quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A FESTA NÃO COMEÇOU...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Espero poder fazer um Carnaval fora de época tão logo o Sol se ponha na próxima Quarta-Feira de Cinzas. Diferentemente da festa onde reinam os trios, artistas e músicas de gostos duvidosos e todo tipo de insanidade, o meu Carnaval particular será dedicado a tirar a máscara daqueles que durante anos a fio agiram silenciosa e sorrateiramente contra os interesses dos baianos, metendo a mão descaradamente no bolso do contribuinte através de transações sujas e inescrupulosas na Ebal, a administradora da Cesta do Povo.
Sei que o leitor pode estar de saco cheio, mas jamais chegaremos aos verdadeiros responsáveis pela sangria de mais de R$ 1 bilhão na empresa se não insistirmos em juntar todo o quebra-cabeça que a ronda. Estamos diante de uma espécie do roubo bilionário de o trem pagador, conscientes também da existência de vários Ronalds Biggs, que curtem em suas mansões e iates, frutos de negociatas escandalosas, várias delas estranhamente admitidas no relatório elaborado pelo atual governo logo nos primeiros dias do primeiro mês da posse do governador Jaques Wagner. Usei a expressão estranhamente de maneira proposital. Afinal, descobriu-se em tempo recorde uma cratera superior a R$ 600 milhões e, apesar do absurdo, não se sabe de qualquer providência com vistas a recuperar o dinheiro do contribuinte. Ora, há um mistério no ar.
O secretário da Fazenda do Estado, Carlos Martins, finge que não tem nada a ver com o peixe, embora tenha partido dele a ordem para as investigações na Ebal. Os próprios auditores que fizeram o serviço não dão um pio. A CPI aberta pela Assembleia Legislativa parece coisa de há 10 mil anos. Até o sisudo Ministério Público fecha a cara e as portas para não entrar numa seara que sugere não ser sua. Vamos, pois, recorrer para quem?Trata-se de R$ 1 bilhão (ou mais ou pouco menos) irmanamente dividido entre os diabinhos que se acercaram da Cesta do Povo na convicção absoluta de que o povo além de bobo é imbecil. Mas é Carnaval, minha gente. Longe de mim querer estragar a folia dos que ainda veem alguma graça nessa confusão generalizada, estupidamente roubada das classes mais pobres por uma elite – como toda elite – pernóstica e gananciosa – e por empresários que tomaram os circuitos literalmente com seus gigantescos e imprestáveis camarotes, uma máquina de fazer dinheiro, enquanto a plebe, espremida nas esquinas, está sujeita a levar um tiro do bandido ou da polícia – tanto faz – porque lhe tiraram o mísero espaço ao entorno do qual, como diria a música, ele extravasa (ou extravasava).

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