segunda-feira, 29 de março de 2010

ESSES DESARRNAJOS VERBAIS!

FONTE: Adherbal Uzêda (TRIBUNA DA BAHIA).

Escrevi, faz pouco tempo, que nossa República não tem a mesma apreciação da Monarquia por que passamos, embora esta não tivesse sido irreprochável. Contudo, nela houve uma militância de homens públicos bem mais conscientes dos deveres para com o País. Pode-se perceber que, hoje, os interesses partidários ou individuais são dominantes, e notório é o desejo do prolongamento no poder, até, se possível, nele eternizar-se. Dentro dessa visão, o Partido dos Trabalhadores, fundado em 1980, sob a luz da seriedade e da ética, já nem tanto comprovadas, não foge do que acaba de ser exposto. O nosso Luiz Inácio da Silva, que viveu apenas uma legislatura entre “trezentos picaretas”, segundo sua análise, lutou, desesperadamente, para chegar ao pódio da vida pública, sem mais fases intermediárias que lhe dessem certo know-how. Pulou de deputado federal para a Presidência da República, após três suadas tentativas postulando votos. Na quarta, conseguiu o intento. Assim, como diz o povo, o PT não veio para brincar em serviço, mas comandar o País, enquanto a astúcia política permitir, com o aval de um eleitorado pobre, limitado em matéria de civismo, mais ofuscado ainda quanto à falsidade do selo de qualidade apresentado pela maioria dos políticos. Isso é tudo quanto se pode ver, nos dias atuais.Não exagero no que acabo de escrever. Se as legendas que temos não fogem do princípio de vida longa no comando, umas, no extremo do alcance a ela, outras, por limitações ou não, mais moderadas nos seus interesses, o PT enquadra-se na primeira assertiva. Teve seus projetos bem traçados e por eles luta, ainda mais, depois que as estripulias de uns e outros petistas quebraram a tal seriedade e ética tão alardeadas antes. Travessuras que fizeram estragos e a agremiação ficou meio perdida, restando o fundador Luiz Inácio com seu carisma. E não é custoso perceber quando, agora, impõe o nome Dilma Rousseff – querendo transformar em “Dilminha, Paz e Amor” -, como salvação aos planos de bastidores, cujo peso da aventura começa a dar certo alívio, pelas últimas pesquisas.Bem, mas falei de um partido que deseja prolongar seu comando, sob a influência de um homem cujo povo lhe tem dado alto índice de aceitação. Porém, nem tudo está às mil maravilhas. É bom que se veja que o presidente Lula começa a perder pontos, aqui e lá fora, uma vez que deseja para o Brasil um lugar no Conselho de Segurança da ONU e olhares pessoais para si próprio. Alguns jornais estrangeiros já dão o toque dessa perda.
É que direitos humanos para o presidente parece só merecer defesa aqui dentro, no tocante àqueles petistas que disseram ter sido torturados pelos militares. A pouca importância dada sobre a morte do prisioneiro político Orlando Zapata, recentemente, em Cuba, deixou Lula em má situação, perante os grandes dirigentes mundiais que lhe davam certo destaque, inclusive o presidente Obama.Lutando por liberdade, Zapata morreu, em greve de fome. Quando a imprensa perguntou sobre os 200 prisioneiros do regime “democrático” dos irmãos Castro e outras coisas mais a respeito da Venezuela, Lula dissera: “Aprendi a não dar palpite nos países dos outros.”!!! Lembram-se os leitores do caso Zelaya, em Honduras, quando o Brasil meteu o nariz onde não foi chamado? Pois é. Os desencontros de opinião são gritantes. O escândalo Arruda foi outro fato risível. As gravações da rapinagem mostradas pela TV, levaram nosso “estadista do ano” a dizer: “as imagens não falam por si.” ... “ninguém é sádico, ninguém está feliz com isso.”, chegando até a supor que a prisão de um governador poderia abalar a democracia. Sentindo o desarranjo verbal, que muito poderá prejudicá-lo em ano eleitoral, consertou, dias depois: “fiquei chocado quando apareceu o filme de Arruda recebendo dinheiro.”... “que sua prisão seja um exemplo para outros políticos do País.”.

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