FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).
A tradição é de que as assembleias gerais da Organização das Nações Unidas sejam abertas com o discurso do representante brasileiro, que não raro, nessas ocasiões, é o presidente da República. Daí que o presidente Lula fez, na terça-feira, o discurso inaugural da assembleia geral em curso. Não vou abordar aqui o discurso presidencial, já amplamente noticiado e comentado pela mídia brasileira.
Prefiro abordar coisas mais sérias. Certos aspectos da política externa adotada pelo governo brasileiro, com o aval – e não poderia ser diferente – do presidente Lula. Felizmente ainda não sou obrigado a tratar, como fato consumado, da visita ao Brasil do lamentável presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que vem tentando, com insistência, convencer o mundo de que o Holocausto dos judeus – seis milhões deles exterminados pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial – é apenas um mito, uma mentira, parte de uma conspiração para justificar a criação do Estado de Israel.
Um ponto é que a visita do presidente-subditador iraniano (o ditador é o ayatollah Ali Khamenei), qualificado de “uma desgraça para o Irã” por Angela Merkell, primeira-ministra (chanceler) da Alemanha – exatamente o país que, sob o nazismo, patrocinou o Holocausto e reconhece isto – foi felizmente adiada sem nova data prevista. O adiamento ocorreu logo depois que Ahmadinejad sustentou publicamente pela primeira vez sua abjeta teoria sobre o Holocausto.
Bem recentemente, o presidente-subditador do Irã reafirmou com mais ênfase e detalhes sua teoria, que é parecida com a que sustentam alguns fanáticos admiradores do nazismo e adeptos de uma triste idolatria de Hitler. Minha expectativa é a de que o adiamento da visita de Ahmadinejad seja permanente, eterno enquanto ele dure, como diria Vinícius de Moraes.
Mas além de haver convidado Ahmadinejad para visitar o Brasil, o presidente Lula e seus auxiliares da área de política externa têm metido os pés pelas mãos regularmente. Vejam o que publicou o jornal O Estado de S. Paulo em dezembro de 2006, como lembra o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, em seu ex-blog: “Depois de três dias, o Conselho de Direitos Humanos da ONU conseguiu aprovar por consenso uma resolução enviando uma missão de especialistas para avaliar a crise na região de Darfur, no Sudão, onde 200 mil pessoas teriam morrido em conflitos desde 2003. No entanto, por causa da oposição de países africanos e árabes, China, Cuba e Brasil, o documento não critica o governo do Sudão nem fala de responsabilidades pelo massacre.
Bem, se dentro do país o ministro da Saúde propõe a permissão para o massacre dos inocentes indefesos com a descriminalização e apoio do SUS ao aborto, não se deve estranhar que também na política externa estejamos a dar cobertura a massacres como o praticado no Sudão.
Mas se aquelas 200 mil vítimas no Sudão não comoveram o governo Lula no final de seu primeiro quatriênio, temos nele comoção suficiente para estar exigindo do governo “de fato” de Honduras que devolva a presidência daquele país a Manuel Zelaya, que está abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa. Tecnicamente, Zelaya é um asilado político, mas para beneficiar a estratégia política dele, o governo brasileiro (que aparentemente resolveu conduzir a política desse país da América Central, gerando o risco de ganhar uma imagem imperialista entre as pequenas nações da América Central e Caribe) não definiu ainda esse status de asilado político, que impõe limitações.
Vale lembrar: Zelaya era presidente, eleito, mas não se conformava com a Constituição que o impedia de renovar o mandato. Decidiu então fazer um plebiscito para que o eleitorado dissesse se ele deveria ou não poder candidatar-se outra vez. Mas o Congresso hondurenho tomou decisão contrária e a corte suprema também proibiu o plebiscito, que Zelaya se dispunha a fazer “na marra”. Na véspera do plebiscito, ele foi deposto. Há, no momento, uma ordem de prisão contra ele, emitida pela corte suprema. E o novo dirigente de Honduras, Micheletti, disse ontem, referindo-se à presença de Manuel Zelaya na Embaixada do Brasil: “Zelaya pode viver ali cinco ou dez anos, nós não temos nenhum inconveniente que ele viva ali”. Aparentemente, a crise pode durar.
