu amava viajar,
o sol, estar com amigos. Tiraram tudo isso”, conta.
Em
outubro de 2019, o inquérito foi arquivado a pedido do Ministério Público e
nenhum dos dois colegas foi punido. No ano passado, um deles entrou com uma
ação indenizatória e venceu em duas instâncias, na primeira sendo estabelecido
que Ana Theresa teria que pagar R$ 20 mil de indenização, na segunda instância
o valor foi reduzido para R$ 8 mil.
O
advogado de Ana Theresa, Hédio Silva Júnior, diz que houve erros jurídicos no
processo e que não há motivo para condenar alguém por pedir investigação de
ofensas sofridas no ambiente de trabalho. Ele irá recorrer ao Supremo Tribunal
Federal.
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