terça-feira, 22 de setembro de 2009

CIRO, LÍDICE E O SENADO...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

O crescimento da candidatura de Ciro Gomes, do PSB, à sucessão presidencial não representa apenas uma quebra do cenário plebiscitário que o presidente Lula queria e esperava impor ao eleitorado no pleito do ano que vem, quando, durante a campanha, pretendia estabelecer uma comparação entre o seu período de quase oito anos de governo e o período de oito anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
No planejado cenário plebiscitário, Lula queria ver, contrapostas, as candidaturas de Dilma Rousseff, representando seu governo, e de José Serra, que pretendia caracterizar como representativo e comprometido com o período FHC. Com a popularidade pessoal de que desfruta, completada pelo alto índice de aprovação de seu governo, Lula contava tirar grande vantagem dessa comparação para sua candidata a presidente.
Mas eis que surgiram a senadora Marina Silva, que abandonou o PT para ser “mantenedora de sonhos” no PV, e Ciro Gomes, candidato a presidente mais uma vez e complicando a vida política da ministra Dilma Rousseff, com especial intensidade no Nordeste, mas não só.
É assim que as coisas estão no momento. Tanto Ciro quanto Marina poderão ainda crescer nas pesquisas eleitorais, no futuro próximo. Mais para a frente, no entanto, deverá – ressalvado algum fenômeno de opinião pública ou eleitoral não previsível – definhar ou pelo menos se manter em patamar muito modesto a candidatura de Marina Silva, provavelmente ocorrendo com Ciro Gomes algo parecido.
É que nem o PV nem o PSB têm estrutura, capilaridade e capacidade de mobilização de recursos para sustentar o crescimento de seus respectivos candidatos a presidente. Também não têm candidatos expressivos a governador e senadores, bem como lhes faltam chapas consistentes para a Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas. E mais adiante ainda as dificuldades recrudescerão (novamente ressalvado fenômeno imprevisível), pois o tempo do PV e do PSB na propaganda gratuita no rádio e televisão é mínimo. Ciro Gomes já experimentou, na campanha para as eleições presidenciais de 2002, o desastre que é ser atacado e não dispor de tempo na televisão e no rádio para defender-se e contra-atacar. Ele era candidato do PPS, um partido muito pequeno, com um tempo irrelevante na TV e rádio.
Bem, no momento, a candidatura de Ciro Gomes a presidente cria um problema na Bahia. É que a deputada federal e ex-prefeita de Salvador, Lídice da Mata, quer ser (e está cobrando o que assegura ter sido um compromisso do PT, que o presidente estadual deste partido, Jonas Paulo, nega) candidata ao Senado na chapa do governador petista Jaques Wagner.
E então como é que vai ficar? O governador e o PT e o outro candidato a senador na chapa encabeçada por Jaques Wagner estarão apoiando a candidatura de Dilma Rousseff a presidente da República (ressalvada a hipótese de Rousseff, por algum motivo, ser substituída por outro aspirante a presidente pela legenda petista).
Mas presume-se que Lídice estará apoiando o candidato de seu partido, um dos concorrentes do candidato do PT a presidente. Estará apoiando Ciro Gomes. No mesmo palanque de Wagner? Nem pensar. Ou Lídice fará uma incrível campanha solo para o Senado, ainda que coligada com os partidos que sustentarão a candidatura de Wagner? E quando Ciro Gomes vier fazer campanha na Bahia, Lídice montará um palanque para ele? E quando Dilma vier? Se for ao palanque de Geddel, Lídice naturalmente não estará lá. Mas quando Dilma Rousseff for ao palanque de Wagner, Lídice se fará presente? Isso não teria sentido, seria um absurdo político – afinal, ela não estaria apoiando a candidata do Planalto e do Palácio de Ondina, mas Ciro Gomes, candidato de seu partido. Bem, o problema está exposto. Vamos aguardar sua solução – ou complicação.

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