A tradição é de que as assembleias gerais da Organização das Nações Unidas sejam abertas com o discurso do representante brasileiro, que não raro, nessas ocasiões, é o presidente da República. Daí que o presidente Lula fez, na terça-feira, o discurso inaugural da assembleia geral em curso. Não vou abordar aqui o discurso presidencial, já amplamente noticiado e comentado pela mídia brasileira.
Prefiro abordar coisas mais sérias. Certos aspectos da política externa adotada pelo governo brasileiro, com o aval – e não poderia ser diferente – do presidente Lula. Felizmente ainda não sou obrigado a tratar, como fato consumado, da visita ao Brasil do lamentável presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que vem tentando, com insistência, convencer o mundo de que o Holocausto dos judeus – seis milhões deles exterminados pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial – é apenas um mito, uma mentira, parte de uma conspiração para justificar a criação do Estado de Israel.
Um ponto é que a visita do presidente-subditador iraniano (o ditador é o ayatollah Ali Khamenei), qualificado de “uma desgraça para o Irã” por Angela Merkell, primeira-ministra (chanceler) da Alemanha – exatamente o país que, sob o nazismo, patrocinou o Holocausto e reconhece isto – foi felizmente adiada sem nova data prevista. O adiamento ocorreu logo depois que Ahmadinejad sustentou publicamente pela primeira vez sua abjeta teoria sobre o Holocausto.
Bem recentemente, o presidente-subditador do Irã reafirmou com mais ênfase e detalhes sua teoria, que é parecida com a que sustentam alguns fanáticos admiradores do nazismo e adeptos de uma triste idolatria de Hitler. Minha expectativa é a de que o adiamento da visita de Ahmadinejad seja permanente, eterno enquanto ele dure, como diria Vinícius de Moraes.
Mas além de haver convidado Ahmadinejad para visitar o Brasil, o presidente Lula e seus auxiliares da área de política externa têm metido os pés pelas mãos regularmente. Vejam o que publicou o jornal O Estado de S. Paulo em dezembro de 2006, como lembra o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, em seu ex-blog: “Depois de três dias, o Conselho de Direitos Humanos da ONU conseguiu aprovar por consenso uma resolução enviando uma missão de especialistas para avaliar a crise na região de Darfur, no Sudão, onde 200 mil pessoas teriam morrido em conflitos desde 2003. No entanto, por causa da oposição de países africanos e árabes, China, Cuba e Brasil, o documento não critica o governo do Sudão nem fala de responsabilidades pelo massacre.
Bem, se dentro do país o ministro da Saúde propõe a permissão para o massacre dos inocentes indefesos com a descriminalização e apoio do SUS ao aborto, não se deve estranhar que também na política externa estejamos a dar cobertura a massacres como o praticado no Sudão.
Mas se aquelas 200 mil vítimas no Sudão não comoveram o governo Lula no final de seu primeiro quatriênio, temos nele comoção suficiente para estar exigindo do governo “de fato” de Honduras que devolva a presidência daquele país a Manuel Zelaya, que está abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa. Tecnicamente, Zelaya é um asilado político, mas para beneficiar a estratégia política dele, o governo brasileiro (que aparentemente resolveu conduzir a política desse país da América Central, gerando o risco de ganhar uma imagem imperialista entre as pequenas nações da América Central e Caribe) não definiu ainda esse status de asilado político, que impõe limitações.
Vale lembrar: Zelaya era presidente, eleito, mas não se conformava com a Constituição que o impedia de renovar o mandato. Decidiu então fazer um plebiscito para que o eleitorado dissesse se ele deveria ou não poder candidatar-se outra vez. Mas o Congresso hondurenho tomou decisão contrária e a corte suprema também proibiu o plebiscito, que Zelaya se dispunha a fazer “na marra”. Na véspera do plebiscito, ele foi deposto. Há, no momento, uma ordem de prisão contra ele, emitida pela corte suprema. E o novo dirigente de Honduras, Micheletti, disse ontem, referindo-se à presença de Manuel Zelaya na Embaixada do Brasil: “Zelaya pode viver ali cinco ou dez anos, nós não temos nenhum inconveniente que ele viva ali”. Aparentemente, a crise pode durar.
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