quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

SÓ NÚMEROS...

FONTE: Jânio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

O governador Jaques Wagner deve até ter gostado do resultado da pesquisa DataFolha que o coloca em primeiro lugar na preferência do eleitorado, mas é possível que não esteja nem um pouco disposto a saltar fogos em comemoração à boa performance. Ele sabe mais do que ninguém que é temerário qualquer brinde para se festejar uma eleição com dez meses de antecedência. É perfeitamente possível que aconteça com Paulo Souto ou com Geddel Vieira Lima o que aprendemos a chamar efeito orloff. Ou seja, um dos dois pode, numa visão futurista, concluir que será Wagner amanhã. Aliás, o efeito orloff pegou o atual governador em cheio. Em 2006, em cada dez apostas, onze davam como sacramentada a reeleição de Souto. Abriram-se as urnas e deu o petista, em primeiro turno.
Wagner pode ter dormido derrotado, mas acordou na cama que por quatro anos serviu de alcova para o hoje democrata. Pela enésima vez devo confessar que é cedo – muito cedo, diria – para sair apontando eventuais vencedores e perdedores. Explico: é naturalíssimo a aparição de Wagner como preferido do eleitorado.
Fosse meu sobrinho o governador (ele, claro, já teria dilapidado as riquezas baianas e se refugiado em alguma republiqueta na condição de perseguido político), ainda assim o verme (me refiro ao mau-caráter do meu sobrinho) lideraria as intenções de votos. Na pior das hipóteses estaria entre os primeiros mais votados (em São Paulo, Paulo Maluf só perde para Geraldo Alckmin e para Ciro Gomes, me parece). Mas façamos de conta que o pleito é hoje e que não há probabilidade de erro nos números do DataFolha. Wagner seria fatalmente reeleito e deixaria uma lição para Souto e Geddel: se estes procurassem unir-se ainda no primeiro turno, o jogo poderia ter outro escore. Mas, como já falei atrás, a eleição ainda está distante. Em política nem o imprevisível é levando em conta, já que tudo ou nada pode acontecer.
Wagner está preparando um 2010 de realizações, inclusive com ampliação de suas viagens ao interior baiano e a aproximação maior de sua imagem à do presidente Lula (tem gosto para tudo) cuja popularidade é incontestável. Mas o governador fará uma ampla reforma administrativa no início do ano que vem. No seu secretariado, o difícil é saber quem não é candidato. Ora, há problemas sérios a serem resolvidos em áreas como segurança pública, saúde e educação. São setores vitais e determinantes para a reeleição do petista. Teremos ainda o horário eleitoral. Enfim, o que se diz hoje não pode ser escrito amanhã. Vamos, pois, aguardar o sol nascer. Como todos os dias, aliás.

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