sábado, 22 de agosto de 2009

DUAS CONCLUSÕES...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

No contexto do enfrentamento entre o governismo baiano e o PMDB – observando-se o conjunto dos fatos e dados conhecidos e de alguns outros apenas supostos, porque ainda encobertos por uma cortina de sigilo de variável opacidade – dá para chegar a uma conclusão. Ou melhor, a duas.
A primeira e mais simples é a de que o encontro entre o governador Jaques Wagner e o prefeito João Henrique extrapolou o caráter meramente administrativo, destinado a desembaraçar as importantes obras de saneamento básico e urbanização do bairro do Imbuí, realizadas pela prefeitura com recursos do Ministério da Integração Nacional a elas destinados pelo ministro Geddel Vieira Lima.
Obras embaraçadas por órgão – o Ingá – do próprio Estado da Bahia, responsável (ou irresponsável, no caso específico) pelo meio ambiente no que este está relacionado com obras, a exemplo das de saneamento e urbanização. Embaraçadas pelo governo do Estado e pelo governador, afinal, desembaraçadas.
Bem, o encontro – articulado de modo a ser envolvido em mistério que teria o suposto objetivo de torná-lo, digamos, muito discreto, para não dizer sigiloso, o que acabou garantindo mil especulações e uma boataria infernal capaz de confundir a realidade com a “imaginação política criadora” – extrapolou mesmo o caráter administrativo relacionado sobre as obras no Imbuí e, à parte as polêmicas geradas, serviu para restabelecer as relações entre o governador, o prefeito e, é legítimo supor, seus respectivos governos.
Pode-se detectar, a partir do que se afirma do encontro entre o governador e o prefeito, que eventuais divergências pontuais entre João Henrique e o ministro Geddel Vieira Lima hajam ocorrido, mas nada em nível que fuja ao normal e que pudesse comprometer a ligação política entre eles, no momento os dois principais políticos do PMDB da Bahia. Quanto a este repórter, não encontrou o menor indício de que o ministro haja solicitado ao prefeito espaço na administração municipal para nela incluir peemedebistas que deixaram o governo do Estado, especialmente o ex-secretário estadual de Infraestrutura, Batista Neves, o mais cotado na boataria.
A segunda conclusão a que fortemente me inclino a chegar – e neste espaço já mais de uma vez por conta do episódio de imposição ao PDT baiano, pelo presidente nacional licenciado do partido, ministro Carlos Lupi, é a de que o presidente Lula, enquanto elogiava publicamente seu ministro Geddel, atuou nos bastidores para viabilizar as alianças que Wagner buscou negociar com o PP e o PDT e, no primeiro caso, agiu também para valorizar políticamente sua formalização.
Esta ação de Lula, agora óbvia na pressão sobre Lupi para forçar o PDT baiano a apoiar o governo e a reeleição de Wagner, não pode, porém, ser vista na presença do ministro pepista das Cidades, Márcio Fortes, na posse do deputado João Leão na Secretaria de Infraestrutura. Fortes também prestigiou o ingresso do PP no governo municipal peemedebista de João Henrique, há uns tempos.
A evidência de que Lula apoiou as articulações de Wagner para atrair o PP está é em certos conteúdos dos discursos do governador, do ministro e do novo secretário estadual João Leão. Eles puderam dizer publicamente que Lula incentivou a aliança sem meias palavras e, se disseram, foi porque para isto estavam autorizados. Não relatariam até frases do presidente se este não houvesse lhes dito que podiam fazê-lo.
Posto isto, convém assinalar que o que foi dito não significa que Lula tenha intenção de hostilizar, reduzir influência ou atrapalhar a caminhada que o ministro Geddel resolveu, junto com o PMDB da Bahia, empreender. Além disso, as eleições serão somente em outubro do ano que vem e as convenções, em junho. A política, como as nuvens, pode mudar muito de configuração nesses amplos períodos. Um marco importante, decisivo, será a sucessão no Ministério da Integração Nacional, junto com os demais ministérios cujos titulares vão se desincompatibilizar para concorrer às eleições. Lula acolherá a sugestão de Geddel sobre seu sucessor no ministério ou não? Há, provavelmente, que esperar até março, começo de abril – limite do prazo para os candidatos deixarem de ser ministros – para se ter esta informação crucial.

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